Olá pessoal!!!
Como disse, já temos um capítulo seguido ao outro, o que nos trará agora a história?
Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!
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Aviso
O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.
A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.
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Capítulo 17
Sentada à secretária no Sítio Seguro, Marissa tinha todo o tipo de trabalho para fazer: ficheiros de pacientes para ler, papéis de admissão para aprovar, contas para processar. Em vez de tratar de tudo isso, sentou-se na cadeira e ficou a olhar para aquela tira de metal preta com uma borla vermelha.
Depois de ela e Butch terem chegado a casa, ela mostrou o objecto estranho, parecido com uma chave, a vários Irmãos, e nenhum deles o reconheceu ou foi capaz de dar um nome sólido à coisa. Então, Vishous fez uma busca na Internet por uma imagem do objecto - e não encontrou nada.
Quando ela e Butch foram para a cama, ela estava tão exausta que adormeceu assim que a cabeça tocou na almofada.
Mas não permaneceu assim.
Os seus olhos abriram-se por volta das três da tarde, e ela deitou-se de costas, olhando para a escuridão, enquanto Butch ressonava baixinho ao seu lado.
Era exactamente como o seu hellren tinha dito. Imagens daquela fêmea tinham passado pelo tecto branco, uma montagem fotográfica que a tinha feito chorar. E o mais triste era que a vontade de chorar tinha ficado ainda pior quando ela pensava nela e em Butch.
O que era uma loucura.
Não havia nada de errado entre eles. Ele não podia ter sido mais solidário, levando-a até Havers, acompanhando-a nos seus esforços com a chave, compreendendo tudo o que ela estava a sentir.
- Estou a perder a cabeça - disse ela.
- É para isso que estou aqui.
Marissa levantou a cabeça.
- Mary, olá... desculpa, estava a falar sozinha. Estou um bocado distraída.
A shellan de Rhage entrou e fechou a porta do escritório.
- Sim, fiquei com essa impressão, chamei-te três ou quatro vezes e não me ouviste.
Marissa recostou-se, pôs o cabelo sobre os ombros e forçou um sorriso.
- O que posso fazer por ti?
- Podes falar comigo. - A mulher sentou-se na cadeira do outro lado da secretária. - Estou preocupada contigo.
- Oh, Deus, não percas tempo comigo. Temos aqui pessoas que precisam seriamente da tua ajuda...
- Os bons samaritanos como tu e eu temos dificuldade em fazer o nosso trabalho se não falarmos dos casos difíceis. É um facto. Também gostaria de salientar que sou tua amiga.
No silêncio que se seguiu, Marissa calou-se sobre toda a papelada que não tinha conseguido concentrar-se porque tinha a cabeça revirada. E depois calou-se sobre o dia que passara sem dormir. E, finalmente, não disse nada sobre a estranha distância entre ela e Butch.
- Não consigo tirá-la da cabeça - desabafou. Imediatamente, as lágrimas chegaram, e ela praguejou enquanto pegava num lenço de papel. - Não quero falar sobre isto.
- Eu sei - disse Mary gentilmente. - Acredita em mim, já tive muita experiência pessoal em não falar. Não foi uma boa estratégia.
- Oh, vá lá, tu és a pessoa mais auto-realizada que conheço. És tipo um dez em dez na escala de relacionamento.
- Só viste um instante da minha vida, Marissa. Não me conhecias antes, e continuo a ter dificuldades, tal como toda a gente.
Marissa tapou as olheiras e teve de lutar contra uma onda de choro.
- Como é que se lida com isto?
- A luta? Falo com as pessoas. Falo com Rhage. Escrevo coisas.
- Não... a tábua rasa.
- Desculpa?
Marissa sacudiu o lenço de papel.
- Esquece...
- O facto de uma vida ter acabado para mim e outra ter começado quando me juntei ao Rhage?
Deus, o coração dela estava a bater com força sem razão aparente.
- Sim, é exactamente isso.
Mary cruzou as pernas e mordiscou o lábio inferior e, enquanto se recompunha, Marissa estudou o seu rosto equilibrado, o cabelo castanho recém-cortado e a sua aura de calma e confiança.
Sim, pensou Marissa, Rhage tinha razão. A mulher era lindíssima - não no sentido vistoso, de rainha da beleza, nem no sentido de modelo anoréctica, sem carne, e nem sequer no sentido de rapariga com o corpo ideal. Mary era como o brilho de uma fogueira no Inverno rigoroso, quente e sustentadora, cativante e iluminadora.
Não admirava que o Irmão a adorasse.
Com um suspiro, Mary disse:
- Acho que foi diferente para mim porque eu estava a morrer… assim, eu sabia que ia partir? Embora não soubesse que o cancro tinha voltado durante algum tempo, estava a preparar-me para o dia em que me diriam que tinha voltado. Por isso, fui-me embora. Fiz as minhas malas mentais e emocionais, comprei o meu bilhete e estava pronta para partir. Quero dizer, a minha mãe tinha falecido, eu não me tinha ligado a mais ninguém no planeta... não havia nada para mim, por isso não tinha que me afastar de nada, se é que isso faz sentido?
Marissa pensou na noite em que o irmão a tinha posto na rua por estar com Butch.
- Se bem entendi - disse Mary, - não foi esse o teu caso, pois não?
Marissa teve de desviar o olhar.
- Não, não foi. Voltei para a casa que Havers e eu partilhávamos, e numa noite, pouco antes do amanhecer, ele... - Agora, as lágrimas escorriam e caíam depressa. Ela limpou-as antes de poder continuar. - Todas as minhas coisas tinham sido arrumadas. Ele disse-me que não se importava para onde eu ia, só me queria fora da casa dele. Ele colocou dinheiro...
Ela teve de limpar a garganta.
- Ele colocou dinheiro numa das malas. Era como se ele não quisesse tocar-me. - A fungar, ela tirou outro lenço de papel e assoou o nariz. - Fiquei com o dinheiro. Ainda tenho aquelas notas de cem dólares. Às vezes, quando as encontro na gaveta, penso: porque é que as guardo? Porque é que eu… oh, por amor de Deus. - Teve de tirar um terceiro lenço de papel. - O que é que se passa comigo? Aquela rapariga está morta e eu não consigo encontrar a família dela ou quem a matou, e estou aqui sentada a queixar-me do estúpido do meu irmão que já não é novidade. Isto é ridículo.
- Isso é um trauma do passado - Mary apontou uniformemente.
- Estou a aborrecer-me a mim própria.
- Bem, já pensaste no que realmente aconteceu ontem à noite?
- Está a gozar comigo? Não há mais nada na minha maldita mente.
- Não, quero dizer se pensaste nisso.
- Se o que queres dizer é que tive de ver uma jovem fêmea morrer à minha frente e que a sua perda é um trágico desperdício de vida que aparentemente sou impotente para corrigir, sim, claro que pensei.
Mary abanou a cabeça.
- Com todo o respeito, não estás a perceber o que quero dizer. Ontem à noite, pela primeira vez desde que Havers acabou com a vossa relação, sendo o único parente de sangue que tens, foste forçada a contar com a ajuda dele. Não conseguias salvar a rapariga, por isso tiveste de recorrer ao teu irmão e esperar e rezar para que ele fizesse a coisa certa por ela.
- Mas ele fê-lo. - Marissa soltou uma imprecação dura. - Ele foi fantástico com ela.
- E como é que isso te fez sentir, tendo em conta o quanto ele te tratou mal?
E… mais lágrimas.
- Eu pensei nisso, quando a fui ver mesmo antes de ela morrer.
- Eis o que eu sei ser verdade, podemos enterrar o passado o quanto quisermos, podemos usar centenas de milhares de distracções, algumas das quais são saudáveis, outras não, para manter tudo debaixo da terra; mas quando algo não é processado, vai absoluta e positivamente voltar e dar-nos um pontapé no rabo. Tiveste uma vida difícil antes de te apaixonares pelo Butch, e foi sem dúvida um grande alívio deixar tudo isso para trás e começar de novo. Mas não se pode ultrapassar o que veio antes. Lembra-te, Marissa, nós somos todas as idades que já tivemos em cada momento das nossas vidas. Levamos tudo connosco como um fardo. Mais cedo ou mais tarde, as coisas com o teu irmão iriam voltar a surgir. É a vida.
Marissa fez outro espectáculo molhado debaixo dos olhos.
- Estou a ter dificuldade em relacionar-me com o Butch.
- Claro que estás, foi ele que causou a ruptura.
Marissa encolheu-se.
- Espera aí, ele só tem sido bom para mim...
- Não é uma questão de culpa, Marissa. Tu estavas num caminho, ele entrou na tua vida e agora estás noutro. Não estou a julgá-lo nem a dizer que ele fez algo de errado; estou apenas a constatar um facto.
Por alguma razão, ela lembrava-se de ter ficado bem acordada enquanto deixava Butch dormir. Isso nunca tinha acontecido nem mesmo há um ano atrás.
- O que é que eu faço?
- Não vais gostar do que tenho para dizer.
- Acho que não pode piorar.
- Vais ter de fazer as pazes com o teu irmão.
Marissa fechou os olhos.
- Nunca serei capaz de o perdoar.
- Fazer as pazes não significa que o absolvas dos seus erros. E, sinceramente, ele não é o único com quem tens de te reconciliar. A glymera tratou-te horrivelmente, a tua posição dentro da aristocracia era insustentável, e o Wrath era uma merda real… e digo isto com amor. Tens uma quantidade tremenda de dor e rejeição que, no início, guardaste porque era a única forma de sobreviver, e que depois puseste de lado porque finalmente tiveste uma oportunidade de te sentires bem na tua própria vida. - Mary indicou com a cabeça para a papelada em cima da secretária. - Se queres voltar a ser produtiva, vais ter de olhar para todas essas pedras nos sapatos, sentir os teus sentimentos e sair do outro lado dessa viagem.
O lenço número quatro saiu da caixa com um estalido, mas ela acabou por não o usar. Limitou-se a torcer a coisa nas suas mãos.
- Não quero esquecer a rapariga. Não quero que isto seja só sobre mim.
- Ninguém diz que tens de parar de tentar descobrir quem ela é ou de fazer o que é certo por ela. Mas não uses isso como desculpa para arrumar toda essa roupa suja e enfiá-la de novo na cave. Essa é uma estratégia de sobrevivência a curto prazo que não vai aguentar. E da próxima vez que tudo isto voltar a acontecer; e vai acontecer… vai ser ainda mais difícil, porque também vais reviver tudo isto com a rapariga. Vês, é assim que as pessoas ficam paralisadas. Elas enchem e enchem e enchem, e os gatilhos continuam a vir e as camadas continuam a construir-se até que a carga se torna demasiado pesada, e elas cedem.
Marissa continuava a enrolar e a desenrolar o lenço.
- Tens razão.
- Eu sei.
Depois de respirar fundo, Marissa olhou para o outro lado da secretária.
- Posso dar-te um abraço?
- Por favor! Estás a gozar?
Levantaram-se as duas e Marissa deu a volta à secretária para abraçar a mulher mais pequena. O abraço que recebeu em troca foi tão forte e firme que ela voltou a chorar.
- Estás sempre presente quando preciso de ti - disse Marissa, com a voz embargada. - Amo-te demasiado para conseguir descrever.
- É para isso que servem os amigos. - Mary afastou-se. - E tu um dia vais fazer o mesmo por mim.
Marissa bufou e revirou os olhos.
- Duvido.
- Confia em mim.
- Sou uma confusão de emoções.
- Não, tu és humana. - Mary abanou a cabeça. - Desculpa, força de hábito... Estás viva e estás a lutar e és linda por dentro e por fora. E eu também te amo.
- Ainda não sei exactamente o que fazer a seguir.
- Pensa sobre isso. A resposta irá aparecer. Lembra-te, perdoar não significa esquecer, esconder não é uma estratégia a longo prazo e a distração não é tua amiga. Enfrenta isto de cabeça erguida e não te esqueças que eu te protejo, okay?
Depois de a mulher ter saído, Marissa dirigiu-se à cadeira do escritório e voltou a sentar-se. Por alguma razão, os seus olhos fixaram-se no telefone - o da secretária, não o do telemóvel. O passado. O irmão dela. Butch. A rapariga. A glymera. Mary tinha razão, havia muita coisa com que ela não estava a lidar.
E, para começar, mais valia atacar o que lhe parecia menos assustador. Ou... bem, talvez o mais exequível.
Pegando no auscultador, ela remexeu nos papéis e encontrou o cartão cor-de-rosa que lhe tinha sido dado duas noites antes. Marcando o número local, tirou o brinco de pérola e recostou-se na cadeira.
Uma empregada atendeu o telefone, colocou-a em espera... e depois uma voz feminina arrogante disse:
- Oh, olá! Estou muito contente por ter telefonado.
Marissa cerrou os dentes.
- Eu faço-o. Vou presidir ao festival.
- Oh! Isso é maravilhoso! Que maravilha...
Enquanto os chavões continuavam, Marissa fechou os olhos e ouviu a voz de Mary na sua cabeça: Vais ter de fazer as pazes com o teu irmão.
Oh, meu Deus, pensou ela. Não fazia ideia de como é que isso ia acontecer - mas sabia o que eram festas, raios.
Começar com coisas pequenas primeiro. Depois, começar com as coisas grandes.
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Estão a gostar, contem-me tudo!
Sunshine ;)
