Uma excelente quarta-feira!
Esta minha tradução mal amanhada surgiu por encomenda. (Sim, porque eu também faço disso). É
dedicada à Patrícia Vidal – a minha cliente – que andava nas ruas da
amargura, porque queria saber como é que esta história Blay/Saxton terminou. Na
verdade, tive de andar a catar coisas em 3 capítulos, mas foi bom (principalmente porque salivei horrores com o
Qhuinn).
E, Viviana, também
podes ler, que isto tem cortes que cheguem para não te atrapalhar futuras leituras xD.
Parti do princípio que ninguém ficariamuito chateado com estes
pequenos spoilers, por isso, vou-me calar e passar à coisa!
Boas leituras.
Beijos bons.
SPOILERS___SPOILERS
Lover at Last
Fim da relação Blay / Saxton
Capítulo 2
[Depois de um dia sexualmente
movimentado, Saxton toma banho e Blay permanece deitado.]
Blay inclinou-se para a língua de fogo, inalou, e fechou a tampa do
isqueiro. (…)
Qhuinn odiava cigarros.
Nunca os aprovou.
O que, considerando o número de coisas escandalosas que o tipo tinha
como vício, parecia absolutamente ofensivo.
Sexo com inúmeros desconhecidos nas casas de banho dos bares? Trios de
machos e fêmeas? Pírcingues? Tatuagens em vários sítios?
E o tipo não “aprovava” o tabaco. Como se fosse um vício hediondo que
alguém no seu perfeito juízo não pudesse ter.
Na casa de banho, o secador que ele e Saxton partilhavam fez-se ouvir, e
Blay conseguia imaginar o cabelo loiro que ele tinha acabado de agarrar a ser
puxado para trás com a força do vento artificial.
Saxton era bonito, só pele macia e corpo delineado e gosto indiscutível.
Deus, as roupas que tinha no armário. Fantásticas. Como se o Great Gatsby tivesse saltado das páginas
do livro, tivesse descido a Quinta Avenida e tivesse comprado todos os itens de
alta-costura de vários quarteirões.
Qhuinn não era assim. Usava t-shirts Hanes
e calças de fato de treino ou de cabedal, e continuava a usar o mesmo blusão de
motoqueiro que teve logo depois da transição. Nada de Ferragamos, nem Ballys
para ele; só New Rocks com solas da
espessura de pneus de camião. O cabelo? Penteado se tivesse sorte. Perfume?
Pólvora e orgasmos.
Caramba, durante todos esses anos que Blay o conheceu – e que tinha sido
quase desde o nascimento – nunca viu o Qhuinn com um fato.
Era caso para perguntar se ele sabia que os smokings podiam ser comprados e não só alugados.
Se Saxton era a figura do aristocrata perfeito, Qhuinn era a do
verdadeiro arruaceiro…
- Toma. Põe a cinza aqui.
Blay ergueu a cabeça. Saxton estava despido, perfeitamente penteado e
cheirava a Cool Water… e estendia-lhe
um pesado cinzeiro Baccarat comprado
como presente de solstício de verão. Era dos anos quarenta e pesava tanto como
uma bola de bólingue.
Blay acedeu, pegando na coisa e balançando-a na palma da mão.
- Vais sair para o trabalho?
Como se não fosse óbvio.
- De facto.
Saxton voltou-se, exibindo um rabo espetacular à medida que seguia para
o armário. Tecnicamente, o tipo devia estar a morar na porta ao lado, num dos
quartos de hóspedes, mas com o tempo as roupas tinham migrado para ali.
Ele não se importava com o fumo. Até partilhava um cigarro de vez em
quando depois de uma particularmente energética… troca de fluidos.
- Como vai? – Perguntou Blay numa expiração. – A tua missão secreta.
- Bastante bem. Estou prestes a terminar.
- Isso quer dizer que me vais finalmente dizer do que se trata?
- Descobrirás brevemente.
Uma camisa esvoaça do armário, Blay virou o cigarro e fitou a ponta
incandescente. Saxton andava a trabalhar nalguma coisa ultrassecreta para o rei
desde o outono, e não havia conversa de travesseiro sobre o assunto – o que,
provavelmente, era uma das muitas razões para Wrath ter escolhido o macho para
seu advogado pessoal. Saxton tinha toda a discrição de um cofre de banco.
Qhuinn, por outro lado, nunca conseguiu manter um segredo. Desde festas
surpresa a rumores e a pormenores pessoais embaraçosos, do género deitar-se com
uma puta barata e…
- Blay?
- Desculpa, o que foi?
Saxton surgiu, todo vestido num fato Ralph
Laurent de três peças.
- Disse que te veria na Última Refeição.
- Ah. Já é assim tão tarde?
- Sim, já é.
Parece que tinham fodido durante a primeira parte do dia – que era como
os passavam desde…
Deus. Nem conseguia pensar no que tinha sucedido há apenas uma semana.
Não conseguia traduzir por pensamentos o que sentiu quando aconteceu o que
nunca imaginou que acontecesse mesmo à frente dos olhos.
E ele que pensava que ser rejeitado pelo Qhuinn era mau.
Vê-lo com uma cria e uma fêmea…
Diabo, tinha de dar uma resposta ao seu amante, não tinha?
- Sim, sem falha. Vejo-te depois.
Saxton hesitou, mas aproximou-se e beijou Blay nos lábios.
- Estás fora do rotativo, esta noite?
Blay acenou, a segurar o cigarro à distância para não queimar a roupa
maravilhosa do macho.
- Estava a pensar ler o New Yorker
e, se calhar, começar o From the Terrace.
Saxton sorriu, claramente contente com a escolha.
- Como te invejo. Quando terminar, vou tirar algumas noites de folga e
descansar.
- Talvez pudéssemos ir a algum lado.
- Talvez.
A expressão fechada naquele belo rosto foi rápida e triste. Porque
Saxton sabia que eles não iriam a lugar nenhum.
(…)
Fechou os olhos, tentou lembrar-se do som dos gemidos de Saxton, ou
visualizá-lo a arquear as costas, ou recordar a sensação da pele dele na sua
pele.
Não conseguia.
E essa era raiz do problema, não era?
Capítulo
8
[Saxton termina o trabalho e Blay
quer saber pormenores]
- Descobrirás em breve.
Blay anuiu com a cabeça, mas era com aquela distração intrínseca que
tinha desde o início. Só que depois disse:
- Estou feliz por estares aqui.
A sobrancelha de Saxton ergueu-se.
- Deveras?
- Wrath deve ter um bom advogado ao seu lado.
Ah.
Saxton arrastou a cadeira para trás e pôs-se de pé.
- Sim. Grande verdade.
Foi com uma estranha sensação de fragilidade que juntou os papéis.
Parecia que eles, neste tenso e triste momento, eram a única coisa que o
seguravam, aquelas folhas finas, embora poderosas, com as inúmeras palavras,
cada uma escrita com cuidado, perfeitamente contidas em linhas de texto.
Não sabia o que faria sem elas numa noite como aquela.
Aclarou a garganta.
- Que planos tens para o resto da noite?
À espera da resposta, o coração pulsava-lhe dentro do peito, porque ele,
e só ele, parecia aperceber-se que não era só o trabalho do rei a única coisa a
acabar naquela noite. Na verdade, o otimismo infundado que o aguentou no início
da relação tinha desvanecido numa espécie de desespero que o fez,
estranhamente, agarrar-se a tudo… mas agora, até isso tinha desaparecido.
Era mesmo irónico. Sexo era só uma ligação física passageira e houve
muitas alturas na sua vida que isso era só o que ele queria. Mesmo com o
Blaylock, no início. No entanto, com o tempo, o coração envolveu-se, e foi isso
que o levou ao estado em que estava nessa noite.
No fim da estrada.
- … treinar.
Saxton acordou.
- Desculpa?
- Vou treinar um bocado.
Depois de uma garrafa de Porto?
Pensou Saxton.
(…)
Isto ia doer, pensou Saxton. Mas não o havia de matar.
Eventualmente, haveria de ultrapassar tudo. Curar-se. Ir em frente.
Os corações estavam sempre a partir-se…
Não havia uma música sobre isso?
A questão era, claro, quando falaria com Blaylock sobre isso.
Capítulo
13
[Saxton está a fazer as malas e
Blay pergunta-lhe se vai de férias]
- Eu acho que tu sabes o que vou dizer. – Saxton sorriu tristemente. –
Porque tu estás longe de ser burro – tal como eu.
(…)
Deus, isto estava mesmo a acontecer?
- Não quero que vás, - ouviu-se Blay a dizer a custo.
- Acredito.
- Porquê agora?
Pensou neles os dois no dia anterior debaixo dos lençóis, a ter sexo
selvagem. Tinham estado tão próximos – apesar de que, se fosse brutalmente
honesto, talvez aquilo tivesse sido só físico.
Retira o talvez.
- Tenho-me andado a enganar. – Saxton abanou a cabeça. – Pensei que
conseguia aguentar assim, mas não consigo. Isto está a matar-me.
Blay fechou os olhos.
- Eu sei que tenho estado muitas vezes no terreno…
- Não é disso que estou a falar.
(…)
- Acabei o trabalho para Wrath. É uma boa altura para fazer uma pausa,
sair e encontrar outro trabalho…
- Espera lá, também estás a deixar o rei? – Blay franziu o sobrolho –
Seja lá como estiverem as coisas entre nós, tu tens de continuar a trabalhar
para ele. Isso é mais importante do que a nossa relação.
Os olhos de Saxton baixaram.
- Suspeito que isso é muito mais fácil para ti do que para mim.
- Não é verdade, - contrapôs Blay. – Meu Deus, eu lamento… tanto.
- Não fizeste nada de errado – tens de saber que eu não estou zangado
contigo, ou amargurado. Tu foste sempre honesto, e eu sempre soube que isto
acabaria assim. Só não sabia o quando… não sabia… até chegar ao fim. Que é
agora.
Ó, merda.
Apesar de Baly saber que ele tinha razão, sentiu uma necessidade
compulsiva de lutar por eles.
- Ouve, eu esta semana tenho andado muito distraído, e peço desculpa.
Mas as coisas vão ao sítio e nós voltamos ao normal…
- Eu estou apaixonado por ti.
Blay fechou a boca.
- Por isso – continuou Saxton – não como se tu tivesses mudado. Eu é que mudei e acho que as minhas
estúpidas emoções acabaram por nos distanciar.
Blay ergueu-se e atravessou a carpete até ao outro macho.
Quando chegou ao destino, ficou aliviado ao ponto de chorar por Saxton
aceitar o seu abraço. E enquanto abraçava o seu primeiro amante contra o peito,
sentindo a familiar diferença de alturas e cheirando aquela maravilhosa
colónia, parte dele queria continuar a discutir até ambos desistirem e
continuarem a tentar.
Mas não era justo.
Tal como Saxton, ele tinha a vaga noção de que as coisas iriam acabar.
E, tal como o seu amante, estava surpreendido por ser agora.
O que não mudava o desfecho.
Saxton deu um passo atrás.
- Eu nunca quis envolver-me emocionalmente.
- Desculpa. Desculpa… - Merda, era a única coisa que lhe vinha à boca. –
Eu dava tudo para ser diferente. Gostava de poder… ser diferente.
- Eu sei. – Saxton acariciou-lhe o rosto. – Eu desculpo-te – e tu tens
que te desculpar também.
(…)
O Qhuinn era a merda de uma maldição, era mesmo.
Ai uma maldição… Meu Deus!... Ahhhh…
Meus amores, se quiserem alguma coisa em
particular, sabem como me encontrar!
Patrícia, foi um prazer atender ao teu
pedido, quando quiseres… cá estaremos!
Qhuiiiinn…