Saudações Amantes da Irmandade!!!!
Dia de mais histórias ! Desta vez, esta pequena história foi nos enviada pela nossa querida AnyOne. Beijinhos!!!
STORM
Novembro,
noite gelada, a neve cai sem parar. Saí de casa, apesar do frio gelado que se
fazia sentir, mas não me sentia bem. Sentia-me enclausurada dentro da minha
própria casa, precisava respirar. Nem que fosse o ar gelado da meia- noite.
Resolvi
dar uma volta pelos arredores do meu bairro, não me queria afastar muito, pois
as noites ultimamente têm sido, no mínimo, diferentes do habitual. Muitas
coisas estranhas estão a acontecer. Na semana passada, um corpo sem cabeça foi
encontrado ao pé do rio. Há dois dias atrás, outro corpo decapitado foi
encontrado num beco escuro atrás da discoteca da zona. Ninguém viu nada, para
variar, claro. Mas estes dois corpos tinham algo em comum. O quê? Além das
cabeças cortadas e até agora não terem sido encontradas? Ambos os corpos, do
sexo masculino e ambos caucasianos, tinham uma tatuagem sui generis, no
mínimo. Duas adagas negras espetadas numa estrela vermelha e lágrimas de sangue
a escorrerem pela estrela abaixo… perturbador e inesquecível.
Como
sei tantos pormenores acerca destes crimes? Sou polícia de homicídios na minha
cidade, Londres. Desde que sou polícia, há cerca de sete anos, já presenciei
vários crimes, alguns deles ainda não resolvidos, poucos felizmente, mas nenhum
como este. As pessoas começam a ficar assustadas, desconfiadas de todos, os
políticos querem resultados e ver o mais rapidamente possível a situação
resolvida para acalmar a opinião pública.
A
imagem destes dois corpos decapitados não me sai da cabeça e ainda não percebi
o porquê. Já vi piores, mas estes estão realmente a mexer comigo. Talvez porque
a precisão com que foram cortadas as cabeças me faça lembrar um ato cirúrgico,
rápido e certeiro.
Mas
que merda! O que foi isto?!
Virei-me
para ver o que estava atrás de mim a fazer barulho. Com a mão na minha pistola,
que estava no bolso do meu blusão de cabedal preto, esperei que algo ou alguém
aparecesse, mas nada. Ninguém. Até que ouvi novamente um barulho e perguntei:
-
Quem está aí? E desta vez já com a arma apontada para o que me pareceu uma
sombra. Uma grande sombra. Hmm…
-
Não devias andar sozinha à noite, miúda. Não a estas horas.
Respondeu-me
a voz. Uma voz sombria, num tom baixo e muito sensual. Senti um arrepio da
espinha até ao pescoço, e não querendo mentir, pareceu-me que os meus cabelos
compridos e pretos, apesar de estarem presos num rabo-de-cavalo, se eriçaram,
ou pelo menos tentaram.
Foge! Disse-me a minha voz interior. Perigo! Corre!
Mas eu não me mexi. Queria ver o rosto daquela sombra.
Aquela
gigantesca sombra aproximou-se de um candeeiro e então pude vislumbrar um pouco
do seu perfil. Alto, muito alto, ombros largos, cabelo pelos ombros, negro como
a noite, solto e em ondas. Os olhos, de que cor são os olhos? Não consigo ver.
Ainda… Vestia calças pretas de cabedal, t-shirt preta muito justa e um blusão
de cabedal preto, por sinal muito parecido com o meu, só que na versão
masculina. Hum…interessante.
Aproximou-se
ainda mais.
-
Miúda, é melhor pousares essa arma. Não vais precisar dela. Pelo menos não esta
noite. Não comigo.
Mas
isto foi uma promessa? Hum… espera lá! Mas ele tem uns caninos enormes! Ou é
impressão minha? Devo estar com visões, só posso.
-
Miúda…
-
Eu tenho nome! Disse já irritada por me estar a tratar sempre por miúda.
- E
então qual é? Ainda não tive o prazer de o ouvir, mi…
-
Mary! O meu nome é Mary, Mary AnyOne.
-
Bem, Mary AnyOne, gosto do teu nome. Mas
antes que me perguntes o meu, queres por favor, baixar a merda dessa arma! SÓ, POOR
FAVOOR!
Só
então é que me apercebi que até agora ainda não tinha parado de lhe apontar a
arma. Defeito de profissão, acho eu.
- E
porque faria eu uma coisa dessas? Eu ainda não sei se não és nenhum assassino.
-
Não, eu não sou nenhum assassino e também não sou aquele que decapitou as
cabeças daquelas duas pobres criaturas com uma linda tatuagem de duas adagas
espetadas numa estrela e…
-Desculpa?!
Mas como raio sabes tu disso? Essa informação não passou para os meios de
comunicação social. Só quem está dentro do departamento é que sabe!
-
Eu sei! E não estou dentro do teu departamento. Disse com um ar de quem estava
a falar a sério e a quem também essas mortes, de alguma forma, o estavam a
perturbar.
Depois
sorriu. E mais uma vez hipnotizei a olhar para aqueles dentes aguçados e só
depois reparei na cor dos olhos. Verdes. Verde-esmeralda. O verde mais lindo
que alguma vez vi e com um brilho tão intenso que parecia cegar.
-
Mas… disse com algum esforço para me voltar a concentrar, como sabes dessas
informações? Trabalhas lá? É que eu nunca te vi. Em que esquadra trabalhas?
-
Eu não trabalho em nenhuma esquadra, aliás eu não tenho um patrão, trabalho por
conta própria, por assim dizer, mas posso dizer que me dedico ao mesmo que tu.
- E
isso é o quê? já agora. Disse eu já impaciente.
-A
apanhar os maus da fita.
E
voltou a dar aquele sorriso sexy que me fez estremecer da cabeça aos
pés! Bolas!! Agora não! Não te vais interessar por um desconhecido, no meio
da noite e que ainda por cima não sabes o nome dele!! Não outra vez!!
Mas
ele é TÃO lindo! Respondi à minha voz
interior que neste momento me estava a irritar profundamente.
-
OK! Apanhas os maus da fita. E por acaso, o senhor que apanha os maus da fita,
tem nome?
-
Só depois de pores a pistola dentro do blusão é que te digo!
- Merda!
Ok, ok! Já está arrumada. Mas juro, que se me tentares fazer alguma coisa, levas
uma joelhada nessas tuas jóias de família que nunca mais terás descendência
alguma!!
-
Ah!ah!ah!ah! riu-se e eu estremeci mais uma vez. Aquele riso, tão poderoso e
tão, tão…
-
Corajosa! Gosto. Muito. Michael.
-
Como?!
- O
meu nome é Michael. Michael Storm.
-
Ahh… bonito nome, apropriado.
-Apropriado?
Porque dizes isso?
-
Porque parece que passou uma tempestade por cima de mim, neste momento. Que
varreu todos os meus pensamentos lúcidos. Agora não consigo pensar com clareza,
estou baralhada, como depois de uma tempestade, percebes? Perdida. Confusa.
-
Mas vocês humanos não dizem que ‘depois da tempestade vem a bonança’?
-
Porra! Humanos?! Mas o que queres dizer com isso?
Encolhendo
os ombros disse:
- Ó
desculpa, é uma forma de expressão que se usa de onde eu venho.
- E
isso é onde?
-
Não interessa. Mas voltando ao ditado, não é verdade?
-
Da tempestade e da bonança? Disse ainda um pouco confusa com o que tinha sido
dito anteriormente. Humanos…
-
Sim.
-
Não estou a ver onde está a bonança? Está frio como o raio, até consigo fazer
fumo branco com o vapor da minha respiração, mais um bocado e podemos anunciar
que habemus papam nesta merda de cidade! E ainda não parou de nevar! Os
crimes ainda não foram resolvidos, por isso não estou a ver onde está a merda
da bonança!
-
Chiça!! Calma miúda!
-
Não me trates por miúda! O meu nome é Mary!!
-
Ok!Ok! disse ele aproximando-se de mim com os braços ao alto em sinal de
rendição.
Meu
deus! Que corpo! Engoli em seco.
-
Está bem, Mary. Mas sabes onde está a bonança? Disse agora quase encostado a
mim.
-
Onde? Respondi, sem saber bem ao que respondia, nem porque respondia…
-
Sou eu a tua bonança. Tenho-te observado estas últimas noites, sei que não
consegues dormir a pensar nestes crimes. Sinto o teu sofrimento.
Disse
ele com uma voz tão profunda e tão preocupada, que parecia que me conhecia há
já muito tempo e que me queria proteger. Estranho.
De
repente abraçou-me. Apertou-me tão forte que senti o seu corpo duro e musculado
junto do meu. Quase desfaleci. Meu deus! Que homem!
Sem
hesitar, com uma mão puxou-me o cabelo para trás, e com a outra levantou-me o
queixo, baixou-se e deu-me um beijo tão profundo e tão apaixonado e tão
demorado que quase fiquei sem poder respirar.
Atordoada,
ao fim perguntei:
-
Porque me beijaste? Tu não me conheces!
Franzindo o sobrolho, perguntou com uma voz
baixa e preocupada.
-
Mas não gostaste?
- Ahh…sim…mas…
-
Eu conheço-te, Mary. Há muito tempo que te observo e tu ainda não sabes, mas um
dia, tu ainda vais ser minha. Minha!
-
Tua?! Convencido, hein?
-
Não, querida, realista.
Depois
de me dar outro beijo, mais suave, um beijo como o de um amante que se despede
com um até já, desapareceu na noite, da mesma forma como apareceu, do nada.
-
Ei!! Michael? Nada… Storm? Nada…
Estranho…
minha… esta palavra não me saía da cabeça e nem o homem que a dissera.
Tenho que o encontrar novamente. Definitivamente TENHO que o encontrar.
Que noite! Porque é que não trouxe o cão a
passear? Sempre era mais normal! Ah…espera! Não tens cão!Dahh… Pois,
talvez seja altura de adotar um cão ou um gato ou um periquito… ou… um HOMEM…
-
Merda!
*Nasan