Olá pessoal!!!
Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!
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Aviso
O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.
A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.
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Capítulo 28
- Eu menti.
Quando Axe falou, Butch olhou para a cozinha de rosas-e-videiras. O miúdo estava encostado à bancada junto ao fogão, com os braços cruzados sobre o peito, a cabeça inclinada para baixo, de modo que havia grandes sombras onde os seus olhos profundos deveriam estar.
- Sobre o quê.
Ele demorou algum tempo a responder, e Axe passou o tempo a mexer na fila de argolas pretas que lhe descia pela parte exterior da orelha.
- A chave. No escritório.
E, sem mais nem menos, Butch ficou em alerta máximo - não que o demonstrasse.
- Ah, sim? Então?
Axe esfregou debaixo do nariz, e Butch memorizou aquele tique para referência futura.
- Onde é que a arranjaste? - Perguntou Axe.
- Um amigo deu-ma. - Como se Butch fosse contar a história da fêmea morta antes de precisar de jogar essa cartada? - Um bom amigo.
- Não é suposto ser partilhada. É contra as regras.
- Então, se eu for até lá, vou meter-me em sarilhos? - Butch perguntou logo de seguida.
- Não sei, depende da noite. Se estiveres a usar uma máscara, talvez te safes. Eu nunca trouxe ninguém, mas a política é de mais um, desde que os convidados respeitem as regras. Além disso, aceita-se a responsabilidade se eles não o fizerem. É assim que se é expulso.
- Há quanto tempo fazes parte disso?
- Desde antes dos ataques. Foi lá que eu tive a minha farra quando... tu sabes, a merda com o meu pai aconteceu. Os humanos de lá, eles nunca souberam - ainda não sabem - o que eu sou. Tantos tipos diferentes de aberrações lá - eles apenas acham que sou um vampiro a fingir.
- Quando é que estiveste lá?
- Três ou quatro noites atrás. Eu não sabia como as coisas iam correr com o programa de treino. Achei que poderia ser a minha última vez por algum tempo.
Que foi mais ou menos na altura em que a rapariga foi encontrada no relvado do Sítio Seguro.
- Em que é que estás metido? - Butch revirou os olhos. - E antes que penses que me estou a atirar a uma aluna, estou perfeitamente feliz com uma fêmea que sei que é boa demais para mim... isto é só para fazer conversa, porque não temos nada melhor para fazer até o Craeg voltar.
A face de Axe descontraiu-se, o seu corpo também.
- Gosto de fazer submissão.
- Homens ou mulheres?
- Ambos.
- Então, tu e o V dar-se-iam muito bem. Embora ele agora também seja um homem de uma só mulher. - Butch esticou os braços sobre a cabeça até a coluna estalar. - Quando é que vais outra vez?
- Quando é a nossa próxima noite de folga?
- Levas-me e mostras-me as redondezas? Para não envergonhar o meu amigo que me deu a chave?
- Acabaste de me dizer que estavas felizmente acasalado.
Butch atirou ao gajo um «não sejas idiota».
- Eu gosto de ver, seu caralhinho seco. Não é batota se não envolveres as tuas mãos, a tua língua ou a tua verga.
Axe acenou com a cabeça como se respeitasse essa lógica.
- Sim, eu levo-te. Mas só numa noite de máscaras. Se fizeres asneira ou te envolveres com ratas, não quero que façam ligação comigo.
Butch lembrou-se de uma certa noite com Vishous, aquela noite em que houve certas revelações feitas depois de Butch ter... feito algumas coisas que precisavam de ser feitas ao seu melhor amigo.
- Eu consigo cuidar de mim mesmo. - Disse secamente. - Não te preocupes.
O som de pés pesados nos degraus rasos da porta lateral anunciou a chegada de Craeg.
- Foi rápido. - Murmurou Butch quando o macho entrou com apenas uma mochila puída.
- Eu disse-te -, respondeu Craeg. - Eu não possuo muito.
***
Marissa chegou a casa mais cedo porque tinha uma dor de cabeça. E não, não era uma das enxaquecas do Trez, era apenas uma dor de cabeça atrás dos olhos que lhe dificultava a concentração, a leitura de documentos e a atenção no ecrã do computador.
Subindo os degraus de pedra até à grande entrada da mansão, percebeu o que se passava: tinha saltado a Primeira Refeição e o lanche que era servido todas as noites à meia-noite no Sítio Seguro.
- Distraída... - Disse ela quando entrou no vestíbulo e olhou para a câmara de segurança.
Quando a fechadura foi aberta, ela entrou no grande vestíbulo e sorriu para Fritz.
- Peço imensa desculpa pelo incómodo, mas posso comer alguma coisa?
O velho doggen juntou as mãos e quase desmaiou, como se ela lhe tivesse entregado um bilhete de lotaria premiado ou o presente de aniversário mais perfeito alguma vez dado a alguém.
- Oh, senhora, sim! Posso trazer-lhe ovos e torradas? Uma sandes? Sopa? Algo mais substancial...
Ela riu-se um pouco.
- Surpreende-me?
- É para já! Sim, sim, agora mesmo!
A velocidade com que se foi embora e o salto no passo sugeriam que ainda lhe restavam muitos séculos, e isso era bom...
- Oh, olá, pariga.
Ela virou-se para a sala de bilhar. Lassiter estava encostado ao arco aberto, com uma taça de pipocas na mão, um saco gigante, um pijama com estampado de leopardo a cobrir cerca de setenta por cento do seu tronco, os seus fortes antebraços e pernas nuas a aparecerem nas bainhas.
- Olá... - Ela franziu o sobrolho quando se apercebeu de algo. - Estás a usar alguma coisa por baixo disso?
- Claro que sim. - Ele atirou uma mão-cheia de pipocas para a boca. - Queres ver televisão comigo? Neste momento estou a ver muito MacGyver, mas estou disposto a ser flexível.
Marissa abriu a boca para dizer não, mas depois pensou: Que se lixe. Ia comer qualquer coisa e esperar que Butch acabasse o treino no centro de formação. Tinha-lhe enviado uma mensagem a dizer que tinha saído mais cedo do trabalho e ele respondeu-lhe logo, dizendo-lhe para ficar ali, que estaria de volta dentro de vinte ou trinta minutos, no máximo.
- Claro.
- Espectáculo. - O anjo endireitou-se. - Qual é o teu veneno, em termos de televisão?
Quando ele se virou, ela soltou um guincho.
Porque ela estava a olhar para o seu rabo nu.
- O que é que se passa? - Perguntou ele, todo preocupado.
Cobrindo os olhos, ela disse:
- Disseste-me que tinhas uma coisa vestida!
- Estou de tanga - afirmou como se fosse a coisa mais normal da vida dele.
Nesse momento, Fritz apareceu ao lado dela com um tabuleiro carregado com tantos pratos cobertos que mais valia estar a dar de comer a Rhage.
- Ah...
Marissa esfregou as sobrancelhas, com a dor de cabeça a voltar com toda a força.
- Ela vai comer aqui. - Disse Lassiter. - E sim, Marissa, vou vestir o raio das calças de ganga.
- Obrigada, menino Jesus. - Murmurou ela ao entrar na sala de jogos.
Enquanto Fritz colocava o tabuleiro no balcão à esquerda, Lassiter vestiu as Levis e atirou-se para um dos sofás que ficavam de frente para o enorme ecrã montado sobre a lareira.
- Para que saibas, se eu ficar irritado, a culpa é tua.
Ela foi até lá e sentou-se num dos bancos almofadados.
- Para tua informação, o meu companheiro deve estar a chegar a qualquer momento. Por isso, acabaste de te poupar a uma tareia.
Lassiter apontou o controlo remoto para a televisão e chamou a programação da televisão por cabo.
- Por favor, tanto faz. Eu posso com ele.
- Duvido.
- Na verdade, não tenho nada melhor para fazer durante o resto da noite. Achas que ele vai querer lutar? Dava-me jeito o exercício.
Marissa riu-se do tom esperançoso enquanto se recostava e deixava que Fritz tirasse os pratos e descrevesse, com toda a precisão e elegância de um empregado de mesa de um restaurante com estrela Michelin, o que estava a ser servido.
- Muito obrigada - murmurou ela, pegando no garfo e provando o arroz pilaf perfeitamente cozido.
Ela não ia comer nem metade de tudo, mas isso nunca pareceu incomodar o mordomo. Para ele, a alegria de servir era a melhor satisfação profissional que tinha.
- Oh, meu Deus - disse Lassiter, a abanar a cabeça. - Eu não posso acreditar.
- O quê? E se for uma maratona de Beaches de novo, podes esquecer. - Ela esfregou o centro do peito com a mão livre. - Não vou ver ninguém a morrer, mesmo em duas dimensões.
Já tinha havido mais do que o suficiente disso. Querida Virgem Escrivã, e se eles não conseguissem descobrir nada sobre...
- É o Melrose Place. Adoro este episódio, foi quando a Kimberly se tornou psicopata.
- Espera, ela não foi sempre psicopata?
- Bem, sim, mas é aqui que ela tira a peruca e se vê a cicatriz. Facilmente uma das cenas mais significativas e influentes na história da televisão.
- E pensar que tinha sido, tipo, a aterragem lunar humana ou assim.
Lassiter olhou para o lado.
- Espera, aquelas ratazanas sem cauda conseguiram chegar à lua? Estás a gozar comigo, eles nem sequer conseguem decidir que horas são, os relógios estão sempre a mudar de estação para estação. E depois há a treta da saúde deles, come isto, vais viver mais tempo... não, esquece isso, vai matar-te, por isso tens de fazer isto. Tolinhos da Internet. Pregadores e políticos idiotas. E não me faças começar a falar dos buracos. Porque é que não arranjam as estradas?
Marissa atirou a cabeça para trás e riu-se.
- Tu nem sequer conduzes. Nem te preocupas com nenhuma dessas coisas.
O anjo caído encolheu os ombros, com os piercings e correntes de ouro a brilharem como a luz do sol.
- Só estou a repetir o que dizem nas notícias da noite.
Marissa abanou a cabeça com um sorriso. E estava prestes a perguntar-lhe o que é que ele fazia exactamente, para além de apanhar sol ao meio-dia, se não houvesse nuvens, ou de ocupar espaço no sofá em frente à televisão, quando os olhos dele voltaram a olhar para ela e ficaram muito sérios.
Quando o olhar dele voltou para o ecrã grande, ela percebeu que ele tinha percebido o seu estado de espírito e estava a fazer o seu melhor para a ajudar a sair dele.
- Tu és fixe, Lass. - Disse ela suavemente. - Sabes isso…
- Sou mais do que fixe. Sou fantáaaastico. - Cantarolou ele. - Então, isto significa que te posso dar uma dúzia dos meus calendários?
Com qualquer outra pessoa na casa, ela poderia ter-se sentido tentada a rir como se lhe tivessem dito uma piada. Mas ele?
- Não, não podes. Nem sequer sei como é que eles são, mas a resposta é não.
- Óptimo, meia dúzia. - Respondeu ele. - São só cinco dólares. Tenho de cobrir os custos de impressão. Boas notícias? Não houve despesas com o fotógrafo, tirei as fotografias com o meu selfie stick.
Ela baixou uma garfada de frango para o seu prato.
- Fizeste mesmo um calendário de ti próprio?
- Porque é que achas que eu estava sem calças.
- Lass, sinceramente… Tiraste doze fotografias de ti nu...
- Tanga. Eu estava de tanga, lembras-te? Acabei de fazer a de Dezembro junto à lareira. Estou tão excitado que é completamente estúpido.
Marissa passou os olhos pela sala e estremeceu ao ver a quantidade de coisas em que ele provavelmente tinha posto o rabo nu antes de se fixar em frente à lareira.
- Quando é tiveste essa ideia?
Ele revirou os olhos.
- Quantas noites é que ainda nos restam este ano? Tenho de as entregar à loja de impressão antes do dia trinta e um de Dezembro.
Do nada, ela teve uma imagem de um pobre humano numa sucursal da FedEx a queimar as retinas com as imagens do anjo caído quase nu.
Sem aviso, começou a rir-se tanto que lhe vieram lágrimas aos olhos. As lágrimas boas, é claro.
E, enquanto se entregava ao ridículo do anjo, Lass ficou ali sentado no sofá, a ver Melrose Place, com um sorriso manhoso e tranquilo na sua cara linda e desvairada.
Que anjo maravilhoso, ela pensou para si mesma. Um anjo completo.
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Fiquem bem,