Olá
gente boa!
Eu
sei que é de estranhar andar por aqui tantos dias seguidos, mas mim tirou uns
dias só para espairecer as asas e estou a aproveitar para me dedicar à causa
enquanto posso. Daqui a nada começa a maluqueira do costume chamada vida e
trama-se tudo.
Mas
eu tenho confiança e fé no resto do pessoal que, não é por acaso, têm feito um
excelente serviço até agora. Queria agradecer à Nancy pela sua opinião (foste incrível! E
é verdade que este livro não é tão explícito nas cenas de sexo), à Viviana (que está sempre de olho e não perde
uma) e à Tamara (é sempre
bom saber que agradamos). Para todas um beijo especial.
Aproveitem
a leitura, porque vem aí mais uns quantos excertos!
Beijos
bons.
TOCA A PARAR DE LER A
PARTIR DAQUI
PORQUE VEM AÍ
SPOILERS
TENS A CERTEZA DE QUERER
CONTINUAR?
SPOILERS
MIM ESTÁ A AVISAR.
SPOILERS
ÚLTIMO AVISO!
SPOILERS
No
quarto da clínica do cento de treinos, Luchas, filho de Lohstrong, estava
deitado de costas na sua cama de hospital com o tronco e a cabeça apoiados em
almofadas. O corpo despedaçado estendia-se à sua frente, uma espécie de
paisagem destruída por bombas, cicatrizes e partes em falta transformando o que
anteriormente funcionava bem num amontoado de dor e disfunção débil.
A
perna esquerda era o seu maior problema.
Desde
que foi salvo daquele contentor de óleo onde os minguantes o aprisionaram, tem
estado em “reabilitação”.
Uma
palavra estranha para o que realmente estava a acontecer. A definição oficial,
tal como ele viu no tablet, era recuperar alguém ou alguma coisa ao seu estado
anterior de normal funcionamento.
No
entanto, depois de tantos meses de terapia física e ocupacional, estava seguro
ao concluir que em termos mentais e movimentos fisiológicos, quer pequenos quer
grandes, não o estavam a deixar parecido ao que era dantes. O que ele sabia com
certeza era que: estava com dores; ainda não conseguia andar; e as quatro
paredes daquele quarto de hospital, que era tudo o que vira desde que ficou
preso naquele estado, estavam a levá-lo à loucura.
E
não era a primeira vez, que pensava em como a vida o tinha levado àquilo.
O
que era estúpido. Conhecia bem os factos. Na noite dos ataques, os minguantes
infiltraram-se na casa da família, como em muitas outras casas. Assassinaram-lhe
o pai e a mãe, e fizeram o mesmo à irmã. Quando foram atrás ele, decidiram
poupar-lhe a vida para o usarem como rato de laboratório, uma experiência para
ver se um vampiro podia ser transformado em minguante. Incapacitaram-no,
armazenaram-no num tanque de óleo algures e encheram-no de sangue do Ómega.
Porém,
não houve experiência. Perderam o interesse nele, ou esqueceram-se, ou outra
coisa qualquer.
Sem
se poder libertar, sofreu naquele vazio viscoso e negro, vivo, mas quase morto,
à espera do seu fim durante o que pareceu ser uma eternidade.
Não
sabia se alguma coisa tinha mudado.
O
intelecto, algo de que já se orgulhara pelos estudos e capacidade, ficou atrofiado
como o corpo, a revirar-se, os pensamentos dantes claros agora emaranhavam-se
em pesadelos negros de paranoia e terror.
E
depois o irmão, aquele para quem nunca tivera tempo, aquele que desdenhara,
aquele a quem sempre se sentira superior… chegou e tornou-se o seu salvador. Qhuinn,
o deficiente do olho azul e do olho verde, a vergonha da família com o seu
defeito, aquele que foi expulso de casa e por isso fora de casa quando o ataque
se deu, acabou por ser a única razão de estar livre.
Aquele
macho também acabou por ser o membro mais forte da sua linhagem, a viver e a
trabalhar com a Irmandade da Adaga Negra, a lutar com honra, a defender com
distinção a Raça contra o inimigo.
Enquanto
Luchas, o ex menino bonito, o herdeiro do que já não existe… era agora o
defeituoso.
Karma?
Levantou
a sua mão agora encarquilhada, a olhar para os tocos que eram o que restava de
quatro dos seus cinco dedos.
Provavelmente.
A
batida na porta foi suave, e ao inalar apanhou os aromas do outro lado.
Recompondo-se, puxou os lençóis mais para cima do seu peito magro.
A
Escolhida Selena não estava sozinha como na noite anterior.
E
ele sabia do que se tratava.
-
Entra. – Disse numa voz que ainda não reconhecia. Desde o que lhe aconteceu, a
voz tinha ficado mais rouca e grave.
Qhuinn
entrou primeiro e, por um instante, Luchas encolheu-se. Sempre que vira o
irmão, o macho vinha à civil. Esta noite não. Era evidente que vinha do terreno
de batalha, cabedal negro a cobrir o corpo poderoso, armas presas na cintura,
nas coxas… no peito.
Luchas
franziu a testa ao reparar em duas armas em particular: o seu irmão tinha um
par de adagas negras no peito, com os punhos virados para baixo.
Estranho,
pensou. Pensava que essas lâminas eram reservadas exclusivamente para os
membros da Irmandade da Adaga Negra.
Se
calhar agora também permitiam os soldados usá-las.
-
Ei! – Disse Qhuinn.
Por
trás dele, a Escolhida Selena estava silenciosa como um fantasma, as vestes
brancas a flutuar à volta do seu corpo elegante, o cabelo negro preso no topo
da cabeça no estilo tradicional da ordem sagrada.
-
Saudações, senhor, - Disse ela numa vénia elegante.
A
olhar para a perna, Luchas queria desesperadamente sair da cama e prestar-lhe o
respeito devido. Sem hipótese. O membro estava, como sempre, envolvido
fortemente em gaze branca desde o pé até ao joelho, e por baixo desse material
esterilizado? Carne que não sarava, o calor da infeção a borbulhar como uma
panela de água quente prestes a ferver.
-
Então, disseram-me que paraste de te alimentar. – Disse Qhuinn.
Luchas
olhou para o outro lado a desejar ter uma janela para fingir estar distraído.
-
Então? – Exige Qhuinn. – É verdade?
-
Escolhida, - murmura Luchas. – Podia-nos permitir um momento em privado?
-
Evidentemente. Aguardarei a sua chamada.
A
porta fechou sem ruído. E a Luchas pareceu que o oxigénio todo do quarto saiu
com a fêmea.
Qhuinn
puxou uma cadeira até à cama e sentou-se, apoiando os cotovelos nos joelhos. Os
ombros eram tão largos que o casaco de cabedal que trazia vestido chiou em
protesto.
-
Que se passa, Luchas? – Perguntou.
-
Isto podia esperar. Não devias ter interrompido a luta.
-
Não de acordo com os teus sinais vitais.
-
A médica chamou-te, não foi?
-
Falou comigo, sim.
Luchas
fechou os olhos.
-
Eu tinha… - clareou a garganta. – Antes disto tudo, eu tinha uma ideia do que estaria
a fazer, de como o futuro ia ser, Eu ia..
-
Ias ser como o pai.
-
Sim. Eu queria… tudo o que me ensinaram que definia uma vida digna de ser
vivida.
Abriu
os olhos e observou o seu corpo.
-
Não era nada disto. Isto… sou como uma cria. As pessoas a tomarem conta de mim
e das minhas necessidades, a trazerem-me comida, a lavarem-me, a limparem-me.
Sou um cérebro preso num recipiente partido. Não faço nada sozinho…
-
Luchas…
-
Não. – Atravessa a mão mutilada pelo ar. – Não me tentes acalmar com promessas
de uma saúde futura. Passaram-se nove meses, meu irmão. Depois de um cativeiro
no Inferno que durou um século. Estou farto de ser prisioneiro. Farto.
-
Não te podes matar.
Eu
sei. Depois não vou para o Fade. Mas se não comer, e eu não como, isso… -
aponta a perna com um dedo – levará a melhor e acabará comigo. Nada de
suicídio. Morte por sepsia – não é disso que a Drª Jane está tão preocupada?
Com
um movimento brusco, Qhuinn tira o casaco e deixa-o cair ao chão.
-
Eu não te quero perder.
Luchas
tapa a cara com as mãos.
-
Como é que podes dizer isso… depois de toda a crueldade que havia em nossa
casa…
-
Não foste tu. Foram os pais.
-
Eu participei.
-
Pediste desculpa.
Pelo
menos isso era uma coisa que tinha feito bem.
-
Qhuinn, deixa-me morrer. Por favor. Deixa-me só… morrer.
O
silêncio prolongou-se tanto tempo que Luchas começou a respirar com mais calma,
a pensar que o argumento fora aceite.
-
Eu sei o que é não ter esperança. – Disse Qhuinn bruscamente. – Mas o destino
pode surpreender-te.
Luchas
deixou cair os braços e riu amargamente.
-
Lamento, mas não será uma surpresa boa. Não será boa…
-
Estás enganado.
-
Para.
-
Luchas, estou-te a dizer…
-
Sou a merda de um deficiente.
-
Também eu. – Qhuinn apontou para os olhos. – A vida toda.
Luchas
virou-se para o outro lado, a olhar para a parede creme.
-
Não há nada que me possas dizer, Qhuinn. Acabou. Estou farto de lutar por uma
vida que não quero.
Outro
silêncio prolongado. Finalmente, Qhuinn desabafou.
-
Só precisas de te alimentar e ganhar força…
-
Eu recusarei a veia dela. E a ti mais te vale aceitar agora e não desperdiçares
tempo com argumentos que não me convencem. Estou decidido.
(The
Shadows, capítulo 5)
-
Layla?
Ela
tropeçou nos próprios pés a dar a volta. Blay estava no corredor das estátuas
com roupa de combate, as calças manchadas e com ar exausto.
-
Ah… olá, - Respondeu. – Chegaste do terreno?
-
Vais sair? – Blay franziu o sobrolho. – É muito tarde.
-
Vou só dar uma volta, - disse baixinho. – Para arejar a cabeça.
-
Ainda bem que te apanhei. O Qhuinn não anda bem.
Layla
ficou preocupada e foi ter com o guerreiro. O pai da sua cria era uma das
pessoas mais importantes da sua vida, tal como Blay. O casal era a sua família.
-
Porquê?
-
Luchas. – Blay tira a adaga da bainha do peito. – Está a recusar-se alimentar e
Qhuinn está de rastos.
-
Já passou quase um mês.
-
Mais tempo.
Geralmente,
um vampiro macho usava a veia de uma Escolhida e podia passar vários meses até
se alimentar, dependendo da atividade, stress e saúde geral. No entanto, para
alguém como Luchas? Mais do que uma ou duas semanas podia transformar-se
rapidamente numa sentença de morte.
-
Onde está o Qhuinn agora?
-
Lá em baixo nos bilhares. Chamaram-me mais cedo, porque… - Blay abana a cabeça.
– Pois, ele não está bem.
Layla
fecha os olhos, põe a mão na barriga. Tinha de ir. Tinha de ficar…
-
Tenho de tomar um duche. – Blay olha para a porta do quarto que ele e Qhuinn
tinham. – Podes ficar com ele até eu descer?
-
Sim, claro.
Blay
estica o braço e aperta-lhe o ombro.
-
Vais ter de me ajudar com ele. Isto está a ficar…
-
Eu sei. – Tirou o casaco e nem o foi deixar ao quarto. Atirou-o para a porta. –
Vou já lá para baixo.
-
Obrigado. Meu Deus, obrigado.
Abraçaram-se
por um segundo e ela foi-se, a caminho da escadaria e do macho que lhe dera o
mais valioso dos presentes que era a criança que ela levava no ventre.
Não
havia nada que ela não fizesse por Qhuinn ou pelo seu hellren.
(The Shadows,
capítulo 7)
He
he he
E não foi eu que disse…
Porque se o Blay é o hellren…
o Qhuinn é a shellan…
He
he he
E mim é tão lésbica, mas tão
lésbica!...
Ai que tão lésbica que eu sou!
Qhuiiiiinn… mim lésbica.
Excerto 2 – Paradise / Peyton / Craeg
[A nossa menina Paradise está ao telemóvel com Peyton, filho de
Peithone com quem há conversas acerca de futuro acasalamento. A conversa é
sobre o Programa de Treinos da Irmandade.]
Em
Caldwell, Paradise senta-se na cama, pernas por baixo dela, olhos no céu
noturno do outro lado das suas fechadas e trancadas janelas.
-
Então, vais? – Perguntou ao telemóvel.
Peyton
riu.
-
Claro, estás a brincar? Estou morto por sair daqui. Estou trancado desde os
ataques e é milagre os meus pais deixarem-me ir ao programa de treinos.
Fixou-se
nas trancas do seu quarto que estavam, de facto, na posição fechada.
-
Pergunto-me se o meu pai me deixa ir. – Murmurou.
Houve
uma pausa. Depois uma gargalhada.
-
Ó meu Deus, Paradise. Não. Uh-oh. Nunca.
-
Pois, se calhar tens razão. Ele é muito protetor.
-
Esse programa não é para fêmeas.
Ela
franziu os olhos.
-
Desculpa? A carta da Irmandade disse que nós éramos bem-vindas e que podíamos
experimentar.
-
Está bem. Em primeiro lugar, “experimentar” não significa “ser aceite”. Já
alguma vez fizeste flexões?
-
Bem, tenho a certeza que consigo se…
-
Em segundo lugar, tu não és uma fêmea qualquer. Quer dizer, és um membro da
família fundadora. O teu pai é o Primeiro Conselheiro do Rei. Tens de ser
preservada para procriar.
Paradise
abriu a boca.
-
Não acredito que tenhas dito isso.
-
O quê? É verdade. Não finjas que as regras são as mesmas para fêmeas como tu.
Tipo, se uma civil rafeira, que por acaso até veste saias, quiser experimentar,
tudo bem. Perdê-la não significa nada para a espécie. Mas, Parry, já não há
muitas como tu. Para machos como eu? Nós só acasalamos com alguém como tu e há,
tipo, quatro ou cinco como tu.
-
Isso é a perspetiva mais redutora que alguma vez ouvi. Tenho de ir.
-
Ó, então? Não sejas assim.
-
Vai-te foder. Eu sou mais do que ovários para se pôr um anel.
Desligou
e ponderou atirar o telemóvel à parede. Quando controlou o impulso, ficou
preocupada porque tudo o que lhe ensinaram e inculcaram lhe dizia que Peyton
tinha razão.
Ela
era uma flor de estufa, boa para coisa nenhuma, exceto chás e ter crias e…
O
telemóvel começou a tocar outra vez, atirou-o para cima da cama e foi para o
chão, colocou as mãos esticadas no tapete de croché. Esticou as pernas, fez
balanço nas pontas dos pés.
-
Muito bem, - disse de dentes cerrados. – Para cima e para baixo. Umas cem
vezes.
Fez
muito bem a parte para baixo à primeira, os braços mais do que contentes a
obedecer. Quando o nariz entrou em contacto com a imagem de uma vaso de flores,
ela estava completamente em modo animal, pronta para ir para cima e fazer isto
como devia ser.
Para
cima foi… só bem.
Outra
vez no tapete. Eeeeeeeee para cima.
Tipo
isso. Os músculos dos braços começaram a tremer; os cotovelos a abanar; os
ombros doíam.
Fez
três. Ou dois e meio. Antes de se estatelar no…
-
Que estás a fazer?
Com
um gritinho, Paradise virou-se ao contrário. O pai estava à porta do quarto, a
guardar a chave que usava para abrir coisas… e as sobrancelhas tinham saltado
muito para cima da testa, estavam quase na linha do cabelo.
-
Flexões. – Disse ofegante.
(The
Shadows, capítulo 22)
[Por causa de Throe estar na casa de Abalone, Paradise muda-se para
a casa de Beth e John Mathew e ajuda o pai com as audiências de Wrath, é uma
secretária muito competente.]
Ele
apareceu na vida dela com um boné dos Syracuse e calças de ganga azuis com
buracos.
Paradise
estava na sua secretária, a fazer entradas no sistema, a enviar e-mails, a
acomodar as pessoas nas cadeiras, quando um ar frio veio da entrada. Por esta
altura já estava habituada às correntes de ar geladas – havia uma cada vez que
a porta da frente abria e fechava quando chegava alguém.
Por
isso, ela nem olhou até sentir uma presença grande à secretária.
Ao
levantar os olhos, tinha o seu sorriso profissional posto, mas perdeu-o logo.
À
frente dela estava um macho com dois metros de altura, com ombros tão largos
como a porta da entrada e um maxilar direitinho como uma seta. Estava com uma
espécie de corta-vento, apesar de estar frio para usar um casaco como deve ser,
e não tinha luvas.
E
depois havia o boné cor de laranja e aquelas calças.
-
Posso ajudar? – Perguntou.
A
pala daquele boné estava tão baixa que ela não lhe conseguia ver os olhos, mas
conseguia sentir o impacto deles.
-
Estou aqui por causa do programa de treinos.
A
voz era grave e surpreendentemente baixa. Com o tamanho que tinha, ela esperava
uma coisa mais forte.
-
O programa de treinos?
-
Para soldados da Irmandade da Adaga Negra.
-
Ah, sim. Eu sei, mas não é – quer dizer, não é aqui. Nesta casa.
Enquanto
ele olhava em volta, ela tentou ver-lhe os olhos.
-
Eu sei, - disse ele. – O que quero dizer é que preciso de uma ficha de
inscrição e pensei que aqui pudesse haver uma.
-
Há um e-mail que foi enviado. Quer que o reencaminhe?
-
Eu, ah… - Olhou em volta. Enfiou as mãos nos bolsos daqueles jeans. – Não há um
papel já impresso?
-
Eu posso enviar tudo agora mesmo… qual é o endereço eletrónico?
Como
parecia que estava concentrado na parede por trás dela, ela apercebeu-se que o
cabelo era escuro. Escuro e muito curto.
-
Eu não tenho e-mail, - disse devagar.
Paradise
pestaneja.
-
O Hotmail é gratuito.
-
Não faz mal, - Disse o macho a dar um passo atrás. – Eu arranjo outra maneira
de arranjar a ficha.
-
Espera. – Ela abre a gaveta. – Toma. Leva a minha – quer dizer, esta.
Ele
hesita. Estica um braço comprido. Aceita o que ela tinha resgatado do cesto dos
papéis.
-
Obrigado. – Olha para ela e franze a testa – pelo menos pareceu-lhe ser isso o
que fazia. – Esta já está preenchida aqui em cima?
Ao
devolver-lha, ela pragueja.
-
Desculpa, eu… eu vou imprimir uma nova.
Carrega
no rato, entra no e-mail, vai até ao reenviado de Peyton Parvo, abre o anexo e
imprime.
Quando
a máquina por trás da secretária acorda e começa a fazer barulho, o macho
coloca a ficha na secretária.
-
Vais ao programa?
Bonito.
Como se precisasse do Sermão vindo de um estranho.
Agarra
na papelada.
-
As fêmeas também podem ir, sabias? Está no e-mail. Nós podemos ir…
-
E acho que deviam. Mesmo que optem por não lutar, acho que as fêmeas devem ser treinadas,
nunca se sabe em que circunstâncias podem ser obrigadas a defender-se. É uma
questão de lógica.
Paradise
ficou especada a olhar para ele.
-
Eu… - aclarou a garganta. – Eu por acaso concordo com isso.
A
impressora calou-se, ela girou a cadeira e tirou as folhas quentes de cima da
HP. Não era preciso nenhum clip, nem agrafo ou juntá-las fosse de que maneira
fosse, mas ela deu-se ao trabalho de abrir uma gaveta e procurar lá dentro
qualquer coisa.
-
Podes trazê-las aqui, - Disse ao entregá-las. – Assim que estiverem
preenchidas, eu posso entregá-las aos Irmãos.
Ele
dobrou a ficha ao meio e pô-la dentro do corta-vento.
-
Obrigado.
De
seguida tirou o boné e fez-lhe uma vénia
Ao
endireitar-se, ela conseguiu vê-lo melhor e arquivou aquilo no ficheiro Ó Meu
Deus.
É
melhor no Ó Meu Grande Deus.
Os olhos eram de um perfeito azul céu,
sobrancelhas e pestanas escuras. A cara esculpida, por estar um pouco magro,
mas que só realçava a estrutura óssea masculina. E a boca era…
E
se ele já lhe tinha chamado à atenção, agora atirou-a ao chão.
Graças
a Deus pela cadeira.
-
Como te chamas? – Soluçou quando ele se virou para ir embora.
Ele
pôs o boné outra vez.
-
Craeg.
Ela
levanta-se e estende a mão.
-
Paradise… bem, já deves saber isso, já leste a coisa que eu preenchi.
Lindo,
estava a dizer disparates.
E
acrescentou quando viu que ele não se aproximava.
-
Muito gosto em conhecer-te, Craeg
Ele acenou uma vez e saiu, deixando-a de mão
pendurada ao vento.
Corada,
voltou a sentar-se e apercebeu-se que uuuuuh, cerca de cinco pessoas tinham
testemunhado tudo. E agora estavam muito preocupadas a passar o dedo em artigos
da People e da Time, a fazer de conta que estavam ocupadas. Um dos machos mais
velhos até pegou no jornal todo e pô-lo à frente da cara.
Bem,
ela também podia brincar ao faz-de-conta-que– estou-ocupada.
Fez
todo o tipo de barulhos no teclado a tentar disfarçar o rubor de corpo inteiro.
(The
Shadows, capítulo 55)
De repente, passou-me o
alesbicamento.
Esqueçam o que eu disse.
Se aquilo for tudo hétero…
Ai, que eu sou tão hétera.
Hétera mais hétera que mim não há.
Quais serão as probabilidades de lhe
arranjar um pírcingue?
xD