Entrevista da JR Ward pro site da Barnes and Noble


Entrevista da JR Ward pro site da Barnes and Noble


Entrevista fresquinha da nossa autora publicada no dia 1º de outubro e divulgada pelo A Voz de Caldwell, de minha linda Hypia Sanches.

Pra conferir o original em inglês, clica no link.
Desejo de malevolência: Uma entrevista exclusiva com J.R. Ward
J.R. Ward realizou o sonho. Em 11 curtos anos — desde a publicação do romance de estreia dela em 2002 (um romance contemporâneo chamado Leaping Hearts sob o nome de solteira dela, Jessica Bird) — ela publicou 25 impressionantes romances e irrevogavelmente mudou o cenário dos romances paranormais.
Os fãs dela são alguns dos mais devotados e apaixonados por aí. Milhões de leitores acompanham as séries Irmandade da Adaga Negra (Amante Sombrio, Amante Eterno, etc) e Fallen Angels (Desejo, Cobiça, etc.). Nesta terça (primeiro de outubro), os leitores dela estarão em peso nas livrarias de todo o país para comprar Possession, o livro mais recente da série Fallen Angels.
Mas como realmente é ser J.R. Ward? Quão exigente é escrever e publicar dois ou mais livros por ano, ano após ano? O blog da Barnes & Noble Blog se encontrou com a Ward poucos dias antes do lançamento de Possession e perguntou a ela sobre as emblemáticas sagas e também sobre o rígido cronograma de escrita…
Você é a autora da saga de romance paranormal indiscutivelmente mais popular— e mais quente — já escrita: a Irmandade da Adaga Negra. Qual foi a inspiração inicial para o começo da série Fallen Angels series lá em 2009 quando você continuava no meio da escrita sobre os irmãos vampiros?
Obrigada! E também agradeço por me chamarem. Bem, quando a IAN foi lançada, eu estava lançando dois livros por ano — e eu estava esgotando aquele universo rápido demais. Eu sabia que eu precisava de alguma coisa pra intercalar na agenda — mas tinha que ser uma série que eu me envolvesse com ela pra cacete. Eu estava de bobeira quando, de repente, Ta-da! Anjos!
Existem outros autores como você que escrevem duas ou mais séries campeãs de vendas (por exemplo a Laurell K. Hamilton). Você achou isso particularmente difícil, e se sim, você tem algum método pra fazer ficar mais fácil passar de uma mentalidade narrativa para outra?
Pra mim, são duas linhas diferentes — então não tem havido qualquer problema. Você pula de uma e vai para a outra e volta de novo. Mas eu não trabalho em paralelo — um livro do rascunho até a conclusão de cada vez. Eu acho que isso também ajuda.
A trama de Fallen Angels é brilhante. O Criador decidiu que é hora da batalha final na guerra do bem contra o mal e o destino de sete almas vai determinar o destino definitivo da humanidade. Essa resolução deixa cada um dos romances, cada conflito, monumentalmente significante. Ainda no começo da série, o fim é iminente. Sua série da IAN parece estar com o final bem aberto nesse momento. Quais as vantagens (ou desvantagens) de escrever uma série que sem dúvida tem data de validade?
Aw, obrigada! E sobre os prós e contras das coisas — quanto a roteiro, existe uma trama embutida na série que culmina em um “grande livro” — então você sabe o que vem e consegue lançar as bases adequadamente. Mas também te emperra. Como você disse, a IAN tá sem final definido e isso é bacana também — mas você precisa treinar disciplina. O risco que você corre sem limites artificiais é o que pode te dispersar. Eu me preocupo muito com isso — o universo é grande e tem muita gente nele e eu tento não colocar uma abertura grande demais. Às vezes eu faço isso melhor que outros autores!
Eu li minha cota de fantasia e romance paranormal com anjos e demônios e honestamente uma grande parte é previsível e lenta. É a fórmula de bem contra o mal. Tudo é muito definido. Sua saga Fallen Angels é gloriosamente diferente. Você transformou fundamentalmente muitos estereótipos. Anjos não são necessariamente bons. Anjos caídos não são necessariamente maus. O lugar natural da humanidade é em algum lugar entre os extremos. Um trecho de Cobiça, o primeiro livro da série, cabe aqui muito bem:
“Almas também eram assim. Elas, também, tinham bagagem inútil que impedia o desempenho apropriado delas, essas partes irritantes, mais-santas-do-que-tu penduradas feito um apêndice à espera de uma infecção. Fé e esperança e amor… prudência, temperança, justiça, e coragem… toda essa desordem inútil acumulava muita maldita moralidade no coração, que ficava no caminho do desejo inato da alma por malevolência. O papel de um demônio era ajudar as pessoas a ver e expressar a verdade interior delas sem ficarem ofuscadas por toda essa merda que desviava a humanidade. Enquanto as pessoas continuassem verdadeiras a suas essências, as coisas iriam para a direção certa…”
Duas questões aqui: Quão divertido é escrever sobre esses anjos caídos maiores que a vida mas ainda bastante humanos? E existe alguma mensagem existencial ou espiritual carregada nessa série?
Ok, de verdade? Escrever sobre a Devina é a coisa mais divertida. Eu amo aquela demônia pra caralho (bem, amar pode não ser a palavra certa lol!) Ela é uma bagunça de contradições, e eu racho de rir com a coisa do TOC que ela tem — ainda que isso seja a base da necessidade dela possuir as almas. Mas os próprios anjos são ótimos também. Eu sou apaixonada pelo Adrian. Eu sinto saudade do Eddie — Eu realmente espero que ele retorne logo; Eu faço o que as vozes na minha cabeça me dizem então a gente ainda vai ter que ver sobre essa… Jim é o coração da série, claro. E o relacionamento dele com a Sissy realmente me prendeu a atenção. Você sabe, um dos motivos por que eu amo meu tanto trabalho é porque qualquer coisa que aconteça de eu estar escrevendo no momento é minha parte favorita!
Sobre os assuntos espirituais ou existenciais, eu tento me manter longe deles. Eu escrevo ficção para entretenimento, o que não significa que meu trabalho é fácil ou, por definição, fútil (mas por favor, eu não sou o Hemingway e nem finjo ser) — é mais que as pessoas leem meus livros como um escape e eu quero que continuem com o direito de fazer uma pausa e não ter alguém dando um sermão pra elas. Eu tenho minhas próprias opiniões e eu tenho certeza que algumas coisas se infiltraram aqui e ali, mas eu realmente tento me manter fora de qualquer tipo de debate.
Na minha função como moderadora no fórum sobre fantasia paranormal da BN.com, eu encontrei milhares de leitores que são fãs incondicionais pela vida toda do gênero. E pra mim parece que você tem alguns dos fãs mais devotados do grupo. A palavra “obcecado” vem à mente (de uma forma boa). Eu só consigo imaginar o que acontece nas suas sessões de autógrafo! Qual foi a coisa mais marcante que você presenciou um fã fazer para mostrar que ama seus romances?
Ai meu Deus. Uma vez uma mulher aparece EM TRABALHO DE PARTO. Ela estava em uma cadeira de rodas, e dava pra ver no rosto dela que ela tava com muita dor. Ela tinha uma barriga que indicava que a criança dela estava PRESTES A NASCER A QUALQUER CARALHO DE MINUTO. Naturalmente, porque eu não tenho nenhum filtro, eu dei uma olhada pra ela e, tipo, “que porra você tá fazendo aqui!!!???”. Eu autografei o livro dela (nem precisa dizer que ela era a primeira da fila) e então levaram ela correndo pro hospital. Na sessão seguinte? Ela vai com o bebê lindo dela nos braços! Foi um amor — e foi insano. Eu não conseguia acreditar que ela tinha feito aquilo, mas muito feliz que tudo acabou bem — e não, ahm, na livraria.
Se a gente compara o gênero ficção de hoje com o de, digamos, vinte anos atrás, está radicalmente evoluído. Os limites rígidos entre as categorias não existem e muito das leitoras populares trazem tramas que utilizam elementos de narração de diferentes gêneros. Sua escrita, por exemplo, poderia ser classificada como romance, fantasia, terror, ou ficção apocalíptica… Para onde você vê o gênero ficção ir nos próximos vinte anos?
É interessante que você tenha perguntado isso porque eu estudo muito o mercado (ainda que só relacionado a romance) — pra mim é como o futebol de segunda feira. Eu observo o que está decaindo e o que está fluindo, o que funciona e o que não, com bastante curiosidade. Eu gosto do fato de termos aberto a definição do que é romance e acolhemos todos os tipos de elementos diferentes nesses livros. Costumava haver convenções muito rígidas — agora eu sinto que a única coisa que é absoluta é o final feliz. Como você chega nele e o que acontece fica a critério do autor (considerando que ele faça isso bem feito). E o final feliz não tem que ser cor de rosa e nem incansavelmente feliz mais — podem existir variações nele também. Onde a gente vai estar daqui a vinte anos? Não faço ideia. Mas eu acho que a gente não pode colocar limites de novo — não vamos voltar para as “regras” do que as mocinhas e os mocinhos podem fazer ou não e isso é excelente. (com a ressalva de que o autor tem que trazer isso a todos os níveis e fazer funcionar.)
Onde você se vê daqui a vinte anos?
Se Deus permitir, bem onde eu estou agora, passando dez horas ao computador todo dia com um cachorro ou dois aos meus pés e uma xícara de café do meu lado na minha mesa.


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