A minha Nasan
anda a queixar-se que tem pouco afufalhedo. Está cheia de ciúmes. Diz que só tenho olhos para a minha Micas e que não quero saber dela. E eu que fui abandonada pela minha Micas má… Ou será que fui eu que a abandonei?...
Já nem sei! Abandonamo-nos e tenho saudades!... Ok, desencontramo-nos. Assim é
que é.
Resumindo a história com a chefia:
estiveram a dar-me na cabeça.
As chefes de agora acham-se todas
cheias de poderes e as escravas tipo eu deixam-se levar pelas ameaças
terríveis… Sou uma explorada!...
De ontem para hoje aconteceram
coisas… na minha cabeça, claro! Pus-me a pensar no presépio: Wrath e Beth - pai
e mãe. Comecei por imaginar que um Qhuinn para menino Jesus era
fabulástico-orgasmático – Ele nuzinho em
cima das palhas… Ahh… Mas achei que era melhor pôr lá o Blay. Assim, o
Qhuinn fazia de burro e aquecia-o. É bem
que ande tudo contente, certo? É Natal e podem levar a mal…
A seguir, a preocupação eram os
reis magos: Vishous, Zsadist e Treez. Achei
maravilhoso. O Lassiter seria a estrelinha e ficava pendurado a brilhar em
cima da mansão em miniatura que faria as vezes de casinhota. As Escolhidas do
Phury iam para ovelhinhas, o Phury era o pastorzinho. E foi aqui que parei com
isto. Lembrei-me que faltava uma vaca na história e pelas asneiras que estava a
pensar, quem ia acabar lá era eu. Má ideia.
Em ato contínuo, pensei em QUEM
fazia de burro – Ahhh… Qhuinn - e achei a ideia excelente, até me lembrar dos
coices que havia de levar.
Desisti. Este ano não há presépio
na gruta!
Quero só a Irmandade no sapatinho,
ou de lacinho na cabeça, ou prontinha para desembrulhar… até pode vir
encaixotada… eu sei abrir caixotes… é um talento que nasceu comigo… sou exímia
na arte desencaixotadeira. A sério!
Acho que vou ao fiçubuco escrever
na caixinha dos sonhos que lá puseram.
Nasan, esta é só para ti. E não tiveste de esperar até
quinta.
Ninguém me mandou abrir o bico… para a próxima, estou caladita!
Boas leituras.
Beijos bons.
SPOILERS
PARA ALGUNS
Lover at Last
De regresso à mansão, Wrath soube
que a sua rainha estava transtornada no momento em que passou as portas do seu
estúdio. O aroma fenomenal estava tingido de uma sensação aguçada e ácida:
ansiedade.
- Que foi, leelan?
Perguntou, abrindo os braços.
Mesmo sem poder ver, as memórias
facultavam-lhe uma visão mental de ela a atravessar o tapete Aubusson, o corpo alto e atlético a
mover-se com graciosidade, o cabelo negro solto sobre os ombros, o rosto
marcado pela tensão.
Como é natural, o macho vinculado
queria perseguir e matar o que tivesse sido que a tinha incomodado.
- Olá, George, - cumprimentou o
cão. Atravessando o chão, o retriever
foi o primeiro a receber o seu carinho.
Depois foi a vez do dono.
Beth trepou logo para o colo de
Wrath, o peso dela quase impercetível, sentiu o corpo quente e com vida ao
abraçá-la e beijou-a dos dois lados do
pescoço e depois nos lábios.
- Jesus, - rosnou ao sentir a
tensão no corpo dela, - estás mesmo aborrecida. Que caralho se passa?
Diabo, ela estava arrepiada. A sua
rainha estava mesmo a tremer.
- Fala comigo, leelan, - pediu ao esfregar-lhe as
costas. E a preparar-se para se armar e sair disparado para a luz do dia se
fosse caso disso.
- Bem, tu sabes acerca de Layla, -
disse numa voz rouca.
Ahhhhh.
- Sim, sei. O Phury disse-me.
A mão dela mudou-se para o seu
ombro e ele reposicionou-a, mantendo-a abraçada contra o peito – e era bom.
Havia alturas – não muitas, mas de vez em quando – em que ele se sentia menos
macho por causa da falta da visão: Outrora um guerreiro, agora preso atrás
daquela secretária. Outrora livre para ir onde quisesse, agora tinha de confiar
num canídeo para se deslocar. Outrora absolutamente independente, agora
precisava de ajuda.
Não era bom para o ego.
Mas, em momentos como este, quando
a sua fantástica fêmea estava mal e o procurava para ser confortada e procurar
segurança, sentia-se tão forte como a puta de uma montanha. Afinal, machos
vinculados protegiam as companheiras com tudo o que tinham e mesmo com o fardo
do direito de progenitura, com o trono em que era obrigado a sentar, permanecia,
no fundo, um hellren relativamente à
sua fêmea.
Ela era a sua primeira prioridade,
estava até acima da merda de ser rei. A sua Beth era o coração por trás das
costelas, o tutano dos seus ossos, a alma do seu corpo.
- É tão mau, - disse ela. – Tão
triste.
- Foste vê-la?
- Agora mesmo. Está a descansar.
Quer dizer… como pode… não acredito que não se possa fazer nada.
- Falaste com a Dr.ª Jane?
- Assim que chegaram da clínica.
A sua shellan chorou um pouco, o aroma de chuva recém-caída das lágrimas
da sua amada era como uma faca no peito – e ele não estava surpreendido com a
reação dela. Ele ouvira dizer que as fêmeas lidavam mal à perda das crias –
afinal, como não se podiam solidarizar? Ele conseguia pôr-se no lugar de Qhuinn
facilmente.
E, ó Deus… só de pensar em Beth a
sofrer daquela maneira? Ou pior, se ela levasse a gravidez até ao fim e…
Boa. Agora estava a tremer.
Wrath enterrou o rosto no cabelo
de Beth, respirando, acalmando-se. A boa notícia é que nunca teriam um filho,
assim ele não tinha de se preocupar com isso.
- Lamento, - sussurrou ele.
- Eu também. Odeio que isto lhes
esteja a acontecer.
Bem, na verdade, ele estava a
desculpar-se por outra coisa muito diferente.
Não era que quisesse que acontecesse
alguma merda ao Qhuinn ou à Layla ou à cria. Mas, se calhar, se Beth visse esta
triste realidade, ela se lembrasse de todos os riscos que pode correr ao longo
de toda a gravidez.
Foda-se. Isso soava horrivelmente.
Isto era horrível. Caramba, ele não queria mesmo nada disto para Qhuinn, e ele
também não queria mesmo a sua shellan
perturbada. No entanto, infelizmente, a verdade é que ele não tinha
absolutamente nenhum interesse em colocar a sua semente dentro dela assim… nunca.
E este desespero fazia um tipo
pensar em coisas imperdoáveis.
Num surto de paranoia, calculou
mentalmente os anos desde a transição dela – cerca de dois. Pelo que sabia, a
fêmea vampira tinha, em média, a sua primeira necessidade, cerca de cinco anos
após a mudança e, depois, só de dez em dez anos mais ou menos. Por isso, para
todos os efeitos, tinham muito tempo até terem de se preocupar com isso…
Pensando melhor, como
meia-vampira, não havia forma de saber como seria no caso de Beth. Quando os
humanos e os vampiros se misturam, tudo pode acontecer – e ele tinha alguns
motivos para se preocupar. Afinal, ela já falara de filhos, uma ou duas vezes.
Mas, de certeza, que foi só na
base da hipótese.
- Então, vais adiar a indução de
Qhuinn? – Perguntou ela.
- Sim. O Saxton está a atualizar
as leis, mas com Layla assim? Não é altura de o trazer para a Irmandade.
- Foi o que eu pensei.
Calaram-se os dois e Wrath
deixou-se levar pela emoção, ele não conseguia imaginar a sua vida sem ela.
- Sabes uma coisa? – Perguntou.
- O quê?
Havia um sorriso na voz dela, do
tipo que lhe dizia que ela suspeitava o que ele ia dizer.
- Amo-te mais do que tudo.
A sua rainha riu-se um bocadinho e
acariciou-lhe o rosto.
- Nunca o suspeitaria.
Diabo, até ele sentiu o
aparecimento do seu próprio aroma de vinculação.
Em resposta, Wrath segurou-lhe o
rosto e inclinou-se, encontrando-lhe os lábios e dando-lhes um beijo delicado –
aquilo não ficou assim. Caraças, era sempre assim com ela. Qualquer contacto
que fosse e, antes que se desse conta, estava ereto e pronto.
Deus, ele não sabia como faziam os
humanos. Pelo que sabia, eles tinham de adivinhar se as companheiras estavam
férteis de cada vez que tinham sexo… obviamente, não conseguiam detetar as
mudanças subtis dos aromas das fêmeas.
Ele havia de ficar louco varrido.
Pelo menos, quando uma fêmea vampira estava no período de necessidade, sabiam
todos.
Beth moveu-se no colo,
comprimindo-lhe a ereção e fazendo-o gemer. Geralmente, esta era a deixa para
George ser levado até às portas duplas e ser temporariamente banido. Mas não
nesta noite. Por muito que Wrath a desejasse, o ambiente da casa punha-lhe um
freio até na libido.
Fora a necessidade de Autumn.
Agora a da Layla.
Não ia mentir; aquela merda estava
a pô-lo nervoso. As hormonas no ar eram conhecidas por ter um efeito de
ricochete numa casa cheia de fêmeas, influenciando umas às outras, se estivesse
perto do seu tempo.
Wrath acariciou o cabelo de Beth e
recolocou a cabeça da sua rainha no ombro.
- Não tens de…
Ela deixou a frase suspensa, ele
pegou-lhe na mão e levantou-a, sentindo o pesado rubi saturnino que a rainha da
raça usou sempre.
- Só te quero abraçar, - disse
ele. – Por agora, para mim, é o suficiente.
Aninhando-se, ela encostou-se
ainda mais a ele.
- Isto também é bom.
Sim. Era.
E curiosamente terrífico.
- Wrath?
- Sim?
- Estás bem?
Só passado algum tempo é que
conseguiu responder, depois de confiar que a voz estava calma, nivelada e não a
tremer como o caralho.
- Sim. Estou bem. Estou bem.
Ao acariciar-lhe o braço com a mão
para cima e para baixo, rezou para que ela acreditasse… e jurou que o que
estava a passar na primeira porta ao fundo do corredor nunca, mas nunca iria acontecer
com eles.
Não. Aquela desgraça não teria de
ser lidada por eles.
Graças sejam dadas à Virgem
Escrivã.
Viste, Nasan? Não é tão ternurenta a cena? Triste, mas ternurenta.
A última afirmação é que me já deu muitas voltas à cabeça… É que é
impossível saber se é só um agradecimento daqueles automáticos, ou se tem mais
alguma coisa por trás… Suspeito… muito suspeito…
E eu tenho uma fã!... A Viviana diz que é minha fã… Ohhh… que lindo…