Primeiro dia de cativeiro
Depois de aprisionada
pelo Qhuinn, ser alimentada a pêssegos pela Amalya e ser oferecida ao Vishous
na condição de estar calada, desmaiei no fundo da gaiola onde me puseram.
Escrevo agora as memórias
daquilo que não me lembro, mas que, considerando o indivíduo maravilhoso
(Vishous…) que era suposto estar-me a vigiar, devem ser magníficas (ele é
magnífico…). Imagino aqueles olhos gélidos a contemplarem-me adormecida e a
derreterem-se com a ternura de ver um ser tão lindo (eu) e inocente (eu,
novamente) a ser vítima de gente cruel e de mau coração (Qhuinn), que nem
comida me queria dar e que se fartou de me chamar “bicho” e “rato”.
Acordei sozinha
num quarto vazio a cheirar a fumo esquisito. Aposto que que o meu V não me
largou um segundo, a morrer de preocupação com o meu estado debilitado (espero
não ter estado a babar…) e a rezar à Virgem mãe dele para me restabelecer e
ganhar forcinhas. Tenho a certeza que me sorria ao ver o meu esbelto corpinho
peludo esparramado no chão da gaiola e que me protegeu do Qhuinn-mau-feitio…
Escrevo as minhas
memórias no rolo de papel higiénico que consegui pescar por entre as grades (é
melhor não falar do que uso para escrever…), porque o meu Vishous amor lindo sabe
que eu sou um mamífero asseado e que eu havia de gostar de ter uma vista privilegiada
para o chuveiro… Ai, ai… Pobre de mim, morceguinho delicado à mercê de gente
tão bruta!
Entrevista a Wrath
[é apenas um excerto de uma parte que, para além de ter
informação extra, é bastante engraçada.]
JR: Posso ser honesta?
Wrath: É bem que sejas. Porque eu sinto se não o fores.
JR: Está bem. Ah… estou surpreendida por teres paciência para
isto. Para a pesca.
Wrath: (encolhe os ombros) Não é uma questão de paciência. É
acalmante. E não, não vou para o yoga. Isso é o Rhage.
JR: Ainda anda nisso?
Wrath. Sim, continua a namaste-ar o cu num milhão de
contorções. Juro que o filho da mãe é retrátil.
JR: Por falar em Rhage e Mary, é verdade o que ouvi dizer?
Wrath: A coisa da adoção? É. Quando Nalla nasceu, ficaram
tipo, Queremos uma coisa dessas.
JR: Vai demorar muito? E onde é que vão arranjar a criança?
Wrath: Saberás quando for. Mas não é para já.
JR: Bem, estou feliz por eles (houve um momento sem conversa,
Wrath puxa o fio e lança-o para outro lado) E tu queres…
Wrath: Não. E não faço pressão. Depois do que Bella passou…
(abana a cabeça) Nã. E antes que perguntes, a Beth está bem com isso. Acho que
vai querer um no futuro. Só espero que seja mais tarde. Apesar de,
honestamente, ela ainda não teve a primeira necessidade, por isso não é uma
grande questão.
JR: Suponho que queiras mudar de assunto.
Wrath: É contigo. Podes perguntar o que quiseres, isso não
significa que eu responda. (olha por cima do ombro e sorri). Mas tu já sabes
como sou.
JR (a rir) Pois, eu sei como isto funciona. Então deixa-me
perguntar acerca daquilo das Escolhidas e do Phury. Que achas das mudanças que
ele fez?
Wrath: Caramba… ele impressionou-me como o caralho. A sério. E
não foi só pelo que fez com a Virgem escrivã. Por uns instantes, pensei que o
íamos perder.
JR (a pensar em Phury e na heroína) Foi por pouco.
Wrath: Foi (houve outro momento de silêncio em que vi o braço
a ir e a vir, ir e vir. A linha faz um som adorável no ar fresco da floresta,
como se respirasse). Pois. De qualquer forma, é por isso que estou aqui, na
casa de Rehv. Venho cá com a Beth cada duas semanas mais ou menos para me
encontrar com Phury e a Directrix e ver como vão as coisas com as Escolhidas.
Cristo, consegues imaginar que volta deu a vida dessas fêmeas? Sairam do enclausuramento
total para explorar um mundo que só conheciam do que liam?
JR: não consigo, não.
Wrath: Phury é fantástico com elas. É como se de repente
fossem todas filhas dele. E elas adoram-no. É o Primale perfeito e a Cormia é
agora a mãe adotiva. Como teve mais tempo para assimilar, está a fazer muito
pela transição delas. Estou muito contento com o desfecho.
JR: Por falar em ser pai, como é a vida na mansão agora com a
Nalla?
Wrath (a rir) A sério? Aquela miúda é uma estrela. Tem-nos a
todos pelo beicinho. No outro dia estava a trabalhar na secretária, e Bella
andava às voltas com ela… ultimamente a Nalla só adormece a andar. De qualquer
modo, Bella levou-a ao estúdio e andava às voltas. A cabeça de Nalla no ombro
da Bella e ela a dormir – já agora, aquela miúda tem pestanas maior que o teu
braço. Então, Bella? Finalmente senta-se no sofá para fazer uma pausa e dois
segundos depois, não estou a brincar, Os olhos dela abrem-se e começa a
resmungar.
JR: Coitada.
Wrath: da Bella, certo?
JR: Pois.
Wrath: (a rir) Então peguei nela, a Bella deixou-me (isto é
dito com bastante orgulho). Andei com ela às voltas. Não a deixei cair.
JR (a esconder um sorriso): Claro que não.
Wrath: Voltou a adormecer. (olha muito sério sobre o ombro).
Sabes, as crianças só adormecem quando confiam na pessoa para as manter
seguras.
JR (suavemente) Qualquer um estaria em segurança contigo.
Wrath: (afasta o olhar rapidamente) Assim, sim, a criança é
uma pérola. O Z continua um bocadinho agitado com ela, acho que é porque tem
medo de a partir – não porque não a ame. Rhage anda com ela como se fosse um
saco de batatas, pega-lhe como lhe apetece, e Nalla gosta. Phury nasceu para
isso. Como o Butch.
JR: E o Vishous?
Wrath: Nã. Acho que Nalla o põe nervoso. Fez-lhe uma adaga.
(ri-se) Burro da merda. Que desgraçado faz uma adaga para uma criança?
JR: Aposto que é bonita.
Wrat: Merda, pois é. Ele pôs-lhe… (o rei faz uma pausa para
puxar a linha como se pensasse que tinha alguma coisa) Ele pôs-lhe diamantes no
punho. Demorou três dias a fazê-la Diz que é para quando ela começar a namorar.
JR (a rir) Imagino.
Wrath: Não vai ser usada. O Zsadist diz que ela nunca há de
namorar. Nunca.
JR: Uh-oh
Wrath: Pois. A filhinha de Z? Queres ser o macho que a vai
convidar? Foda-se!
JR: Dispenso.
Wrath: Eu também. Gosto das bolas onde estão, muito obrigado.