Estava eu com uma bebedeira de
sono que mal conseguia abrir os olhos, quando entro no blogue e me deparo, com
surpresa, com coisas babanto-salivares. Isto está cheio de novidades!
Para maior espanto, descubro que
anda tudo viciado em Qhuinns e Blays!
Mas, o que se passa com esta
gente?
Onde arranjaram eles tal vício
pernicioso?
Quem foi que os desencaminhou a
todos?
Qual o desgraçado que os arrancou
do bom caminho e os fez enveredar por essas vias pecaminosas?
He he he… Até me passou o sono e
tudo!
E como hoje é segunda-feira,
vamos a mais um capítulo da nossa novela. Desta vez vai dedicado ao(s)
comentador(es) anónimo(s). Este Anónimo está-me a dar a volta à cabeça, porque
não sei se são vários ou se é sempre o mesmo. A partir de agora,
identifiquem-se: ponham Anónimo 2000 Turbo, ou Anónimo-Não-Alcoólico, sei lá!
Qualquer coisa assim…
Anónimo isto é para ti e para os outros todos!
Beijos e votos de uma excelente
semana. (Amanhã tenho uma surpresa para a
chefe Nasan)
[Recordando:
Bella fica em casa frustrada
e Z sai frustrado de casa para ir à vida de luta]
Capítulo 3
A casa estava afastada do caminho
de terra e a área coberta de arbustos e árvores finas e despenteadas de folhas
castanhas. O desenho daquilo era uma mistura de vários estilos arquitetónicos,
o único elemento em comum é que todos tinham sido mal reproduzidos: tinha um
telhado tipo Cape Cod, mas só tinha
um andar como um rancho; tinha pilares no alpendre da frente ao estilo colonial,
mas os paneis eram de plástico como uma roulotte,
estava disposta no terreno como um castelo, mas possuía a nobreza de um caixote
do lixo furado.
Ah, e estava pintada de verde.
Aquilo devia ter sido construído
por alguém da cidade com mau gosto há vinte anos atrás, na esperança de
recomeçar uma vida de agricultor e cavalheiro. Agora estava tudo a cair, exceto
a porta de aço inoxidável, brilhante e reforçada como uma daquelas que se
espera encontrar num hospital psiquiátrico ou numa prisão.
E as janelas estavam vedadas com
tábuas de dois por seis.
Z agachou-se atrás da casca podre
do que já tinha sido uma Trans Am de
92 e esperou que as nuvens no céu se juntassem e tapassem a lua para ele poder
avançar.
Do outro lado do relvado de ervas
daninhas e da estrada de gravilha, Rhage escondia-se atrás de um carvalho.
Era a única árvore
suficientemente grande para esconder o gajo.
A Irmandade encontrara este lugar
na noite anterior por pura sorte. Z estava na Baixa a patrulhar um parque existente
por baixo das pontes de Caldwell, quando viu dois matulões a livrarem-se de um
corpo no rio Hudson. A operação tinha sido rápida e profissional: um automóvel
sem identificação, saem dois tipos de capuz preto, vão à mala, agarram-no pelos
pés e pela cabeça, deitam-no ao rio.
Splish-splash, banho.
Z estava a mais ou menos nove
metros rio abaixo, por isso quando o fulano passou a flutuar, viu pelo esgar da
boca que era um macho humano. Noutras circunstâncias não teria feito nada. Se
alguém se andava a armar em Padrinho, não era nada com ele.
Mas o vento mudou de direção e
trouxe-lhe um cheiro parecido a pó de talco.
Só havia duas coisas que
cheiravam assim e endireitou-se: as velhinhas e o inimigo da sua raça. Partindo
do princípio que era improvável que duas velhinhas andassem de capucho a soltar
o seu Tony Soprano interior, havia minguantes na área. E isso constava na lista
de Z de coisas a tratar.
Numa sincronização perfeita, os
dois matadores envolveram-se numa discussão. Enquanto se enfrentavam e
esmurravam, Z desmaterializou-se no pilar mais próximo do automóvel. Na
matrícula do Impala podia-se ler 818
NPA e não tinha mais ocupantes para além da espécie morta ou nervosa.
Num piscar de olhos,
desmaterializou-se novamente, desta vez no telhado de um armazém sobranceiro à
ponte. Esperava com o telemóvel junto ao ouvido uma ligação para Qhuinn,
protegendo-se das rajadas de vento provenientes das traseiras do edifício.
Os minguantes não costumavam
matar humanos. Era uma perda de tempo, porque isso não os fazia mais bem vistos
aos olhos do Ómega e dava muito nas vistas se fossem apanhados. Sendo assim, só
se alguém visse o que não devia, é que os matadores não hesitariam em
encaixotá-lo e despachá-lo.
O Impala saiu finalmente de debaixo da ponte, virou à direita e
seguiu na direção oposta à Baixa. Z falou ao telefone, e pouco depois, um Hummer preto apareceu mesmo no sítio de
onde o Impala saíra.
Qhuinn e John Matthew estavam de
folga a divertirem-se com o Blay no ZeroSum, mas os rapazes estavam sempre
prontos para entrar em ação. Mal Z lhes telefonou, os três correram para o
carro novo de Qhuinn que estava estacionado a dois quarteirões.
Através das indicações de Z, os
rapazes aceleraram para seguirem o automóvel. Enquanto não o apanhavam, Z
manteve os minguantes debaixo de olho, desmaterializando-se de telhado em
telhado, enquanto os burros de merda prosseguiam pela margem do rio. Sorte do
caralho não terem ido pela autoestrada ou teriam escapado.
Qhuinn sabia conduzir e a partir
do momento em que se colou a eles, Z acabou com as fitas de homem aranha e
deixou os rapazes trabalhar. Uns 16 Km depois, Rhage continuou a perseguição no
seu GTO para diminuir as probabilidades de os minguantes se aperceberem de que
estavam a ser seguidos.
Rhage seguiu-os até àquele sítio
até pouco antes do amanhecer, mas o dia aproximava-se e não se fez mais nada.
Esta noite era o capítulo
seguinte. Sem hipótese.
E esta? O Impala estava muito lindo estacionado na entrada.
As nuvens resolveram finalmente
juntar-se, Z fez sinal a Hollywood, e os dois desmaterializaram-se dos dois
lados da porta. Uma rápida escutadela revelou uma discussão, as vozes eram as
mesmas que Z tinha ouvido no Hudson na noite anterior. Era óbvio que ainda
estavam a bater no mesmo.
Três, dois… um…
Rhage abriu a porta da casa com
um pontapé tão forte que a bota deixou marcas no painel de metal.
Os dois minguantes na entrada
viraram-se e Z não lhes deu hipótese de responder. Indo à frente com o cano da SIG, baleou os dois mesmo no peito, as
balas projetaram-nos para trás.
Rhage entrou de adaga pronta,
avançando num salto, apunhalando primeiro um e depois outro. Quando o brilho da
luz branca e o barulho cessaram, o Irmão pôs-se de pé e imobilizou-se como um
rochedo.
Nem Z nem Rhage se mexiam. Usando
os sentidos, perscrutaram o silêncio da casa, à procura de algo que sugerisse
outros ocupantes.
O gemido que borbulhou no meio
daquele silêncio todo provinha das traseiras, e Z dirigiu-se rapidamente para a
direção do som, com a arma à frente. Na cozinha, a porta da cave estava aberta
e ele desmaterializou-se do seu lado esquerdo. Com um movimento rápido
conseguiu ver o que estava no fundo das escadas. Uma fraca lâmpada presa por
fios vermelho-e-preto estava acesa, mas a luz não mostrava mais nada para além
das tábuas manchadas do soalho.
Z apagou as luzes do andar de
baixo com a mente e Rhage providenciou-lhe cobertura nas escadas enquanto Z
evitava os degraus instáveis e se desmaterializava na escuridão.
No andar de baixo cheirava-lhe a
sangue fresco e à sua esquerda ouvia o som de dentes a bater.
Acendeu as luzes da cave… e não
conseguiu respirar.
Um vampiro civil macho estava de
pés e braços amarrados a uma mesa. Estava nu e coberto de nódoas negras, em vez
de olhar para Z, fechava os olhos com força, como se não pudesse suportar saber
o que se dirigia a ele.
Z não ficou paralisado por uns
instantes. Era o seu próprio pesadelo ao vivo e a cores e a realidade
desfocou-se tanto que ele já não tinha a certeza se era o que estava amarrado
ou o que vinha para resgatar.
- Z? – Perguntou Rhage de cima. –
Há alguma coisa aí?
Z despertou e clareou a garganta.
- Estou a tratar disso.
Ao aproximar-se do civil, disse
suavemente na Língua Antiga:
- Fica em paz.
Os olhos do vampiro abriram-se de
repente e a cabeça levantou-se da coluna. Havia um olhar incrédulo neles, assombrado
depois.
- Fica em paz. – Z voltou a
verificar os cantos da cave, o olhar a penetrar a sombra, à procura de sinais
de um sistema de alarme. Só viu paredes em cimento e soalho de madeira, e canos
velhos e ligações elétricas a sair do teto. Nada de câmaras, nem de aparelhos
de vigilância.
Estavam sozinhos e sem mais
ninguém saber, mas só Deus sabia durante quanto tempo.
- Rhage, tudo na mesma? – Gritou
para o topo das escadas.
- Tudo.
- Um civil. – Z analisou o corpo
do macho. Tinha sido espancado, e apesar de não haver feridas abertas, não
havia forma de saber se se podia desmaterializar. – Chama os rapazes para o
caso de precisarmos de transporte.
- Já chamei.
Z deu um passo em frente… o chão
abriu-se mesmo por baixo dos seus pés.
Enquanto a gravidade o puxava com força prendendo-o com as suas mãos
avarentas e ele entrava em queda livre, só conseguiu pensar em Bella.
Dependendo do que houvesse no fundo, esta podia ser…
Aterrou numa coisa qualquer que
se partiu com o impacto, pedaços de não se sabe o quê cortaram-lhe as calças e
as mãos antes de chegarem à face e ao pescoço. Manteve a arma na mão porque
tinha sido treinado para o fazer e porque a dor o enrijeceu da cabeça aos pés.
Antes de ligar o cérebro e tentar
verificar os danos, teve de respirar fundo algumas vezes.
Sentou-se devagar, o som de
pedaços de vidro a cair no chão de pedra ecoava em seu redor. No círculo de luz
que caía do andar de cima, viu que estava sentado no meio do brilho de muitos
cristais.
Tinha caído num candeeiro do
tamanho de uma cama.
E o pé esquerdo estava virado ao
contrário.
- Fodi-me.
A perna partida começou a latejar
de dor, fazendo-o acreditar que se não tivesse olhado para ela, talvez não a
sentisse. A cabeça de Rhage apareceu do buraco de cima.
- Estás bem?
- Liberta o civil.
- Estás bem?
- Perna partida.
- Muito ou pouco?
- Bem, estou a olhar para o tacão
da bota e para o meu joelho em simultâneo. E existe a grande probabilidade de
vomitar. – Engoliu com força a ver se se convencia a não deitar nada fora. –
Liberta o civil e depois veremos como vou sair daqui. Ah, e pisa só na zona dos
pregos. As tábuas estão, evidentemente, fracas.
Rhage anuiu e desapareceu. Os
passos pesados em cima faziam cair nuvens de pó em baixo, Z foi ao casaco e
tirou o seu Maglite. A coisa era mais
ou menos do tamanho de um dedo mas tinha um feixe de luz tão forte como o de um
farol de um carro. Enquanto virava a coisa à volta, a dor na perna incomodava-o
menos.
- Que diabo?
Era como estar num túmulo
egípcio. A sala era de doze por doze e estava cheia de objetos que brilhavam,
desde pinturas a óleo em molduras douradas, candelabros de prata a estátuas com
joias incrustadas e um monte de talheres de prata. Do outro lado havia pilhas
de caixas que provavelmente guardavam joias, bem como umas quinze malas de
metal alinhadas que deviam ter dinheiro dentro.
Isto era um armazém de pilhagens,
cheio com o produto do roubo dos ataques do verão passado. Aquela merda toda
pertencera à glymera – ele até
reconhecia algumas caras dos retratos.
Havia muito dinheiro aqui. E quem
diria? À direita, perto do chão começou a piscar uma luz vermelha. A queda
tinha ativado o sistema de alarme.
A cabeça de Rhage apareceu outra
vez.
- O civil está solto, mas não
consegue desmaterializar-se. Qhuinn está a menos de um quilómetro. Onde caralho
estás sentado?
- Num candeeiro, e não sabes de
metade. Ouve, vamos ter companhia. Isto tem alarme e eu ativei-o.
- Há alguma escada?
Z limpou o suor provocado pela
dor das sobrancelhas, sentia aquela merda fria e oleosa nas costas da mão
ensanguentada. Movendo a lanterna em volta, abanou a cabeça.
- Não vejo nenhuma, mas eles
tinham que chegar aqui de alguma forma, e, diabo, não entravam por esse buraco.
A cabeça de Rhage ergueu-se de
súbito e o Irmão franziu a testa. O barulho da adaga a ser desembainhada era um
som metálico de antecipação.
- Ou é o Qhuinn ou um matador.
Sai da luz enquanto eu vou ver.
Hollywood desapareceu do buraco,
os passos dele eram agora um sussurro silencioso.
Z teve de guardar a arma, afastou
alguns cacos de cristal do caminho. Tirando o rabo do chão, confiou na perna
boa para se arrastar para a escuridão, dirigindo-se à luz do alarme. Encostando
o rabo à coisa, por ser o único espaço livre que havia sem pilhas de arte e
prata, e encostou-se à parede.
Quando em cima permanecia tudo
muito sossegado, ele soube que não era o Qhuinn e os rapazes. E ainda não havia
sinal de luta.
E a seguir foi tudo de mal a pior.
A “parede” onde estava encostado
deslizou e ele caiu redondo no chão… aos pés de dois minguantes de cabelo
branco e furiosos.
Não percam o próximo capítulo, porque nós… também não! (Isto faz-me
lembrar qualquer coisa xD).