Excelente segunda-feira!
Ora cá estou
eu como prometido. Andei a sondar algumas pessoas, para saber o que excerto queriam
ver traduzido e, por isso, trago um que ninguém pediu xD Ai, que má que eu sou…
Tinha de
começar por algum lado, não é?
Continuam a
surgir dúvidas relativas à gravidez de Beth, mas na sessão de autógrafos da
senhora humana escritora, ficou tudo mais ou menos esclarecido. A Beth não
engravida depois da Layla. Ela já estava grávida, antes da necessidade da
Autumn, só que ninguém sabia. Como a gravidez, para além de começar primeiro, é
só de nove meses, é claro que o vai ter muito antes da Layla. A Tamara está
escandalizada com Layla por se oferecer a Xcor e destruir o que construiu com
Qhuinn. Em primeiro lugar, ela construiu uma amizade com Qhuinn e ela não é
posta em causa. Vai-se oferecer a Xcor, para ele deixar de atacar Wrath, ou
seja, quis defender o seu Rei. Para além disso, se fosse eu, já me tinha
atirado a ele há muuuuuito, muuuuito tempo.
Queria
agradecer, não só à Tamara, mas também à Vânia, à Ana, Viviana, MissyLi, Nicon S2, Anónimo, Rute, Sílvia, Nancy, Kátia, Gisele e Amalya pelos
comentários que deixaram. E um beijo bom para aqueles que me mandaram uma
palavrinha para o e-mail!
Espero que
gostem!
Boas
leituras.
Beijos bons.
SPOILERS –
THE KING
Fechando os
olhos, desmaterializou-se e re-formou-se num relvado coberto de neve que era
tão grande como o parque de uma cidade e igualmente bem cuidado. Afinal, o seu
pai odiava coisas fora do sítio: plantas, relva, obras de arte, móveis… filhos.
A grande casa à sua frente tinha uns quatro mil e quinhentos metros quadrados
de área, as várias alas construídas ao longo do tempo por gerações de humanos.
Olhando para cima através da noite de inverno, Saxton relembrou o verdadeiro
motivo que levou o seu pai a adquirir a propriedade quando um graduado a deixou
à Union College – era o País Antigo no Novo Mundo, o lar longe da mãe pátria.
O seu pai,
um tradicionalista, cultivava o regresso às origens. Não que ele alguma vez as
tivesse deixado.
Aproximando-se
da grande entrada principal, as lanternas a gás tremeluziram de cada um dos
lados da gigantesca porta, lançando uma luz antiga nas gravuras da pedra feitas
no século XIX num revivalismo do estilo gótico. Ao parar, pensou que talvez não
devesse tocar à campainha porque o pessoal da casa estava a aguardá-lo. Eles, tal
como o pai, estavam sempre com pressa de o fazer entrar ou sair da casa, como
se fosse um documento para dar despacho ou um jantar para servir e arrumar a
louça rapidamente.
No entanto,
ninguém abriu a porta.
Inclinando-se,
puxou uma corrente de ferro recoberta a veludo para fazer soar a campainha.
Não obteve
resposta.
Franzindo a
testa, deu um passo atrás e espreitou para o lado, mas isso não o levou a lado
nenhum. Havia demasiados arbustos aparados para se poder espreitar pelas
janelas de vidro reforçado em forma de diamante.
Ficar
trancado fora de casa era um retrato do seu relacionamento com o pai, não era?
O macho pede para ele vir no seu aniversário e depois deixa-o ao frio à porta.
Na
realidade, Saxton já decidira que a sua vida era um vai-te foder para o pai.
Pelo que sabia, Tyhm sempre quisera uma cria – um filho especificamente. Rezou
à Virgem Escrivã por um. E o seu desejo foi realizado.
Infelizmente,
acabou por se revelar um mau negócio.
Quando
estava a ponderar se devia tocar outra vez, a porta foi aberta pelo mordomo. A
cara do doggen impávida como sempre,
mas o facto de não fazer uma vénia ao primogénito e filho único do seu amo
tinha, na sua opinião, muito que dizer acerca de quem ele ia deixar entrar.
Não fora
sempre assim. Mas a mãe morreu e o seu segredo foi descoberto…
- O seu pai
está ocupado. – Tal e qual. Nada de dá-me-o-seu-casaco?, Como vai?, ou mesmo
Realmente, a noite está fria.
Nem uma
conversa sobre o tempo lhe podia ser dispensada.
Quando o
mordomo se afastou para o lado e fitou a parede forrada a seda do lado oposto
dele, passar por aquele olhar fixo era como ser picado por uma vedação
eletrificada – pelo menos, Saxton estava habituado. E sabia para onde devia ir.
A sala das
damas era à esquerda e, ao entrar na sala afetada, pôs as mãos nos bolsos do
casaco. As paredes lavanda e o tapete amarelo-limão eram brilhantes e alegres e
a verdade era que, embora colocá-lo ali fosse para ser tomado como um insulto,
ele preferia-a bem mais que a sala equivalente para os cavalheiros com paneis
de madeira do outro lado da entrada.
A mãe
morrera há três anos, mas isto não era um templo de saudade. De facto, nem se
apercebera do pai ter dado pela falta da fêmea.
Tyhm sempre
se interessou mais pela lei do que por… assuntos da glymera.
(…)
[Saxton ouve uma conversa através das paredes. Intrigado, sai e
descobre que o pai estava a estudar as leis da sucessão, regressou a tempo de
ser chamado pelo mordomo para ir ter com o pai.]
- O teu
primo vai emparelhar.
Ao ser
conduzido pelas portas do estúdio do seu pai, foi este o cumprimento que
recebeu.
Lá vamos
nós, pensou. E a próxima vez que conversarem, de certeza que seria acerca do
dito primo que teria um filho saudável e que iria crescer normal. Acho que este era o seu “presente” de aniversário – um
relatório de um familiar qualquer a ter o estilo correto de vida, o que quer
dizer que ele é uma vergonha para a linhagem de sangue e um desperdício de ADN
do seu pai.
De facto, as
alegres atualizações começaram pouco depois do seu pai saber que ele era gay e
ele lembrava-se de todas as declarações, que dispôs como feios bibelôs na
prateleira da mente. A que mais odiou? A notícia de há uns meses atrás acerca
de um macho gay ter saído com outro macho gay da espécie e terem acabado
espancados num beco por humanos.
O pai não
fazia ideia de que estava a falar do seu próprio filho.
O crime de
ódio foi a tónica do seu primeiro encontro com Blay e quase morreu dos
ferimentos. Não teve ajuda médica – Havers, o único médico da raça, era um
tradicionalista devoto e estava a recusar tratamento a todos os homossexuais.
Ir a um médico humano nem pensar. Sim, havia na cidade clínicas abertas vinte e
quatro horas, mas consumiu toda a energia que tinha para se arrastar até casa –
e estava demasiado envergonhado para pedir ajuda.
Mas Blay
apareceu e tudo mudou para eles.
Por algum
tempo, pelo menos.
- Ouviste o
que eu disse? – Perguntou o pai.
- Que
maravilhosos… qual dos primos?
- O filho de
Enoch. Foi combinado. As famílias vão fazer uma festa de fim de semana para
celebrar.
- Na
propriedade deles aqui ou na Carolina do Sul?
- Aqui. Já é
hora da raça restabelecer as devidas tradições em Caldwell. Sem tradição, não
somos nada.
Entenda-se:
És um inútil a menos que sigas as regras.
(…)
- Então, que
tens feito? – Murmurou o pai enquanto tamborilava a mesa com os dedos.
Por cima da
cabeça do macho, o quadro do seu pai tinha uma expressão de desagrado idêntica.
Ao ser preso
por dois pares de olhos semicerrados, teve a quase irresistível vontade de
responder honestamente: Saxton era, na realidade, o Primeiro Conselheiro do Rei.
E mesmo nestes tempos em que não se via a monarquia com bons olhos, era
impressionante.
Especialmente
para quem reverenciava a lei como o seu pai.
Mas não,
pensou Saxton. Não ia dizer nada.
- Estou onde
estava, - murmurou.
- Obrigações
e propriedades é um campo complicado. Estou surpreendido que o tivesse
escolhido. Quem são os teus mais recentes clientes?
- Sabe que
não posso divulgar.
O pai
afastou o assunto.
- Também, de
certeza, não haveria de conhecer ninguém.
Não,
provavelmente não. – Saxton tentou sorrir um pouco. – E você?
(…)
[Toca o telefone, Saxton sai, vai fotografar os livros
abertos, mas aparece o pai. Saxton consegue disfarçar e pergunta-lhe em que
está a trabalhar.]
- Wrath não
serve para Rei da raça. – Tyhm abana a cabeça. – Não aconteceu nada de bom desde
que o seu pai foi morto. Isso é que era um governante. Eu era novo quanto fui à
corte, mas lembro-me de Wrath e, visto que o filho não sabe fazer as coisas
corretamente… o pai dele era um Rei exemplar, um macho sábio paciente e
majestoso. Esta geração foi um fracasso tão grande.
Saxton olhou
para o chão. Por um motivo absurdo, reparou que os seus sapatos estavam
perfeitamente engraxados. Todos os seus sapatos estavam. Limpos e brilhantes,
engraxados.
Achou
difícil respirar.
- Eu pensei
que a Irmandade estava… a tomar conta das coisas bastante bem. Depois dos
ataques, acabaram com muitos matadores…
- O facto de
usares a palavra depois para
modificar ataques é a única coisa que
interessa. Um comentário vergonhoso – Wrath não quis saber da governação até
casar com aquela mestiça dele. Só aí, quando pretendeu contaminar o trono com
os humanos genes bastardos dela é que ele tentou ser Rei. O pai dele havia de
odiar isto – aquela humana a usar o anel da sua mãe? É uma desonra que não
pode… - Teve de clarear a garganta. – Não pode simplesmente ser tolerado.
À medida que
as implicações faziam luz em Saxton, ele sentiu o sangue a desaparecer da
cabeça. Ó, Deus… como é que não previram aquilo?
Beth. Eles iam deitá-lo abaixo através
dela.
O pai ergueu
o queixo, a maçã-de-adão saliente como um punho na parte da frente do pescoço.
- E alguém
tem de fazer alguma coisa. Alguém tem de… fazer alguma coisa quando se fazem
más escolhas.
Como ser
gay, Saxton completou por ele. E depois apercebeu-se…
Era quase
como se o seu pai estivesse a juntar forças… só por causa de não poder fazer
nada contra o fracasso do seu filho.
- Wrath será
destituído do trono, - afirmou Tyhm com um renovar de forças. – E outro que não
se tenha afastado dos valores fundamentais da raça será posto no seu lugar. É a
consequência adequada para quem não faz as coisas como deve ser.
(…)
- Odeia-me?
– Irrompeu Saxton.
Os olhos do
pai ergueram-se dos livros que pavimentariam o caminho da abdicação. Ao
cruzarem os olhos no desenho da destruição de Wrath, Saxton ficou reduzido à
criança que apenas queria ser amada e valorizada pelo único elemento da família
que tinha.
- Sim, -
disse o pai. – Odeio-te.
(The King,
excertos dos Capítulos 26 e 27)
Porque é que comecei por aqui?
1 – Saxton está a revelar-se bem melhor do
que pensei e foi absolutamente incansável a ajudar o Rei.
2 – Para terem noção do tipo de gente que é
a glymera… como se não soubessem, do que vão argumentar contra o Rei e o que
pensam do papá do Wrath.
De resto, mim dava colo e mimis ao Saxton!
Amanhã há mais!