O dia está murcho :(
Temos que o arrebitar :D
Hoje há capítulo e meio o.O
Porque malta quer ler :/
Desejo-vos boas leituras <3
Para a semana voltamos a ver-nos :P
Beijos bons! ;)
Capítulo 10 – 2ª Parte
Z armou-se e desmaterializou-se no
lado oeste da cidade, num pedaço de floresta morta no interior rural.
A clareira ficava quinze metros
mais à frente, perto de um ribeiro, mas em vez de ver um lugar vazio entre os
pinheiros, ele visualizou uma construção pequena de madeira com telhado de
lata.
O que via na mente era tão nítido
como as árvores à sua volta e as estrelas do céu noturno: A construção fora erguida
rapidamente pela sociedade dos minguantes e tinha caráter temporário. No
entanto, o que fizeram lá dentro foi uma questão permanente.
Atravessou a clareira, os gravetos
do chão da floresta restolhavam por baixo das botas, recordando-lhe o fogo de
uma lareira.
Mas os pensamentos não tinham nada
de calmo nem de aconchegante.
Ao passar pela porta, havia um
chuveiro num caixote e uma sanita entre paredes de gesso. Durante seis semanas,
Bella teve que se lavar num cubículo de um metro e vinte quadrado, e ele sabia
que ela não estava sozinha. Aquele filho da mãe do minguante tinha-a observado.
Provavelmente ajudara-a.
Merda, a ideia de uma coisa destas
ter acontecido dava-lhe vontade de matar o filho da puta outra vez. Mas Bella
tratou-lhe da saúde, não foi? Foi ela quem lhe disparou na cabeça enquanto o
filho da mãe estava de pé à frente dela, seduzido pelo amor doentio que lhe
tinha…
Foda-se.
Recompondo-se, Z imaginou que
estava novamente no quarto principal daquele lugar. À esquerda havia uma parede
de estantes com instrumentos de tortura numas prateleiras finas presas por uns suportes
primitivos. Cinzeis, facas, serrotes… conseguia lembrar-se de como brilhavam.
Também havia um armário à prova de
bala, um a que ele arrancou as portas.
E uma marquesa de aço inoxidável
cheia de sangue.
Que ele atirara para um canto como
se fosse lixo
Conseguia lembrar-se perfeitamente
de ter entrado nas instalações. Andava há semanas à procura de Bella depois
daquele minguante ter entrado na casa dela e a ter raptado. Todos pensaram que
ela estava morta, mas ele tinha-se recusado a acreditar nisso. Sentiu-se
torturado com a necessidade de a libertar… uma necessidade que ele então não
conseguia compreender, mas que não podia negar.
A fuga deu-se quando um vampiro
civil conseguir escapar daquele “centro de persuasão” como lhe chamava a
sociedade de minguantes e tinha marcado a sua localização desmaterializando-se
da clareira e através floresta em saltos de noventa metros. A partir do mapa
que ele desenhou à Irmandade, Z foi ter ali à procura da sua fêmea.
A primeira coisa que descobriu foi
um círculo queimado na terra mesmo do lado de fora da porta, tinha pensado que
era Bella que tinha sido deixada ao sol. Ajoelhou-se e pôs as mãos no círculo
de cinzas, os olhos turvaram-se e não sabia porquê.
Lágrimas. Tinha lágrimas nos
olhos. Tinha passado tanto tempo desde a última vez que chorara que não as
reconheceu.
De regresso ao presente, Z ganhou
força e avançou, as botas a atravessar a erva rala. Geralmente, depois de V
usar a mão num sítio, não restava mais do que cinza e pequenos pedaços de
metal, foi o que ali aconteceu. Com a vegetação da floresta já a tomar conta do
lugar, em breve a clareira voltaria a ser preenchida mais uma vez.
Tinham sobrevivido três tubos no
chão, apesar de tudo. E continuariam a existir independentemente do número de
pinheiros que ali se desenvolvessem.
Ajoelhando-se, Z tirou o seu Maglite e dirigiu o foco para o buraco
onde Bella tinha estado. Agulhas de pinheiro e água tinham-no enchido
parcialmente.
Foi em Dezembro quando a encontrou
debaixo de terra, e só podia imaginar o frio que a rodeara lá em baixo… o frio
e a escuridão e o aperto do metal reforçado.
Por pouco não encontrava aquelas prisões
subterrâneas. Depois de atirar a mesa de autópsias para o outro lado do quarto,
ouviu um gemido e foi isso que o trouxera até ali, aos três tubos. Ao retirar a
cobertura de rede de um de onde vinha o som, sabia que a tinha descoberto.
Mas não. Quando puxou as cordas
que conduziam ao buraco, emergiu um macho civil, um macho que tremia como uma
criança.
Bella estava inconsciente noutro
buraco.
Z fora baleado na perna enquanto a
libertava, graças a um sistema de segurança que Rhage só desarmou em parte. Mesmo
com a bala a rasgar-lhe a perna, não sentiu nada enquanto se dobrava e agarrava
nas cordas e as puxava devagar. Tinha visto o cabelo castanho cor de mogno do
seu amor primeiro, e o alívio atordoante foi como ser coberto por uma nuvem
quente. Mas depois o rosto dela ficou visível.
Os olhos tinham sido fechados com
pontos.
Z levantou-se, o corpo a
revoltar-se contra aquela memória, o estômago a revolver-se, a garganta a
apertar. Posteriormente, cuidou dela. Deu-lhe banho. Deixou-a alimentar-se de
si apesar de ter ido à beira da histeria por lhe ter dado aquela merda corroída
que tinha nas veias.
E também a serviu no período de
necessidade. Que foi como Nalla foi concebida.
Em troca? Bella devolveu-lhe o
mundo.
Zsadist deu uma última vista de
olhos em volta, a ver a verdade em vez da paisagem. Bella podia ser mais
pequena do que ele e podia pesar menos cinquenta quilos e não saber nada de
artes marciais ou de disparar armas… mas foi mais forte do que ele.
Ela conseguiu ultrapassar o que
lhe tinham feito.
Será que o passado podia ser
assim?, perguntou-se, a olhar em volta para a clareira vazia. Uma estrutura no
pensamento que se podia incendiar e vermo-nos livres dela?
Raspou o pé para a frente e para
trás pelo chão da floresta. As ervas que espreitavam pareciam bigodes verdes
através da terra, e concentravam-se na área que apanhava mais sol.
Das cinzas surgia vida nova.
Z tirou o telemóvel e escreveu um
texto que nunca imaginou escrever.
Levou quatro tentativas até
acertar. E quando o enviou, soube que, de alguma maneira, tinha mudado o rumo
da sua vida.
E podia-se fazer isso, não se
podia?, pensou ao guardar o RAZR no bolso. Podia-se escolher uns caminhos e não
outros. Nem sempre, claro. Às vezes era o destino que te levava até um sítio e
te largava e pronto.
Mas, de vez em quando, podia-se
escolher o endereço. E se se tivesse dois dedos de testa, não interessava quão
difícil era ou o quão estranho se sentisse, entravamos na casa.
E encontrávamo-nos a nós próprios.
Capítulo Onze
Uma hora depois Zsadist estava na
cave da mansão da Irmandade, sentado à frente da velha fornalha de carvão. A
coisa era uma relíquia de 1900, mas funcionava tão bem que não havia
necessidade de a substituir.
Mais, era preciso trabalho para a
manter a trabalhar e os doggen
gostavam de tarefas regulares. Quanto mais tarefas, melhor.
A barriga da grande fornalha de
ferro tinha uma janelinha à frente, feita de vidro temperado de dois
centímetros, do outro lado as chamas desenvolviam-se, quentes e preguiçosas.
- Zsadist?
Ele esfregou a cara e não se
voltou ao ouvir a voz familiar da fêmea. De certa forma ele não acreditava que
ia fazer o que ia fazer e a necessidade de fugir estava a matá-lo.
Clareou a garganta.
- Olá.
Fez-se uma pausa e diz Mary:
- Essa cadeira vazia à tua beira é
para mim?
Agora virou-se. Mary estava de pé
no fundo das escadas da cave, vestida como de costume, Khakis e polo. No pulso esquerdo um enorme Rolex de ouro e tinha
pequenas pérolas nas orelhas.
- Sim, - disse. – Sim, é… Obrigado
por teres vindo.
Mary aproximou-se, os sapatos a
fazer um pequeno ruído de passos no chão de cimento. Quando se sentou na
cadeira, virou-se de frente para ele e não para a fornalha.
Ele esfregou o cabelo curto.
Enquanto o silêncio se desenrolava
em torno deles, uma corrente de ar atravessou-se no caminho… no cimo das
escadas, alguém ligou a máquina de lavar louça… e o telefone tocou no fundo da
cozinha.
Finalmente, porque se sentia parvo
por não dizer nada, levantou um dos pulsos.
- Preciso de treinar o que vou
dizer a Nalla quando ela me perguntar sobre isto. Eu só… Eu preciso de ter
alguma coisa pronta para lhe dizer. Alguma coisa que… seja correta, percebes?
Mary acenou devagar.
- Sim, eu percebo.
Virou-se de costas para a fornalha
e recordou-se de lá ter queimado a caveira da Senhora. De repente, ele
apercebeu-se que aquilo fora o equivalente de V reduzir a cinzas o local onde
Bella fora raptada, não era? Não podia queimar um castelo… mas o que fez tinha
sido, mesmo assim, uma purificação pelo fogo.
Aquilo que ainda não fez era a
outra metade da cura.
Passado algum tempo Mary disse:
- Zsadist?
- Sim?
- O que são essas marcas?
Os olhos semicerrados dele
fitaram-na a pensar, como se não soubesses. Mas depois… bem, ela foi humana. Se
calhar não sabia.
- São marcas de escravo. Eu fui…
um escravo.
- doeu quando tas fizeram?
- Sim.
- Foi a mesma pessoa que te cortou
a cara que tas fez?
- Não, foi o hellren da minha dona… A minha dona… ela fez-me as marcas. Ele foi
quem me cortou a cara.
- Durante quanto tempo foste
escravo?
- Cem anos.
- Como te libertaste?
- Phury. Phury salvou-me. Foi
assim que perdeu a perna.
- Magoaram-te quando foste
escravo?
Z engoliu em seco.
- Sim.
- Ainda pensas nisso?
- Sim.
Olhou para as mãos, que
subitamente doíam por algum motive. Ah, pois. Tinha-as fechado e apertava-as
tanto que os dedos estavam prestes a saltar dos ossos.
- Ainda há escravatura?
- Não. Wrath proibiu-a. Como
presente de acasalamento para mim e Bella.
- Que tipo de escravo eras tu?
Zsadist fechou os olhos. Ah, sim,
a pergunta que ele não queria responder.
Durante algum tempo o máximo que
pôde fazer foi forçar-se a permanecer na cadeira. Mas depois, numa voz
enganadoramente calma, disse:
- Fui um escravo de sangue. Era
usada por uma fêmea por causa do sangue.
O silêncio depois de ter falado
entrou dentro dele, um peso tangível.
- Zsadist? Posso pôr a minha mão
nas tuas costas?
A cabeça dele fez qualquer coisa
que era evidentemente um aceno, porque a mão gentil de Mary lhe desceu para o
ombro. E moveu-a num calmo e lento círculo.
- Essas são as respostas certas, -
disse ela. – Todas elas.
Pestanejou rapidamente quando o
fogo que se via através da janela da fornalha ficou turvo.
- Achas que sim? – Perguntou
rouco.
- Não. Eu tenho a certeza.
Mary em alta!
E quem não salta, não gosta da Mary, olé! Olé!
E quem não salta... Sim, vou-me deixar de disparates que é melhor...