Saudações Amantes da Irmandade!
Dia de mais um... naaa, de DOIS gostinhos hehe
E aproveito para vos dizer...haverá apenas mais três gostinhos a serem publicados, a nossa Nightshade já me enviou tudinho a três séculos atrás. A boa noticia, é que ainda faltam os três, não é?! A má noticia... é que está a terminar.
Aproveito também para vos recordar que a 3 de Junho as 14:30 haverá o encontro de fãs na praça Leya, vejam AQUI.
Dia de mais um... naaa, de DOIS gostinhos hehe
E aproveito para vos dizer...haverá apenas mais três gostinhos a serem publicados, a nossa Nightshade já me enviou tudinho a três séculos atrás. A boa noticia, é que ainda faltam os três, não é?! A má noticia... é que está a terminar.
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Contamos com vocês!
Immortal
Capítulo 48
Com o demónio a sair do
elevador, Sissy sentiu a ser levada e depois deu-se um caso de corrida olímpica
em que ela pouco ou nada teve opinião independente sobre o assunto. Eddie havia
agarrado num braço dela e num de Ad e os três correram, passando filas atrás de
filas de cómodas antigas, como se estivessem a ser presseguidos.
Ela tentou olhar por
cima do ombro, mas não conseguiu nem um vislumbre, graças ao aperto forte de
Eddie. E depois, a colecção mudou. Ela teve uma vaga noção de roupas, muitas
roupas penduradas em cabides como se estivessem numa loja qualquer. E sapatos.
Malas de mão. Uma cama do tamanho de uma sala, e um atelier com maquilhagem suficiente para centenas de milhares de
rostos.
Eddie fê-los parar em
frente de um espelho alto, com três partes onde estavam decalcados todo o tipo
de arabescos franceses estravagantes.
- É... isto? - Ela
perguntou entre fôlegos.
- Nem sequer estás
perto. - Eddie ofegava enquanto olhava em volta. - Temos que nos proteger.
- Não. - Respondeu Ad. -
Temos que encontrar esse espelho e escondê-lo. Isso vai destabilizar a Devina e
talvez nos dê algum tempo com Jim.
- Então, onde diabo ela
o colocaria? - Murmurou Eddie.
- Onde não há luz. -
Sissy ouviu-se dizer. - Está num lugar escuro... embora, não percebo como sei
isto.
Os três olharam para o
canto mais afastado. Agora que o demónio tinha voltado, as luzes do tecto
tinham-se acendido, iluminando tudo... excepto aquele lugar.
Os três correram até
àquela escuridão, e Sissy sentiu um arrepio a percorrer-lhe a pele e os ossos.
- Está aqui - disse
Eddie em voz baixa.
Com os olhos a
ajustarem-se, Sissy só conseguia aperceber-se das dimensões da coisa,
gradualmente conseguiu ver o vidro decrépito que parecia não reflectir nada e a
moldura podre e os corpos retrocidos que pareciam ornamentar os quatro lados
daquilo.
- Meu, esta cabra é doze
vezes feia, e desta vez não estou a falar do demónio - murmurou Ad.
Eddie praguejou em voz
baixa.
- Ela saberá se o
movermos.
- Mas talvez nos dê
alguma vantagem contra ela. - Adrian andou até ao espelho e preparou-se para
agarrar na coisa.
- Vamos lá. Vamos fazer
isto.
Eddie foi para o lado
oposto e fez uma careta de desagrado quando colocou as mãos na moldura.
- Aos três. Um, dois...
três!
Ambos os anjos exalaram
de esforço quando moveram o peso tremendo do chão de cimento, os seus corpos
grandes tensos, era óbvio que Adrian lutava devido aos seus ferimentos.
- Vou ajudar - disse
Sissy, colocando-se debaixo de um dos braços de Ad e à espera de discução. Só
que, não chegou nenhuma, o que lhe disse o quanto a coisa era terrível.
- Oh, isto é
desagradável - ela ofegou ao agarrar na moldura e juntar-se ao içar da coisa.
O seu corpo reagiu à
conecção, o estômado revoltou-se e um suor frio brotou na sua pele, e a cabeça
doía-lhe.
- Vamos lá - disse ela
com urgência. - Mal posso esperar para pôr este peso no chão.
***
Era o pior pesadelo de
Devina tornado realidade. Sempre que ela entrava num dos seus locais
protegidos, o seu medo era sempre que alguma coisa desaparecesse, estivesse
fora do lugar... e o que é que ela encontra agora?
Alguém, provavelmente
aquele cabrão do Jim, tinha aberto as suas gavetas antigas e atirado com as
coisas dela ao chão.
E ainda por cima? Ela
teve que lidar com a visão daquela não-virgem e daqueles dois anjos caídos, ali
parados como se fossem utensílios que estivessem no meio das coisas dela.
Foda-se!
Foi o suficiente para
ela foder com tudo isto e matá-los aos quatro.
Era o que Jim merecia,
no mínimo, por lhe ter mentido.
Outra vez.
Lágrimas inundaram-lhe
os olhos quanto todos, excepto o seu amor, começaram a correr pela cave
adentro. O seu primeiro instinto foi chamar os seus lacaios para se
encarregarem deles, mas Devina pôs isso em espera. Isto era o tipo de coisa que
ela queria resolver sozinha.
Além disso, aquele trio
não era o que importava, era Jim. E depois de tudo acabar? Ela ia possuir
Sissy, Adrian, Eddie... juntamente com todas as pessoas do planeta... portanto,
eles eram mais do que bem-vindos para se tentarem esconder onde não havia onde
se esconder.
E aliás, ela queria Jim
sozinho, sem distracções.
Esfregando as bochechas,
ela limpou as lágrimas e secou as mãos no couro das suas calças. Ela tinha
mudado a sua idumentária para ir ver o Criador, mas tinha mantido os seus
lindos, brilhantes Loubous.
Meu, ela tinha ficado
tão contente com a audiência que lhe foi dada e feliz por Ele ter concordado em
vê-los a ambos. Tão espectacularmente excitada pela mudança que as coisas
tinham levado.
No momento em que tinha
regressado, ela não tinha ido para muito longe, a não ser para dar um retoque
rápido de maquilhagem na Penthouse do
hotel. E depois, ela soube o instante em que o seu espaço tinha sido violado.
Ela teve que limpar os
olhos mais uma vez, o que era aborrecido, porque ela não queria borratar a
maquilhagem.
- Jim, maldito sejas.
Será que nunca vou aprender contigo?
O sacana continuava a
olhar por cima do ombro, a verificar se a sua preciosa Sissy e os dois cães de
companhia tinham fugido.
Era o suficiente para a
pôr violenta. Mas ela precisava... Quando ele se concentrou nela, o ódio na
cara dele era tão intenso, tão penetrante, tão avassalador, que lhe desfigurava
as feições.
O que era algo tocante,
a sério. Também um sinal de que a infecção nele atingiu um novo nível.
- Tens algo para me
dizer - ela rosnou, ansiando pela luta que eles estavam prestes a ter.
Excepto, tudo o que ele
fez foi dar um passo atrás. E depois outro.
E depois, correr que nem
um louco.
Demorou-lhe um segundo
para o seu cérebro juntar dois mais dois. E depois, ela gritou e desmaterializou-se.
O espelho dela!
Foda-se! Eles iam atrás
do espelho dela...
Viajando, numa mistura
de moléculas, ela guinou para o canto escuro da cave... e não conseguiu. De
alguma forma, Jim tinha conseguido agarrar nela em pleno voo, e no instante em
que o contacto foi estabelecido, ela formou-se contra a sua vontade, o seu
corpo a tornar-se sólido e corpóreo. E ele fez disso uma vantagem. Com um puxar
poderoso, ele atira-a para o chão duro e frio, e rolou com ela no chão enquanto
as mãos dele apertavam-lhe os ombros, depois o pescoço.
O instinto dela foi de
lutar com ele, mas depois pensou, não...
isto é o cenário perfeito para o fim do jogo. Era a oportunidade perfeita
para ele decidir «matá-la» e seguir por impulso. A encruzilhada dele a
manifestar-se, a escolha dele a resultar numa vitória para ela.
Só que, foda-se, ela não
podia perder aquele espelho.
Com um empurrão
tremendo, ela saiu debaixo dele, e as coisas eram urgentes demais para se
desmaterializar, então ela correu nos seus saltos-altos, passando pelo roupeiro
e a cama dela...
Jim fez algum truque
voador, derrubando-a de novo, atirando-a contra a sua colecção de sapatos e
botas, fazendo-os irem para todo o lado. Mas isso que se lixasse. Empurrando o peso dele, ela correu mais uma vez,
perdendo o equilíbrio, mas depois encontrando-o. Mesmo com os saltos-altos, os
olhos dela procuravam o canto mais afastado e escuro...
Jim estava com ela de
novo.
Era como se ele tivesse
reservas de energia inesgotáveis, e desta vez ele não ia deixá-la ir. As mãos
viciosas dele apertaram-lhe o pescoço e ele empurrou o corpo dela contra a
boutique e depois o espelho normal dela, vidro a estilhaçar por todo o lado,
com eles a lutarem um contra o outro, ele para a derrubar, ela para se
libertar.
E, subitamente, houve um
cintilar de cristal sobre a cabeça dele.
Ele havia desembainhado
a adaga dele.
Estava na altura.
Apesar de ir contra o
terror de perder o seu portal para o Inferno, ela forçou-se a relaxar. Lembrou-se
que os anjos e a pequena cabra não iriam ter coragem de o partir. Se eles o
fizessem, eles apenas matar-se-iam no processo.
Deixa-o esfaquear-te, ela disse a si
própria enquanto focava os olhos azuis dele enlouquecidos e cheios de ódio. Depois, todos serão teus e desta forma,
salvas o espelho.
- Fá-lo - disse ela,
preparando-se.
Ao contrário da faca que
tinha preparado para que Sissy usasse contra ela, aquilo ia doer como um
pesadelo.
Em última análise, ia
conseguir tudo o que ela queria.
Capítulo 49
Jim ia mesmo fazê-lo.
Com a adaga sobre a cabeça e o ódio a gritar na sua alma, ele ia esfaquear a
cabra da Devina, e não apenas uma vez. Ele ia dar uma de Hannibal Lecter e
cortá-la em pedaços, triturá-la até não haver nada a não ser uma poça de sangue
maligno e merdas que iam parecer como a parte de dentro de uma chouriça.
Quando ele apertou mais
a adaga, tudo veio-lhe ao de cima, e foi um espectáculo de slides horríveis e
tristes, a começar com a mãe no chão da cozinha na quinta e a acabar com ele e
Adrian e Eddie a lutar para rasgar aquilo que tinha estado dentro do corpo puro
de Sissy. E tudo, tudo tinha origem neste maléfico demónio, todo o derramamento
de sangue e sofrimento, até algum do seu...
Vindo de nenhures, a
imagem do rosto de Sissy apareceu e bloqueou tudo o resto. Ele viu-a
aproximar-se dele do elevador, a agarrá-lo, a gritar com ele.
Não tinha havido ódio no
olhar dela.
Tinha havido terror.
Jim sacudiu a cabeça
para se livrar daquela imagem e voltar para o que estava a fazer. Mas a imagem
dela não desaparecia, quase como se tivesse sido implantada por alguma outra
fonte.
E, oh Deus, os lábios
dela moviam-se. Ela falava com ele, a dizer-lhe coisas que não faziam sentido,
aquilo ia contra tudo sobre como a guerra funcionava e qual o seu papel a
desempenhar.
- Faz isso - grunhiu
Devina. - Acaba com isto de uma vez! Seu maricas de merda!
Jim recomeçou o
programa, esticando o ombro para trás...
Eu quero-te a salvo mais do que aquilo que Devina merece!
Cerrando os dentes, Jim
lutou contra a voz de Sissy na sua cabeça, tentando contorná-la e fazer aquilo
que estava certo, que era apropriado...
- Dá-me uma facada, seu
gradessíssimo cabrão.
Jim acordou. Com toda a
força que tinha ele... girou Devina às voltas uma vez... duas... três vezes e
lançou-a para longe dele, fazendo-a redopiar pelo chão de cimento, os seus
salto-altos a captarem as luzes e a faiscarem, o som dos passos dela a ecoar
por todo o lado.
- Não me podes ter! - Gritou
para ela. - Tu não os podes ter!
E depois, tudo aconteceu
em câmara lenta.
Numa série de eventos,
que ele sem dúvida, se iria lembrar para o resto da sua vida imortal, Devina
perde o equilíbrio e não consegue recuperar, o seu corpo a cair para trás, a
bracejar, cabelo moreno a esvoaçar à medida que ela atravessa o chão de
cimento, prestes a aterrar de cu.
Só que, não foi aí que
ela parou.
Do canto escuro da cave,
como se fossem ladrões a roubarem um quadro de um museu, Eddie, Adrian e Sissy
aparecem. Estavam todos numa pressa, os três a correrem através do chão com o
espelho de Devina levantado pelo guindaste humano.
Foi o tudo em um que
salvou a humanidade.
Apesar do facto de haver
hectares de chão, espaço para Devina fazer uma venda de garagem, ela vai
directa para o feio e horrível vidro do espelho. Sapateando, o corpo dela vai
contra aquilo e estilhaça a superfície, o impacto a abrir uma fenda de sucção
que fez do portal que eles tinham aberto no salão, uma brincadeira de crianças.
Ele nunca se iria
esquecer da expressão de Devina quando ela percebeu o que tinha acontecido. O
choque e o horror seriam o tipo de vingança com que ele teria ficado feliz...
excepto pelo facto de que, no momento em que ela foi sugada, alguma coisa
dentro dele balançou... e depois seguiu-se o impulso de sucção.
O centro do peito dele
foi puxado para a frente da sua espinha, e sentiu como se a sua caixa torácica
estivesse aberta. E no entanto, não era ele que o espelho queria.
Só queria aquela parte
de Devina que estava com ele.
O seu tronco foi para
trás com tanta força, que teve a certeza que se ia partir em dois, e depois
levitou do chão. Quando ele quase desmaiava de dor...
Snap!
Como um elástico de
cabelo, a substância estranha disparou livre e foi pelo ar, a nuvem preta de
abelhas, tal como tinha sido com Sissy com aquela incisão metafísica.
Mas não foi só ele que
se viu livre do mal.
Ao cair de joelhos, ele
ficou apavorado se Sissy e os anjos fossem ser sugados, mas o espelho só queria
reclamar o que era de Devina... e foi por isso que Ad se sacudiu e começou com
espasmos, a sua cara contorcida com dor, o seu corpo a contrair e a levitar...
E o mal também o deixou.
A nuvem formou-se à
frente do peito de Ad e depois libertou-se para entrar no rodopio do vácuo
negro.
Jim, lutando para ficar
consciente, ficou ciente do estranho som sob e sobre o uivo do espelho
partido... e foi quando ele percebeu que as cómodas se tinham começado a mexer,
ameaçadoramente naquela direcção.
- Fiquem atrás do
espelho! - Jim gritou para eles. - Saiam do caminho!
Eddie desapareceu e
apareceu novamente com Ad, tendo ido buscá-lo onde ele havia caído, e também
com Sissy. Depois, Jim já não os via.
Tudo o que podia fazer
era rezar.
Tudo na cave estava a
ser arrastado para o vazio, todos os relógios e facas, a colecção de peças de
metal, as roupas e os sapatos e as maquilhagens, a cama... todos os objectos
que Devina comprou ou tirou foram junto com ela, a sua essência tendo corrompido
tudo o que estava à sua volta.
Enfraquecido pela luta,
tudo o que Jim podia fazer era observar com admiração a visão que era demasiado
momental para compreender ou explicar, como algo fora de um sonho em que o que
testemunhavas era possível porque não era real. Só que, aquilo estava mesmo a
acontecer. A última coisa a desaparecer foi a moldura do espelho. E como todas
as coisas que foram antes, os quatro lados desapareceram no vórtice e depois
ouve uma explosão sónica, que mais pareceu como um soluço cósmico.
E foi assim que, na
última batalha da guerra do Criador... Jim salvou o mundo.
***
Com as orelhas a
estalarem violentamente com dor, a enorme explosão que se rasgou através da
cave chocou-a estupidamente por um momento. Mas depois, aquilo parou e Sissy
abre os olhos e...
Tudo estava vazio.
Toda a cave era nada
mais do que chão espaçoso, o chão de cimento sem uma camada de pó.
Ela viu Jim, e ele
parecia que estava longe, caído de joelhos, uma mão apoiada como se ele mal se
conseguisse segurar.
- Jim. - Ela levanta-se.
- Jim...
Ele estendeu o braço
livre para ela, e quando chegou ao pé dele, ela não sabia quem é que se
segurava com mais força.
- Tu salvaste-me - ele
disse para o cabelo dela. - Tu salvaste-me.
- Não, eu...
- Foste tu, foi tudo tu.
Eu vi-te e estavas a falar comigo e...
Como se tivesse muitas
palavras presas na garganta, demasiado coisas para dizer, ele só a beijou
profundamente, e...
- C’um caralho!
Ambos olharam para trás
para Eddie e Adrian. Ad levantava-se lentamente, ambas as mãos no ar como se
fosse cair a qualquer momento e ter que se apanhar.
- Santo... Deus!
Ele começou a mover o
corpo à volta, braços e pernas a irem de um lado para o outro... e por um
momento, Jim não percebeu o que se passava. Depois, apercebeu-se... ele tinha
enlouquecido.
- Oh, meu Deus, ele
perdeu o juízo - ela suspirou, a pensar que três exorcismos em poucos dias
foram demais. Até dentro dos ideais do anjo.
- Estou curado! Estou
curado!
Com um rápido movimento,
Ad atravessou o chão, fez algumas acrobacias, alguns movimentos de Kung Fu,
parecia que ia tentar um salto mortal, mas depois pensou melhor.
- Eu consigo ver! - Ele
correu para eles, a apontar com o dedo o seu olho, agora bom. - Eu consigo ver!
O que levei de Matthias... os ferimentos foram com as merdas de Devina!
- Oh, meu Deus - Jim
suspirou. - Isso é fantástico.
- Eu sei, não?! E tu
sabes o que isso queeeeeer dizeeeeeer! Oláaaaa, miúdas!
Sissy teve que baixar a
cabeça num dos peitorais de Jim enquanto Ad rodava para trás e para a frente e
depois correr mais uma vez.
- Inacreditável - Jim
disse a sorrir. - Nós ganhámos a guerra!
E tudo o que ela se
importava é que tinha a sua vida amorosa de volta. Sissy apoiou-se no braço do
seu homem e olhou por cima da cabeça dele.
- Já não tens uma
auréola.
- A sério? - Ele apalpou
o espaço acima da cabeça. - Então isto acabou mesmo?
- Foste tu que o
fizeste.
- Não, nós fizemos. Eu
ia matá-la, eu ia mesmo... mas tudo o que conseguia ver eras tu. Tudo o que
conseguia ouvir era a tua voz. Sem isso? Só Deus sabe o que poderia ter
acontecido.
Eddie foi ter com eles e
sorriu. Depois ofereceu a palma a Jim.
- Muito bom. Estou
orgulhoso de ti.
Jim gemeu e levantou-se,
levando-a consigo. E depois aceitou o que lhe era oferecido.
- Não poderia tê-lo
feito sozinho.
- Acertaste nisso -
disse Ad enquanto dançava o cha-cha-cha, uma mão na sua barriga lisa, a outra
espetada no ar num determinado ângulo. - Mas tenho que dizer... não foi nenhum
prazer. - Ad não lhe ofereceu uma palma, em vez disso ele agarra em Jim e
abraça-o com força. - Mas eu não faria isto com mais ninguém.
Os olhos de Sissy
lacrimejaram quando Jim deu tapas nas costas do amigo dele.
- Vale para os dois.
Ao separarem-se, Ad
limpou a garganta como se tivesse a engolir todas as emoções que sentia.
Depois, apontou os polegares ao peito e disse:
- Quem é que tem dois
olhos e está prestes a fazer sexo? Este gajo aqui!
Eddie revirou os olhos.
- Sabes, nós não
temos...
O olhar de Ad ficou
astuto.
- Posso arranjar-te uma
ruiva. Tu saaaaaabes o quanto gostas de uma boa ruiva.
As sobreancelhas de
Eddie elevaram-se até à sua testa e ele concertou as calças na cintura.
- Eu, ah...
- Não me digas que não
ias querer alguém se conseguisses encontrar.
Houve alguns embaraços.
Garganta a aclarar. E depois, a líbido de Eddie, aparentemente, tinha vontade
própria. Encarando Jim, o anjo disse:
- Bem, aqui estão as
chaves do carro. Vocês ficam bem no regresso a casa?
- Acho que nos
desenrascamos - disse Jim a rir.
- Bom. Isso é bom.
Houve um longo momento
entre os três homens, como se houvesse muito para dizer mesmo que tivessem a
noite inteira para o fazer.
- Vai - disse Jim com
alguma rouquidão. - Divirtam-se. Vocês merecem.
- Não vás sem te
despedires - disse Ad.
- Tens a minha palavra.
E depois, os anjos
tinham ido embora, desaparecendo em pleno ar. Jim colocou o braço à volta da
cintura dela, e os dois iniciaram uma caminhada através do vazio, os passos
deles a ecoarem no espaço.
- Tens fome?
Ela teve que rir.
- Não sei. Eu não...
tudo é quase demais.
- Tenho uma ideia.
- E qual será? - Ela
esticou o pescoço para olhar o rosto dele. - Algo como aquilo com que Adrian
ficou excitado?
- Bem, sim. - O homem
dela corou. - Mas, primeiro outra coisa.
- Pizza.
- Não. Eu estava a
pensar... que tal tu ires na parte de trás da minha mota e... irmos dar uma
volta?
Sissy apoiou-se na força
dele e riu-se.
- Isso é um verso de uma
canção do Prince, sabias disso?
- Ai é?
- Sim... e a minha
resposta é sim.
Ao chegarem aos
elevadores, ele carrega no botão e ela teve que franzir a testa.
- O que foi? - Perguntou
ele.
- Havia alguém como eu
aqui, não havia? Alguém sacrificado para proteger o espelho dela.
- Sim, havia.
- Eu não cheguei a ver.
- Eu tratei dos restos
mortais quando cheguei. E vou garantir que ele seja bem cuidado.
- Não podes descobrir e
ter a certeza?
- Sim, eu prometo. Mas
ganhámos a guerra, portanto eu imagino que os justos estejam todos no Céu. É a
única coisa que é justa.
- Só... descobre se é
mesmo assim.
- Eu dou-te a minha
palavra.
Sissy suspirou à medida
que as portas se abriam e os dois entravam juntos. Havia um espelho montado
numa parede, encaixado numa moldura de aço-inoxisável. Inclinando-se para o
vidro, ela viu... Sem auréola. Tudo tinha acabado de verdade.
- Ficas comigo? - Ela
ouviu-se dizer. - Tu... quero dizer, eu não posso ir para o Céu, certo? E eu
não quero ficar aqui sozinha.
Quando começaram a
subir, Jim virou-a nos braços e olhou para baixo para ela, penteando-lhe o
cabelo para trás do rosto dela.
- Eu amo-te - disse ele.
- Portanto, onde poderia estar senão contigo para toda a eternidade.
Colocando os braços dela
à volta do pescoço dele, ela sorriu e chorou ao mesmo tempo.
- Isso, para mim, parece
o Céu.