Antes de pormos as leituras em dia, queria dizer umas coisas:
1ª coisa - Quem, como a nossa A., quiser apresentar a sua opinião, pode E DEVE fazê-lo. No entanto, em vez de colocar nos comentários, é preferível que mande um e-milío, ou para a irmandade (ver algures pelo blogue), ou para mim (morcego.notivago@gmail.com), ou para a Alex (que também não se deve importar, mas não tenho o endereço dela e estou a falar de cor). Nós publicamos e fica mais melhor bom. Ai, mas eu só quero fazer um comentário e tenho vergonha de ver o meu nome
2ª coisa - A Viviana fez anos ontem e ela pode optar entre a publicação de ontem e a de hoje para escolher a prenda!
3ª coisa - A menina Alex que nem pense em armadilhar-me a gruta ou pôr minas anti-morCeGo na minha entrada. Telefonei ao V e ele disse-me dos teus planos diabólicos (claro que a conversa foi em inglês com sotaque americano, porque se aquilo fala muitas línguas, nunca ninguém lhas ouviu!). A partir de hoje o Z vai-me patrulhar a área e zelar pela minha segurança! Ora toma!
4ª coisa - Boas leituras e beijos bons.
SPOILERS___SPOILERS
Lover Reborn e Lover at Last
[Depois de Blay dizer a toda a gente que Qhuinn deu uma coça no Xcor por ele ter atentado contra a vida de Wrath - Lover Reborn]
Mal o viram entrar pela porta,
calaram-se todos. Como se a sala tivesse um comando e alguém os tivesse
desligado.
Qhuinn estacou. Deu uma vista de
olhos a si próprio no caso de ter alguma coisa indecente à mostra. Olhou para
trás na eventualidade de alguém importante estar a descer as escadas.
Depois olhou para todos, a pensar
no que estava a falhar….
Na grande e gritante ausência de
som e de movimento, Wrath apoiou-se no braço da sua rainha e gemeu enquanto se
punha a pé. Tinha uma ligadura à volta do pescoço e parecia um bocado pálido,
mas estava vivo… e, com uma expressão muito séria, Qhuinn sentiu estar a ser
fisicamente embrulhado.
O rei pôs a mão do anel de
diamante negro da raça no seu próprio peito, mesmo no meio, sobre o coração… e
devagar, a custo, com a ajuda da sua shellan,
dobrou-se pela cintura.
A fazer uma vénia a Qhuinn.
Quando o sangue lhe fugiu do
cérebro e Qhuinn se perguntava que caralho estava a fazer o vampiro mais
importante do planeta, alguém começou a bater palmas devagar.
Clap. Clap. Clap!
Outros juntaram-se, até que toda a
assembleia, Phury e Cormia, Z e Bella e a bebé Nalla, Fritz e o resto do
pessoal… Vishous e Payne e os respetivos companheiros, Butch e Marissa e Rehv e
Ehlena… todos lhe batiam palmas com lágrimas nos olhos.
Qhuinn abraçou-se e os olhos
desencontrados olhavam para todo o lado e para lado nenhum.
Até que pararam em Blaylock.
O ruivo estava do lado direito, a
aplaudir como os demais, os olhos azuis luminosos de emoção.
Afinal, ele havia de saber o
quanto significava uma coisa assim para um miúdo todo fodido com um defeito
congénito cuja família não quis para não ser envergonhada nem socialmente
ostracizada.
Ele havia de saber como era
difícil aceitar agradecimentos.
Ele havia de saber o quanto Qhuinn
queria fugir das atenções… apesar de estar comovido para lá do possível com a
honra imerecida.
No meio de tudo o que não
conseguia suportar, ele simplesmente olhou para o seu velho e querido amigo.
Como sempre, Blay foi a âncora que
o impediu de ser arrastado.
Wrath é grande! Blay é bom! Qhuin é... ahhhhhh...
[No Zero Sum Iron Mask, depois de Qhuinn ter dito a Blay o que sentia
por ele – Lover at Last]]
Blay engoliu em seco quando Qhuinn voltou a fitar
a parede de garrafas atrás do bar.
Abrindo a boca, Blay tinha tenções de dizer
alguma coisa, mas em vez disso reviu o monólogo outra vez de princípio a fim.
Jesus Cristo…
E apercebeu-se de algo.
Se sou gay, porque é que tu foste o único macho com quem
estive?
De repente, o sangue fugiu todo da cabeça de Blay
à medida que decifrava a verdade nas palavras que ele tão rudemente interpretou
mal. Aquilo significava… que aquela noite quando ele…
- Ó Deus, - disse em voz baixa.
- É assim que estou, - disse o guerreiro com maus
modos. – Queres um copo…
As palavras saltaram-lhe da boca:
- Já não estou com o Saxton.
Qhuinn virou a cabeça pela segunda vez. De
certeza que não tinha ouvido que…
- O quê?...
- Acabei com ele, tipo, há duas semanas.
Qhuinn sentiu os olhos a pestanejar várias vezes.
- Porque… espera, não percebo.
- Não estava a funcionar. Já não funcionava há
bastante tempo. Quando ele regressou naquela noite depois de ter estado com
outra pessoa? Já não estávamos juntos, por isso ele não me traiu.
Por uma qualquer ideia louca, tudo o que Qhuinn
pode pensar foi do Mike Myers a dizer, Ex-squeeze
me? Fermento?
- Mas eu pensei… espera, vocês pareciam muito
felizes. Matava-me cada vez que… pois.
Blay encolheu-se.
- Desculpa, menti.
- Meeeeerda, quase que o matei.
- Bem, estavas a ser um cavalheiro pouco ortodoxo.
Ele sabia.
Qhuinn franziu o sobrolho e abanou a cabeça.
- Não fazia a mínima ideia de que vocês os dois
não… bem, já disse isto.
- Qhuinn, tenho que te perguntar uma coisa.
- Força. - Partindo do princípio que se podia
concentrar.
- Quando estivemos juntos… naquela noite… e
depois disseste que tu nunca… tu sabes…
Qhuinn esperou que ele continuasse. Como não
continuou, não fazia ideia do que Blay queria dizer…
Ah, aquilo.
Qhuinn não podia acreditar, mas sentiu-se a corar
e a ficar quente.
- Pois, aquela noite.
- Bem, tu nunca…
Considerando tudo o que ele ali despejou, aquele
pormenorzinho parecia de somenos importância. Para além disso, a verdade era a
verdade.
- Foste o primeiro e único macho com quem estive
assim.
Silêncio do outro lado. E depois,
- Ó meu Deus, desculpa, eu…
Qhuinn interrompeu logo as desculpas
desnecessárias.
- Eu não me arrependo. Não existe mais ninguém
que eu quisesse que me tirasse a virgindade. Lembramo-nos sempre do primeiro.
Parabéns, Saxton, filho da puta sortudo.
Outro longo silêncio. E quando Qhuinn olhou para
o relógio e ia sugerir fazer uma pausa naquele constrangimento, Blay falou.
- Não me vais perguntar porque é que eu e o Saxton
nunca daríamos certo?
Qhuinn revirou os olhos.
- Eu sei que não foram problemas na cama. Foste o
melhor amante que tive e não consigo imaginar o meu primo a pensar de outra
forma.
Filho da puta do caralho de merda do Saxton.
Ao aperceber-se que o outro não dizia nada,
Qhuinn olhou para ele. Os olhos azuis de Blay tinham um brilho estranho.
- Que foi? – Ó pelo amor de Deus. – Está bem.
Porque é que tu e o Saxton nunca dariam certo?
- Porque eu estava, e estou, absolutamente e
completamente e totalmente… apaixonado por ti.
Qhuinn ficou de boca aberta. Como os ouvidos
começaram a zunir, pensou que não tinha ouvido bem. Aproximou-se.
- Desculpa, o que é que tu…
- Hey, baby, - Interrompeu uma voz feminina.
Do lado direito dele, uma mulher com um decote
suficientemente grande para encher duas saladeiras encostou-se-lhe ao corpo.
- Gostarias de ter uma companheira de…
- Desaparece, - Ladrou Blay. – Ele está comigo.
De súbito, a espinha de Qhuinn endireitou-se:
estava mais do que claro pelo fogo azul e frio que os olhos de Blay disparavam
que o tipo se preparava para arrancar o pescoço daquela mulher se ela não
desaparecesse depressa.
E isso era…
Fenomenal.
- Ok, ok, - Pôs as mãos ao alto a render-se. –
Não sabia que estavam juntos.
- Mas estamos, - silvou Blay.
À medida que a mulher com a ex-brilhante ideia
fugia, Qhuinn virou-se para Blay, consciente que o choque era visível.
- Estamos? – Sussurrou ao ex-melhor amigo.
Com a música a bombar, e uma sala cheia de
estranhos apinhados à volta dele, com o empregado a servir bebidas e as
raparigas a trabalhar, com outras mil vidas a passar por eles… o tempo parou
para ambos.
Blay agarrou na cara de Qhuinn, aquele olhar azul
a aquecê-lo enquanto lhe fitava o rosto todo .
- Sim. Sim, estamos.
Qhuinn quase lhe saltou para cima, estreitando a
distância entre os lábios e beijando o amor da sua vida uma vez, duas… três
vezes… apesar de não fazer ideia do que estava a acontecer, ou se era realidade
ou se estava para morrer.
Depois de todo aquele sofrimento, estava exausto
de alívio, mesmo que fosse temporário.
Quando se separou, Blay franziu o rosto.
- Estás a tremer.
Seria possível que não estivesse a imaginar?
- Estou?
- Estás.
- Não quero saber. Eu amo-te. Eu amo-te tanto
tanto, e lamento não ter sido macho suficiente para o admitir.
Blay calou-o com um beijo.
- És macho que chegue agora, o resto é passado.
- Eu só… Deus, estou mesmo a tremer, não estou?
- Estás. Mas não faz mal… eu estou aqui.
Qhuinn encostou a cara a uma das mãos do macho.
- Estás sempre. E sempre me tiveste… e ao meu
coração. À minha alma. Tudo. Só gostava de não ter demorado tanto tempo a
admiti-lo. Aquela minha família… quase me matou. E não foi só graças àquela
Guarda de Honra.
O olhar de Blay afastou-se. E as mãos penderam-lhe.
- Que foi? – Exclamou Qhuinn. – Disse alguma
coisa errada?
Ó Deus, ele sabia que isto era bom demais para
ser verdade…
Durante um longo período, Blay simplesmente
olhava para ele. Mas depois o macho estendeu-lhe a mão.
- Dá-me a tua mão.
Qhuinn obedeceu instantaneamente, como se a ordem
de Blay lhe controlasse melhor o corpo do que o cérebro.
Quando uma coisa lhe escorregou no dedo, assustou-se
e baixou o olhar.
Era um anel de sinete.
O anel de sinete de Blay. O que o seu pai lhe
dera logo após a transição.
- És perfeito tal como és. – A voz forte de Blay.
– Não há nada de errado contigo ou com o que sempre foste. Tenho orgulho de ti.
E amo-te. Agora… e sempre.
A visão de Qhuinn turvou-se. Mesmo.
- Tenho orgulho de ti. E amo-te. – Repetiu Blay. –
Sempre. Esquece a tua antiga família… agora tens-me a mim. Eu sou a tua
família.
- Só conseguia fitar o anel, ver o brasão, sentir
o peso no dedo, ver como a luz refletia no metal precioso.
Toda a vida desejou um assim.
E quem diria?... para não variar, como sempre,
Blay foi quem o concretizou.
Quando Qhuinn começou a chorar, sentiu-se puxado
para um grande e poderoso peito, braços fortes a abraçá-lo e a segurá-lo. E ,de
seguida, vindo de nenhures, uma especiaria sombria ergueu-se, o cheiro… o aroma
de vinculação de Blay – a coisa mais bonita que alguma vez lhe entrara pelo
nariz.
- Tenho orgulho de ti, e amo-te. – Disse Blay
novamente, aquela voz familiar a separá-lo de todos aqueles anos de rejeição e
julgamento, a dar-lhe não só a corda da aceitação a que se agarrar, mas também
uma mão de carne e osso para o conduzir através da escuridão do passado…
A caminho do futuro que não necessitava de
mentiras nem de pedidos de desculpa, porque o que ele era e o que eles eram,
era ao mesmo tempo extraordinário e nada de fora do normal.
O amor, apesar de tudo, era universal.
Qhuinn fechou a mão com força, e soube que nunca
tiraria aquele anel.
- Sempre, - murmurou Blay. – Porque a família é
algo de permanente.
Meu Deus, Qhuinn chorava como um mariquinhas. Mas
Blay não parecia importar-se minimamente… nem julgar.
- Sempre, - ecoou Qhuinn com dificuldade. –
Sempre…
Sem comentários: És perfeito tal como és. Não há nada de errado contigo ou com o que sempre foste. Tenho orgulho de ti. E amo-te. Agora… e sempre.