Momento
Alto 2 de 2 da Irmandade em Blood Vow
Para quem ainda não leu o Momento alto 1 de 2 por ler AQUI
Olá malta, espero que
gostem 😄
Eis o momento alto 2
de 2. Este momento que estou agora a enviar-vos passa-se mais ou menos nos
primeiros dez capítulos do livro.
Novamente, este
momento está mais concentrado em Mary, Rhage e Lassiter.
Só para fazer um
ponto da situação:
- Devido aos
maus-tratos que Bitty sofreu durante a infância, foi necessário fazer uma
grande maldade à miúda, é que, com as fracturas sofridas no passado, quando
chegar a altura da transição dela, existe um sério risco de haver deformidades
nos ossos dela devido à força da expansão podendo ligarem-se de forma errada e
com ângulos errados. Se isso acontecer, a única solução será a amputação.
- Então, para
resolver essa questão, tomou-se a decisão junto com Bitty, que percebeu o
problema e concordou (corajosa esta menina) em concertar os ossos. Como?
Partindo-os nos pontos certos para curarem correctamente.
Uma grande maldade,
mas um mal necessário, escusado será dizer que tudo o que envolve ossos, não há
anestesia que resolva a dor.
Okay, aqui vai:
(…)
- Eu não consigo… Eu não consigo fazer isto…
Mary
não podia concordar mais. Ela também não conseguia fazer mais isto. Era demais.
Angustiante. Para além do espectável.
Sim, havia um grande objectivo nisto,
mas já se fez o suficiente. Não já?
- Pode o R-r-r-r-rhage entrar? - Balbuciou
Bitty.
- Absolutamente. Queres os outros também?
Tudo para que isto funcione.
- Não, porque estou a chorar - Bitty fungou.
- Eu não sou corajosa…
- Oh, és, tu és. - Mary conteve mais lágrimas
- Querida, tu és a pessoa mais corajosa que conheço.
Era tradição na cultura vampira os machos da
espécie não fazerem parte das intervenções médicas das fêmeas… e houve alturas
onde a modéstia de Bitty foi comprometida sem necessidade. No entanto, agora?
Todas as apostas acabaram.
Mary nem sequer ia pedir permissão a Havers.
Eles precisavam de outra coisa qualquer para ajudar a rapariga a acabar com
isto.
- Eu vou buscá-lo - voluntariou-se a Dra.
Jane.
Rhage entrou e Mary não pôde evitar. No
segundo em que encontrou o olhar dele sufocou de tal maneira que não conseguiu
respirar. E, como típico macho ligado, ele foi ter com ela primeiro,
apertando-a num abraço, suspirando alguma coisa que os seus ouvidos não
registaram, o tom forte e estável que significava tudo.
E depois, debruçou-se sobre a menina, as suas
faces a perderem cor ao olhar para baixo para Bitty, as suas mãos tremiam
quando a alcançou e puxou-a para um abraço.
Muito pessoal médico avançou rapidamente para
a frente, e Mary puxou-o para trás.
- Os braços e as pernas dela ainda precisam
do gesso. Tem cuidado.
Rhage deitou a rapariga de volta como se ela
fosse feita de vidro.
- Eu não sou corajosa - Bitty murmurou para
ele.
- Sim, és - disse ele, penteando-lhe o cabelo
para trás. - És tão corajosa e estou tão orgulhoso de ti e amo-te muito.
Eles falaram durante algum tempo e depois
houve uma pausa.
Como se soubesse que era o momento certo,
Havers disse gentilmente:
- Só mais uma última vez. E depois está tudo
terminado.
As sobrancelhas de Rhage desceram, e Mary
soube sem perguntar que as presas do seu hellren
tinham descido e a parte protectora dele estava a considerar estripar a
garganta do doutor. Mas isso era instinto e não lógica.
Ela afagou o braço de Rhage.
- Shh, está tudo bem. Mais uma vez e isto
acaba.
- Mais uma… - Ele esfregou a cara. - Nós
conseguimos fazer isto.
Rhage acenou a Havers, que olhava apreensivo.
E depois, o pessoal médico avançou para a mesa novamente.
A pélvis de Bitty estava novamente amarrada e
a outra perna estava igualmente imobilizada. O que Havers tinha de fazer era
agarrar na coxa e aplicar pressão até se ouvir o osso partir. E depois tinha de
puxar o joelho até conseguir visualizar correctamente o alinhamento através da
pele… algo relativamente fácil devido ao facto do quão a rapariga era
muscularmente fina e subdesenvolvida. Um raio-X seria tirado para assegurar que
tudo estava no lugar e depois os gessos seriam aplicados para que os ossos
regenerassem e reconectassem da forma correcta.
O partir e o alinhamento foram tão
primitivos, tão brutais, que no meio de toda aquela maquinaria de tecnologia
topo de gama, tudo pareceu abaixo do standart
moderno de cuidados. Mas havia um lado mecânico inegável para o corpo, e isso
era a extrema loucura… e mesmo assim, Mary teve de dar crédito ao irmão de
Marissa. Ele tinha feito isto muitas vezes antes em pacientes, e ele foi
rápido, decisivo e tinha acertado com cada membro de Bitty.
Para dar espaço a Havers, Rhage foi à volta
para o outro lado, a sua altura e tamanho a parecerem a Grande Muralha da
China, a repousar, de repente, mesmo ao lado de Bitty. Agarrando na mão da
rapariga, ele parecia ao mesmo tempo em sofrimento e forte.
- Nós conseguimos fazer isto - disse ele para
ela e Mary. - Vamos passar por isto juntos e depois vamos para casa ver filmes
e comer gelado. Certo? Antes de darmos por ela, já estamos fora daqui, livres e
a colocar isto atrás das costas.
Mary acenou e Bitty também.
- Continua - ordenou Rhage.
Havers moveu a pequena bata hospitalar para
cima, expondo um par de joelhos nodosos que eram grandes demais comparando com
a circunferência da pélvis e das coxas.
Oh, meu Deus, enquanto Mary vivesse, ela ia
lembrar-se sempre daquelas luvas azuis a agarrarem na coxa de Bitty, apertando
a carne magra dela e… Bitty começou a gritar de dor.
E não mais que um segundo depois, uma luz
brilhante faiscou através da sala de exame, brilhante como uma explosão.
Primeiro, Mary pensou que os acessórios acima
das cabeças se tinham apagado, mas depois o cérebro dela fez a horrível conexão.
Desviando subitamente o seu olhar de Havers,
ela olha para Rhage em horror.
- Não, agora não!
Mas era tarde demais.
A besta havia saído, accionada.
(…)
Caos completo.
Com a besta a sair do corpo de Rhage devido
ao sofrimento de Bitty, Mary protege o corpo da pequena rapariga na mesa de
exame com o seu - apesar de não ser por receio que o dragão a magoasse.
Partes do tecto estavam a cair, pedaços de
gesso caíam do sítio onde a cabeça grande do dragão tinha embatido nos painéis.
E depois, a cauda farpada chicoteava para trás e para a frente, estilhaçando
armários e espalhando equipamento, esmagando a pia e fazendo dos canos uma
fonte.
À medida que um jacto de água quente regava
por todo o lado e as luzes tremeluziam, Havers e a sua equipa tiveram
precisamente a ideia errada. Em vez de ficarem quietos, fizeram deles alvos ao
correrem em volta, a tentar ir para a saída que estava bloqueada por algo que
podia comê-los.
Mas, vá lá. Como se algum deles alguma vez
tivesse lidado com uma situação destas?
- Parem! Não se mexam! - Ladrou Mary.
E depois veio o rugido da besta.
Mary virou a cabeça na tentativa de proteger
um dos seus ouvidos, mas ela não ia usar as suas mãos, Bitty estava demasiado
exposta…
Atrás do dragão, a porta da sala de exames
escancarou-se, com Zsadist, V e Lassiter a entrar.
- Fecham a porta! - Gritou Mary. - E fiquem
lá fora!
A melhor hipótese que ela tinha para isto não
se tornar numa carnificina era fazer contacto com o olhar do dragão, acalmá-lo,
e mantê-lo focado nela e em Bitty. Desde que ela conseguisse manter a sua
atenção, ninguém se iria magoar.
A mandíbula do dragão estalou muito perto. E
depois, a besta pareceu tremer à medida que os seus olhos reptilianos olharam
em volta e focaram em Bitty. Soluços altos saíam da garganta dele, e avançou um
passo, a sua pata com garras pesada como um equipamento de construção.
Mary ergueu-se lentamente, deixando que o
alter-ego de Rhage visse a criança.
- Ela está bem. Anda cá, investiga por ti
próprio.
A cabeça maciça do monstro baixou lentamente,
como se não quisesse assustar a pequena rapariga, e com Mary a retroceder, o
focinho cheirou sobre Bitty. Sons de preocupação e de perguntas a saírem, parte
ronronar nervoso, parte arquejos de apreensão.
Bitty levantou a mão e deu uma festinha na
bochecha com escamas roxas.
- Eu estou bem…
A sua voz era surpreendentemente forte, e
depois ela sorriu, como se a sala não estivesse destruída, as pessoas não
estivessem cheias de medo, e ela não tivesse sido sujeita a tortura.
Mary colocou a sua palma no grosso pescoço da
besta, sentindo os músculos e o poder.
- Está tudo bem… shh… isso mesmo, cheira-a…
Sem mexer a cabeça ou até os olhos, ela
suspira para Havers:
- Diz-me que reposicionaste o osso.
Com a sua visão periférica, ela viu o macho a
endireitar os seus óculos com armação de tartaruga, que tinham ficado tortos no
meio da cara.
- Eu… des… des… culpa… o quê?
- O osso - repetiu Mary com o mesmo tom
calmo. - Fizeste tudo o que tinhas de fazer?
- S-s-s-sim, acredito que… sim. P-p-p-preciso
de um raio-X para confirmar.
- Okay,
vamos tentar não fazer isso agora.
As enfermeiras aproximaram-se ainda mais umas
das outras como se tivessem receio que o seu chefe desafiasse aquilo.
- Eu… não - disse ele. - Concordo que não
seria aconselhável agora. Permite-me a pergunta, quanto mais tempo… ah, quanto
tempo ele…?
- Depende. Mas não vamos a lado nenhum até
que o Rhage volte.
Bitty e a besta ainda comunicavam através de
toques e de sons, e no que dizia respeito a Mary, considerando a aflição por
que a rapariga passou, os dois podiam passar as próximas seis horas juntos e os
adultos dentro da sala só tinham que aguentar.
Com isso em mente, Mary olhou à volta e
encolheu-se. Isto ia ficar caro,
pensou ela ao verificar o chão arruinado, o tecto rebentado, os destroços de
vidro dos armários. Mas depois ela voltou a olhar para o seu hellren e para a pequena rapariga. A
besta era uma grande parte desta não-linear e esquisita família, e merecia
pertencer nela…
A porta abriu-se numa nesga, e depois,
Lassiter entrou dentro da sala com equipamento de jogo. À medida que ele
mostrava algo, Mary não conseguiu ver o que era…
Espera um minuto, aquilo era uma barra de Snickers?
- O que estás a fazer? - Ela exclamou
enquanto ele se aproximava cautelosamente.
A besta foi chamada à atenção, o focinho a
arreganhar-se, a rosnar para o anjo. Mas Lassiter estava destemido - o que não
era realmente chocante.
- Aqui - disse ele. - Toma um Snickers. Não és o mesmo quando tens
fome.
Houve uma pausa no batimento cardíaco. E
depois, Mary não pode evitar.
Teve que começar a rir.
- A sério. A sério?
E era engraçado, com Lassiter a olhar por
cima dela, a expressão dele por detrás da grelha do capacete de hóquei,
completamente pateta - no entanto, os seus olhos eram tudo menos isso. Aquelas
pupilas diminutas, o olhar brilhante, estavam mortalmente sérias, oferecendo a
Mary uma espécie de bóia de salvação através da realidade dolorosa que ela
amava a criança que tinha sido horrivelmente mal tratada e isso era algo que
ela teria de lidar para o resto dos seus dias.
- Obrigada - ela suspirou para o anjo à
medida que a besta alcançava e cheirava o invólucro castanho.
- Força - disse Lassiter ao dragão. - Toma.
E quem diria, com uma precisão que era
impressionante, tendo em conta o tamanho daqueles dentes, o alter-ego de Rhage
tomou a pequeníssima barra de chocolate entre os dentes da frente e mastigou-a.
Passado um segundo, houve um poof! E Rhage estava nu e a tremer no
chão.
- Sou bom ou não sou? - Proclamou Lassiter. -
Yeeeeeeeeeeah!
(…)
E
pronto, eis o momento alto 2.
Quem
diria que a besta se deixasse vender por uma barra de chocolate?! A Snickers ficou a ganhar com a
publicidade. Novamente, Lassiter no seu melhor, conseguem imaginar o anjo com
um capacete de hóquei? Eu consigo! Hilariante.
Nightshade