Beijo de Sangue Cap.31

 Olá pessoal!!!

Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!


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Aviso 

O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.

A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.

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Capítulo 31

Enquanto Paradise esperava que algo lhe fosse dito pelo telefone, o seu coração voltou a bater depressa e teve de acender a luz. Enrolando o edredão cor de coral à volta das pernas nuas e puxando a camisola para a fechar, apertou bem os joelhos e esperou.

Passou mais algum tempo até Craeg lhe responder.

- A primeira coisa que fiz quando tive forças foi tentar encontrar o meu pai onde ele estava a trabalhar naquela mansão, quando lá cheguei, estava praticamente igual à minha casa. Sangue e corpos por todo o lado, mas também tinha havido muitos saques de quadros e pratas e esse tipo de merdas. Alguns dos cadáveres tinham ardido porque tinham estado em zonas com luz solar. Os que estavam no fundo da casa ainda estavam intactos. Encontrei o meu pai... na sala onde ele estava a colocar um novo soalho de mogno. E que mais é que eu encontrei? A maldita porta aberta para o quarto seguro que a família não tinha deixado entrar nem a ele nem a nenhum dos outros criados e trabalhadores.

- O que... queres dizer?

- A família que vivia lá, os aristocratas que viviam lá, foram abrigar-se numa sala segura revestida de aço, e não deixaram nenhum dos trabalhadores entrar. Trancaram-nos do lado de fora, por isso foram chacinados, eu vi a porta aberta e os passos deles por entre o sangue do meu pai e da sua equipa, quando se dirigiram para a saída e fugiram, ou antes do amanhecer ou na noite seguinte.

Houve outra pausa. E depois, em voz baixa, ele disse: 

- Enterrei lá toda a gente, menos o meu pai. Ele, levei-o para casa. Mas não podia... deixar os outros assim. Um doggen voltou enquanto eu estava a tratar dos corpos e disse-me que tinham tentado encontrar os familiares, mas que todos tinham sido mortos em todas as casas dos trabalhadores, tal como na minha. Não havia... literalmente nenhum sobrevivente para cuidar dos mortos. Oh, e aquela família com classe? Fugiram. Tentei encontrá-los, e eu não vou descansar enquanto não os encontrar. Eles viviam numa propriedade chamada Endelview.

Limpou a garganta com aspereza.

- Quero dizer, como é que se faz isso a outra pessoa? Como é que se vive consigo próprio sabendo que se podia ter ajudado alguém e não se ajudou? A equipa, os criados, tinham servido aquela família durante gerações. E havia muitos desses civis naquela sala. Foram para lá, segundo o que me foi dito por aquele doggen, porque os tipos da construção sabiam da passagem e conduziram as pessoas na direcção daquela sala. Estavam a bater nos painéis para serem deixados entrar enquanto a casa era saqueada, eu sei porque muitos dos corpos estavam agrupados contra a parede. Mas não. Não eram suficientemente bons, suficientemente importantes, suficientemente dignos.

Oh... Deus.

Essa era a única coisa que passava pela cabeça de Paradise, porque ela também conhecia essa história. Peyton tinha partilhado a terrível história com ela durante um dos seus longos telefonemas, durante todo o dia, cerca de um mês depois de ela e o pai terem partido para a sua casa segura. O primeiro filho, a filha do meio, a mãe e dois primos tinham afirmado que tinham regressado de fora da cidade para descobrir a carnificina... mas talvez tivessem estado sempre lá?

E tinham desaparecido. Provavelmente para um novo esconderijo, longe de Caldwell.

- De qualquer forma, tenho planos para eles. Quando eu descobrir onde eles estão.

Paradise fechou os olhos.

- Nem todos os aristocratas são maus.

- Quando tinhas de ouvir o teu pai chegar a casa todas as noites com histórias sobre como eles o tratavam como merda enquanto ele tentava ganhar a vida honestamente? É difícil encontrar alguma simpatia por eles, e isso foi antes de eles serem directamente responsáveis não só pela morte do meu pai, mas também da minha mãe e da minha irmã.

- Sinto muito.

- Está tudo bem.

Não, não está.

E ela não ficou nada surpreendida quando ele disse abruptamente:

- Tenho de ir. Temos de dormir.

- Sim. Sim, claro. - Ela agarrou o telefone com força, tentando pensar em algo para dizer. - Eu, ah...

- Vemo-nos amanhã.

Clique.

Tirando o telemóvel do ouvido, ela olhou para a coisa. Naturalmente, não havia registo do número, porque as linhas do centro de treinos, tal como as da Casa de Audiências, eram restritas e privadas.

Mas ela não lhe teria ligado de volta, mesmo que pudesse.

Colocando o telemóvel de lado, olhou para o seu quarto, o seu quarto bonito e elegante, com os seus tons de coral e rosa, e cortinas de seda com borlas e os tapetes feitos à mão. Não podia culpar Craeg pela forma como pensava ou pelo que sentia. Mas a resposta não era ele perseguir um indivíduo e assassiná-lo para vingar essas mortes.

Ou assassinar fêmeas por causa disso também.

Bem, pelo menos ela esperava que não fosse essa a resposta.

Já havia tanta morte dentro da espécie. Haveria certamente outra forma de expiar um erro tão grande?

Quando o telemóvel começou a vibrar, ela deu um salto e pegou nele. Não havia número. Ele? Outra vez?

Aceitando a chamada, ela sussurrou:

- Estou?

Houve uma batida de coração de silêncio. Tal como antes.

- Desculpa - desabafou Craeg. - Caso não tenhas reparado, sou uma merda com emoções. A culpa não é tua que tudo aquilo tenha acontecido antes.

Ela exalou de alívio.

- Estou tão contente por teres voltado a ligar. Não estava à espera que o fizesses.

- Nem eu.

- Achas que vais conseguir dormir?

- Agora que voltei a ouvir a tua voz? Talvez. Vou tentar.

- Craeg...

- O que foi?

Ela mexeu na borda de renda da cobertura do edredão enquanto escolhia as palavras com cuidado.

- Naquela noite das invasões... Não estou a dizer que o macho ou quem quer que fosse que trancou toda a gente do lado de fora tinha razão. De maneira nenhuma. Mas olho por olho é... bárbaro.

- Foi sempre assim no País Antigo.

- Nós já não vivemos lá. Os tempos mudaram. Pensa em todo o progresso que foi feito, a escravatura de sangue banida, a igualdade a começar a acontecer tanto para as fêmeas como para os civis. Não tens de esquecer o que aconteceu, não tens de perdoar... mas a tua resposta não tem de ser um assassinato.

- Não seria assassinato, eu estaria a vingar os meus mortos.

- Mas se matas alguém a sangue frio, que outro nome lhe darias? - Ela manteve a voz suave e baixa. - Não quero discutir contigo, a sério, não quero. E eu nunca teria a presunção de saber como seria isso, ter a tua família... - Com a voz embargada, ela limpou a garganta. - Não consigo imaginar. Mas se continuares com isto, também serás um assassino. Não serias diferente dos minguantes.

Houve um longo silêncio. Mas ela sabia, pela ausência de um clique, que ele não tinha desligado o telefone na cara dela.

- És uma das pessoas com mais empatia que já conheci - disse ele finalmente.

- Não é bem assim.

- Sim, a sério. És uma boa pessoa, Paradise.

- Não me ponhas num pedestal. Tudo o que vou fazer é cair em desgraça.

- Duvido… - houve uma pausa. - Dorme bem, está bem? E se acordares a meio do dia com a sensação das mãos de alguém no teu corpo, sou eu. Pelo menos, serei eu nos meus sonhos.

- Estás a fazer-me corar.

- Óptimo. E quando voltarmos para a aula, vou tentar não ficar a olhar para ti o tempo todo.

- Não te esforces muito.

Agora, o tom dele ficou mais sério.

- Tens a tua virtude para proteger.

 - É a minha virtude, o problema é meu, não teu.

Craeg soltou um grunhido.

- Amanhã volto a ligar-te às sete. Atende o telefone.

Paradise teve de se rir.

- Alguma vez alguém te disse que és mandão.

- Não, porque eu nunca ouço o que as pessoas me dizem.

- Então, se eu disser que também és fantástico, vais voltar a desligar-me o telefone na cara?

- Provavelmente.

- Está bem, então bom dia, e tu és fantáaaastico... - Abruptamente, ela sentou-se e encostou o telefone à orelha. - Espera aí, será que acabei de ouvir uma risadinha?

- Não. De todo.

- Mentiroso. - Ela sorriu tanto que as suas faces doeram. - Tu deste um riso. Mesmo agora.

- Não foi um riso.

- Oh, porque uma gargalhada é muito mais másculo? Está bem, deste uma gargalhada, Craeg. Apanhei-te!

- Tens de parar.

Agora ele soltou mesmo algo que soou como...

- Acabaste de rir.

- Não!

- Sim, riste. - Como ela continuava a picá-lo, achou que era o equivalente conversacional a fazer-lhe cócegas nas costelas. - Acabaste de te rir...

- Tenho de me ir embora! Adeus!

- És fantáaaastico.

Clique.

Desta vez, quando voltou a pousar o telemóvel, Paradise sentia-se tão leve como as bolhas de uma taça de champanhe.

E um pouco bêbeda, também.

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Fiquem bem,
Sunshine ;)

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