Uma gloriosa segunda-feira para
todos.
Admito que estive indecisa quanto
à publicação de hoje.
Porquê?
Ora, primeiro, porque é feriado
onde trabalho, por isso estou na gruta a ver se o morceguito mais pequeno resolve
dormir, ou calar-se, ou parar quieto, o que não é fácil. Por isso estive quase
a não vir cá.
Em segundo lugar, porque há por aí
gente a apelidar-se de cota sem saber o que isso é, pelo que Wrath e os seus
mais de 300 anos são um bom exemplo. Para
mim, só há gente que nasce morta para a vida, ou não. Velhice é quem anda morto
e longe das loucuras literárias.
Em terceiro, queria avisar que o
capítulo seguinte de Father Mine,
está parcialmente no livro Na Sombra do
Amor e que será melhor lê-lo antes de eu o mandar para o blogue.
Dito isto, apresento-vos Wrath e o
abre cartas. Publicado em outubro de 2008, no Black Dagger Brotherhood An Insider’s Guide.
Boas leituras :)
Wrath e o abre cartas – Primeira Parte
Quem disse que não podia nevar em
Julho estava fodido da cabeça.
Wrath recostou-se no seu trono e
olhou para a pilha branca em frente: Pedidos dirigidos a ele, enquanto rei, a solicitar
a sua intervenção em assuntos civis. Procurações passadas a Fritz para proceder
a transações bancárias. O rio de “sugestões úteis” da Glymera que só serviam os interesses dela. Era de admirar que a
secretária conseguisse aguentar com aquilo tudo.
Por trás dele, ouviu uma série de
ruídos metálicos para de seguida se erguerem os estores para a noite. Com o
barulho do aço a subir veio um som abafado a avisar de antemão a aproximação de
uma das tempestades de verão de Caldwell.
Wrath endireitou-se e pegou na
lupa. A coisa estava a tornar-se uma extensão do braço e ele odiava-a.
Primeiro, aquela merda não funcionava, não conseguia ver melhor com ela. E, em
segundo, recordava-lhe que, para todos os efeitos, a vida dele se reduzia a uma
secretária.
Um trabalho burocrático com
propósito, honra e nobreza. Mas mesmo assim horrível.
Preguiçosamente, pegou num abre
cartas que sustinha o seu brasão e equilibrou a ponta no indicador,
suspendendo-o no ar. Para tornar o jogo mais complicado, fechou os olhos e
fazia círculos com a mão para criar instabilidade, para se testar e usar outros
sentidos para além da fraca visão.
Com uma praga, abriu os olhos.
Cristo, para que é que estava a perder tempo? Tinha cerca de dez mil coisas
para fazer. E todas urgentes.
Ouviu vozes do outro lado das
portas duplas. Deixando-se levar pela incaracterística onda de preguiça, atirou
o abre cartas para o monte branco de merda que tinha para tratar e saiu. No patamar,
colocou as mãos na balaustrada revestida a folha de ouro e desceu os olhos.
Lá em baixo, Vishous, Rhage e
Phury preparavam-se para sair, a tagarelar enquanto voltavam a verificar as
armas. Mais afastado, Zsadist encostava-se a uma coluna de malaquite, uma bota
cruzada sobre a outra. Tinha uma adaga negra na mão que atirava a girar para depois
a apanhar, uma e outra vez. De cada vez que subia, a lâmina captava a luz em
brilhos azuis marinho.
Caramba, aquelas adagas que o V
fazia eram fantásticas. Afiadas como navalhas, com uma calibração perfeita, o
punho feito com precisão só para a mão de Z, a arma não era uma obra de arte,
era uma obra divina: uma configuração simples de aço que significava a
sobrevivência da espécie. E, foda-se, era uma boa-viagem-de-regresso-ao-Ómega
para os minguantes.
- Vamos a isso, - disse Rhage
quando se dirigiu à porta. Passando por cima dos mosaicos da entrada, movia-se
com o seu típico balançar e impaciência, obviamente sedento pela luta que ia
encontrar, a besta tão pronta como ele.
Vishous seguia atrás, todo ele
passadas descontraídas e calma letal. Phury também estava calmo, sem se notar
minimamente que coxeava graças à nova prótese que agora tinha.
Despertando, Zsadist
desencostou-se da coluna e embainhou a adaga. A fricção do metal contra o metal
ressoou até Wrath qual suspiro de satisfação.
Os rancorosos olhos negros de Z
seguiram o som. À luz do teto, a cicatriz tornava-se mais visível, o lábio
superior arruinado mais percetível que nunca.
- Boa noite, meu Senhor.
Wrath cumprimentou-o com um aceno
da cabeça, ciente que a Sociedade dos Minguantes iria enfrentar um demónio na
figura do macho que ali estava. Apesar de Bella, sempre que saía para lutar, o
ódio regressava. Com uma aura terrível, o lume entranhava-se-lhe nos ossos e
nos músculos, tornando-se indistinto do corpo, fazendo dele aquilo que sempre
foi: um selvagem capaz de tudo.
Considerando o que a shellan dele teve de suportar, Wrath não
o culpava pela fúria assassina. Em nada.
Z encaminhou-se para a porta e
parou. Por cima do ombro, disse:
- Esta noite pareces tenso.
- Isto passa.
O sorriso que lhe ofereceu não
era de alegria, mas antes um esgar agressivo.
- Não consigo contar até dez
durante muito tempo. E tu?
Wrath franziu o sobrolho, mas o
Irmão já estava porta fora. Na noite.
Sozinho, Wrath regressou ao
escritório. Sentou-se atrás da secretária trabalhada e a mão encontrou o abre
cartas, o indicador a percorrer-lhe o fio. Quando olhou para a coisa, soube que
se podia matar com aquilo. Só que sem elegância.
Cerrando o punho com força como
se fosse mesmo uma arma, fez pontaria com aquilo por cima da montanha de papel.
Ao mover-se, as tatuagens que lhe percorriam o braço esticaram, a sua linhagem
pura escrita a negro, clara e evidente. Não que ele conseguisse ler o selo de
aprovação da sua pureza.
Jesus, que caralho estava ele a
fazer a apodrecer no trono?
Como é que isto aconteceu? Os
Irmãos no terreno. Ele sentado ali com a merda de um abre cartas.
- Wrath?
Olhou para cima. Beth estava à
porta, de velhos calções e uma t-shirt de alças. O longo cabelo negro
passava-lhe dos ombros e cheirava a rosas noturnas… rosas noturnas e ao seu
cheiro de vinculação.
Ao olhar para ela, por algum
motivo lembrou-se dos exercícios que se obrigava a fazer no ginásio… aquelas
obscenas rodas de ratos que matavam o corpo e não o levavam a lado nenhum.
Deus… havia coisas que não se
podiam treinar numa passadeira. Havia coisas que faltavam mesmo que queimasses
o corpo e o suor corresse tão rápido como o sangue nas veias.
Pois… Antes de te aperceberes,
perdias o jeito. Passavas de adaga a bibelot.
Castrado.
- Wrath? Estás bem?
Ele acenou.
- Sim. Estou bem.
Os olhos azuis dela
estreitaram-se e a cor parecia-lhe a mesma da lâmina da adaga de Z a refletir a
luz: azul-escuro. Maravilhoso.
E a inteligência que lá estava
tão afiada como aquela arma.
- Wrath, fala comigo.
***
Na Tenth street, Zsadist corria pelo passeio, rápido como a brisa,
silencioso como um fantasma, um espetro vestido de cabedal a localizar a
vítima. Encontrou as primeiras mortes da noite, mas para já tinha o corpo
trancado, a conter-se à espera de ter um pouco de privacidade.
Para a Irmandade não havia lutas
em público. A menos que tivesse mesmo de ser.
E esta pequena e iminente dança
iria fazer barulho. Os três minguantes que seguia eram dos grandes, todos
pálidos, com aspeto de dar luta, a moverem-se pelo chão com grandes corpos de
ritmo mortífero.
Caralho, precisava de os enfiar
num beco.
Enquanto seguiam caminho, a
tempestade alargou os braços lá em cima e começou a bater na noite, os
relâmpagos a surgir e os trovões a praguejar. O vento corria rua abaixo,
tropeçava e caía, formando rajadas que puxavam para depois empurrarem as costas
de Z.
Disse a si próprio para ser
paciente, mas parecia-lhe que conter-se era castigo.
Só que, como um presente da
Virgem Escrivã, o trio virou para um beco. E voltaram-se para o encarar.
Ah, afinal isto não era um
presente nem sorte. Eles sabiam que ele andava atrás deles e tinham andado à
procura de um canto escuro para acabarem com ele.
Sim, bem, era hora da valsa,
filhos da puta.
Z desembainhou a adaga e saiu a
correr, despoletando a luta. À medida que avançava, os minguantes recuavam, a
desaparecer para dentro do comprido beco, encontrando as sombras necessárias para
se esconderem dos olhos dos humanos.
Z tomou o da direita como alvo
por ser o filho da mãe maior e ter a maior faca, pelo que desarmá-lo era uma
prioridade tática. Era também algo que Z estava sedento de fazer.
O ímpeto levava-o cada vez mais
depressa, e mais, até que só roçava o chão, as botas mal tocavam o passeio.
Quando avançava ele era o vento a atravessar a rua, a levar tudo à frente, a
varrer o que encontrava.
Os minguantes estavam prontos,
trocavam posições, preparavam-se para o conflito, o maior à frente e os outros
dois a flanquearem-no.
No último segundo, Z dobrou-se
numa bola, rolou pelo asfalto. Pôs-se a pé rapidamente, apanhou a barriga de um
minguante da retaguarda, abrindo-o como a uma almofada. Diabo, furos abdominais
eram sempre uma confusão, mesmo se não comesses, e o matador caiu numa cascata
de sangue negro.
Infelizmente, quando caiu,
conseguiu ferir Z no pescoço com um canivete de mola.
Z sentiu a pele a abrir e a veia
a escorrer, mas não havia tempo para pensar em ferimentos. Concentrou-se nos
outros dois, soltando a segunda adaga de maneira a ser uma máquina de cortar
com dois punhos. A luta encaminhou-se rapidamente para o obsceno, e quando um
segundo ferimento lhe abriu o ombro, pensou que talvez precisasse que alguém o
viesse buscar no final.
Especialmente quando um corrente
de aço enorme lhe rodeou o pescoço e o apertou. Com um esticão, foi levantado
do chão e aterrou com tanta força no chão que lhe pareceu ter sido espancado. Saiu-lhe
todo o ar dos pulmões depois daquela ordem de despejo e não voltou, a caixa
torácica a recusar-se a voltar a expandir independentemente do esforço que
fazia com a boca.
Mesmo antes de desmaiar, pensou
em Bella e o pânico de a deixar deu-lhe o empurrão que necessitava. O esterno
arfava aos céus, inspirando tanto ar que aquela merda chegou-lhe aos
testículos. E mesmo a tempo.
Quando os dois minguantes caíram
sobre ele, torceu-se para o lado e encontrou o equilíbrio. Por instinto e
experiência, cruzou as adagas num clássico tranca e atravessa no primeiro
matador, decapitando-o. Depois esfaqueou o outro num ouvido, deixando-o
incapacitado.
Exceto que apareceram mais
quatro: era a cavalaria, toda linda e fresca, pronta para o trabalho.
Z estava agora numa situação de
merda.
Embainhou um adaga e sacou uma
das SIG, apesar de a arma fazer
barulho. E teve que engolir o orgulho. Tinha acabado de a destrancar, quando
viu duas luzes verdes claras ao fundo do beco.
Como os Minguantes ficaram
quietos, era óbvio que também tinham visto.
Z praguejou. Dinheiro para
parvos, era um novo tipo de luzes de automóvel e em breve apareceria uma série
de desocupados.
Foi então que a temperatura
desceu uns vinte graus. De repente. Como se alguém tivesse descarregado duas
toneladas de gelo seco à frente de uma ventoinha industrial.
Zsadist atirou a cabeça para trás
a rir alto, a força a voltar ao corpo apesar da garganta cortada e do ombro a
sangrar. Quando a chuva começou a cair, ele até chiou de agressividade.
Os minguantes acharam que ele,
obviamente, estava maluco. Mas caiu um relâmpago e o beco ficou iluminado como pela
luz do dia.
Wrath apareceu do outro lado, as
pernas poderosas presas ao chão como troncos de carvalho, os braços estendidos
como vigas, o vento a chicotear-lhe o cabelo comprido. O brilho dos olhos eram
um gritante chamamento de morte na noite, as presas brancas e aguçadas viam-se
a metros e metros de distância. Nas mãos as suas estrelas imagem de marca, nos
quadris as suas Berettas… e no peito,
cruzadas com os punhos para baixo, as adagas negras da Irmandade, as armas que
não voltou a usar desde que subiu ao trono.
O rei saiu à rua para matar.
Zsadist olhou para os minguantes,
um deles a marcar um número no telemóvel para pedir mais ajuda.
Diabo, pensou Z, estava mais do que
pronto para entrar no jogo.
Ele e Wrath nunca tinham lutando
juntos, mas iriam fazê-lo nessa noite. E sairiam vencedores.
Que mais pode desejar uma fêmea? Z e Wrath juntos... Mamma mia!
Já agora, aproveito para avisar que a segunda parte vai ter 3 bolinhas vermelhas. "É duma biolência... uhhh... ahhhh... - os gemidos são da Nasan! xD)
4 comentários:
- Viv disse...
-
A primeira coisa que me passou pela cabrça quando li a primeira frase: "Não Agoires!!!" Já chega frio e neve em finais de Maio XD
Com que então foi aqui que começaram as "escapadelas" do nosso Rei favorito que o levou a estar em maus lençóis com a nossa Rainha preferida. ;P - segunda-feira, maio 20, 2013
- Cláudia disse...
-
Obrigada por traduzires Wrath e o abre cartas :) Tenho tanta pena que a casa das letras ainda não tenha publicado em protuguês Black Dagger Brotherhood An Insider’s Guide (adoro ter todos os livros lindos e maravilhosos na minha estante).
E em relação a idade meninas, frase cliche mas muito apropiada "é so um numero" Beijos a todas :) - segunda-feira, maio 20, 2013
- Alex Nason disse...
-
Quero mais disto!
Mas por favor nao me faças esperar mais pelo Z :(
Beijinhos! :) - segunda-feira, maio 20, 2013
- Margarida disse...
-
Jesus...Z e o Rei juntos...+ por favor!!!!
- terça-feira, maio 21, 2013
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