Beijo de Sangue Cap.46

Olá pessoal!!!

Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!


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Aviso 

O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.

A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.

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Capítulo 46

- Não, eu estou bem.

Paradise encolheu-se ao dizer as palavras. Também, a Dra. Jane estava a apontar uma lanterna directamente para os seus globos oculares.

- Tens um traumatismo craniano - anunciou a médica ao sentar-se na cama. - Sentes-te mal do estômago?

Bem, sim... mas se isso se devia ao facto de ter sido quase morta por um colega de turma ou totalmente salva por um macho a quem tinha dito para ir à merda meia hora antes...

- Qual foi a pergunta? - Perguntou ela. - Espera, sim, estou um pouco enjoada e tenho um pouco de tonturas.

A Dra. Jane sorriu.

- Vais ficar bem. E, antes que perguntes, sim, podes ir à aula amanhã à noite, mas nada de lutas e vai com calma no treino.

- Está bem. - Deus, ela não conseguia imaginar estar de volta ao centro de treinos. - Obrigada.

- Não tens de quê. Não te vou dar mais nada para além do Motrin que acabaste de tomar.

- Oh... okay. Obrigada.

- E tu precisas de falar com a Mary - disse a Dra. Jane enquanto se levantava. - E não, um «estou bem» não vai ser suficiente. É de se esperar algum tipo de stress pós-traumático. O teu corpo vai curar-se mais depressa do que a tua mente.

- Quem é a Mary?

- É shellan do Rhage. Ela é uma terapeuta.

- Oh.

Talvez ela devesse seguir essa com outro «obrigada»?

- Estou aqui se precisares de mim - disse a médica antes de sair.

E então, Paradise ficou sozinha.

Era engraçado, embora ela estivesse segura e no seu quarto, e houvesse Irmãos lá em baixo... a casa já não parecia tão segura. E talvez fosse esse o ponto da conversa com Mary?

Deus... Anslam, um assassino? Talvez até um assassino em série?

Ele nunca tinha mostrado sinais de instabilidade. Parecia ser uma pessoa relativamente normal, embora ligeiramente desagradável, tal como ela ou qualquer outra pessoa da sua classe, da sua raça.

E pensar que ela se sentou ao lado dele nos treinos, treinou com ele, conversou e riu com ele - e durante todo esse tempo ele estava... a brutalizar fêmeas? 

Era assim que os pesadelos eram feitos - antes mesmo de ela chegar à parte em que ele tentou matá-la.

Olhando para o relógio, ela ficou ainda mais stressada. Faltava apenas uma hora para o amanhecer e ela não sabia onde Craeg estava. Será que ele já tinha saído?

Ela precisava de o ver. Com um gemido, esticou-se para o telefone de casa.

- Queres que te ajude com isso?

Virando-se para atrás, olhou para cima e encontrou o macho à porta. Ele pôs o polegar por cima do ombro.

- A Dra. Jane disse-me que podia entrar. Tenho de ir, mas queria ver por mim próprio que ainda estavas viva.

Paradise fechou os olhos e teve de virar a cara para o outro lado. As lágrimas vieram rápidas e furiosas, mas ela não as queria mostrar.

Houve um estalido suave quando ele fechou a porta e, por um segundo, ela pensou que ele a tinha deixado. Mas depois respirou fundo e sentiu o aroma dele.

- Conheci o teu pai - disse ele com aspereza.

Voltando a concentrar-se, ela forçou-se a olhar para ele. Ele não tinha avançado mais no quarto, e isso pareceu-lhe adequado. O seu rosto estava distante, o seu corpo tenso, a sua expressão era de alguém que já tinha saído dali mentalmente, apesar de estar à sua frente.

- Conheceste? - Disse ela, calmamente.

- Tipo porreiro.

- Sim, é.

Um longo silêncio. E então ela decidiu, que se lixasse, e foi buscar um lenço de papel. Assoou o nariz, tirou outro e limpou os olhos.

- Desculpa, estou um bocado emocionada.

- Compreensível, foste quase morta.

Enrolando os lenços de papel, atirou-os para o cesto dos papéis ao lado da cama e respirou fundo.

- Desculpa ter-te dito aquelas coisas todas. De ter gritado contigo.

- Não te preocupes com isso.

- Está bem. - Por alguma razão, aquela resposta básica, como se nada tivesse importado, doeu mais do que a concussão. - Tudo bem...

- Olha, Paradise, tu e eu...

- Somos o quê? - Ela olhou para ele. - Ou é mais o que não somos. Como se não estivéssemos destinados a ficar juntos? Esta é a parte em que falas de todas as razões pelas quais não podemos ficar juntos, especialmente, por causa da minha classe? Porque se for, tenho a certeza que já falámos sobre isso ao telefone.

Quando ele não disse nada, limitando-se a olhar para o chão como se estivesse a contar os pontos feitos pelas agulhas manuais no seu tapete, ela imaginou que ele estava a praticar o último adeus na sua cabeça. E isso seria um adeus à relação deles, não um-nunca-mais-te-ver. Porque ela não ia desistir da merda do programa; isso era certo: só naquelas noites iniciais, que pareceram ter acontecido há doze mil anos, ela já tinha investido demasiado para desistir.

- É melhor ires - disse ela derrotada. - Apenas...

- Porquê eu?

Ela franziu o sobrolho.

- Desculpa?

Quando ele olhou para ela, os seus olhos estavam muito sérios.

- Acho que não entendo... porquê eu? Podias ter qualquer pessoa da espécie. Quero dizer, linhagens inteiras dariam os braços e as pernas para ter um filho contigo. És literalmente a coisa mais valiosa do planeta, e isso é antes de eles ficarem a saber o quão forte és, o quão inteligente és... o quão resistente és. Como és corajosa... e inteligente. Eu já mencionei inteligente. - Ele olhou de novo para o tapete. - E bonita. E depois há essa tua voz. - Ele fez um círculo ao lado da cabeça. - A tua voz deixa-me louco. Todos os dias, depois de desligarmos o telefone, eu dormia com uma sensação no meu peito. Como se talvez parte da tua voz, parte de ti, ainda estivesse lá dentro.

Okay, agora ela estava a chorar por uma razão completamente diferente.

Craeg fez sinal à volta da sala.

- Mesmo que me perdoasses por ser um completo idiota... não te posso dar nada como isto. A casa de campo dos meus pais tem dois quartos e uma cozinha. Tem fórmica nos balcões e linóleo no chão, e uma alcatifa muito feia. A madeira é falsa, não é antiga. A peça de mobiliário mais antiga que tenho é dos anos setenta e tem um aspecto horrível. Não posso... não posso comprar-te jóias, nem carros...

- Pára. - Ao som da voz dela, ele ficou em silêncio.

- Eu não penso assim - ela sussurrou.- E tu também não devias.

- E se isso mudar?

E foi aí que ela se apercebeu que ele nunca lhe tinha mostrado a sua vulnerabilidade. E espera, ele estava a falar sobre eles ainda estarem juntos?

- Não vai mudar - ela jurou. - Não quero saber de nada disso e isso não vai mudar.

- Como é que sabes? - Falou ele suavemente. - Porque... estou apaixonado por ti. E se amanhã, daqui a uma semana... daqui a um ano... decidires que isto é só uma aventura, ou que precisas de estar com alguém que tenha mais classe do que eu, não vou sobreviver a isso. Isso é uma coisa que me vai pôr de joelhos e manter-me lá. Por isso, deixa-me ir, está bem? Acaba com o meu sofrimento... deixa-me ir.

Paradise enxugou os olhos e teve de sorrir.

- Acabaste de me dizer que me amavas? - Quando ele não respondeu, ela disse: - Acho que disseste.

- Estou a falar a sério, Paradise.

De repente, nada na sua cabeça ou no seu corpo lhe doía, e o medo que tinha sido como um veneno tóxico nas suas veias desapareceu.

- Eu também - sussurrou ela.

- Então sim, sim, acabei de te dizer que te amo. E lamento ter perdido a cabeça por causa de ti e da tua família. E também sou um idiota por te ter juntado às pessoas que mataram o meu pai. Não sei... tudo o que tenho de fazer é pensar naquela primeira noite, quando não me querias deixar naquele caminho de terra batida? Foste assim com toda a gente, não só comigo. Tu... tu terias destrancado uma sala segura se isso significasse que mais uma pessoa poderia entrar.

Ele soltou um suspiro trémulo e esfregou o rosto com a palma da mão larga, como se estivesse a lutar contra as suas próprias emoções.

- Craeg, tudo o que posso dizer é isto. - Ela esperou que ele olhasse novamente para ela. - Venci toda a gente na primeira noite, não foi? Fui a última a ficar de pé, certo?

Ele acenou com a cabeça.

- Sim, foste fantástica.

- Bem, eu faria tudo de novo agora mesmo se isso significasse que eu poderia provar o improvável para ti… e isso significa que o meu coração sabe o que quer. É tão simples e descomplicado quanto isso. Podes tentar, se quiseres, inventar todo o tipo de razões para que eu pense de forma diferente no futuro, mas os meus sentimentos nunca vão mudar. Soube que eras o tal na primeira noite em que te conheci, quando entraste na Casa de Audiências. Passei semanas a pensar se voltarias com a tua candidatura. A noite da iniciação? Esperei e rezei para te ver entrar. E quando entraste, só conseguia pensar: «Graças a Deus que ele está aqui». - Ela estendeu-lhe a mão. - Ainda penso isso sempre que te vejo depois de ter passado algum tempo longe de ti. «Graças a Deus... ele está aqui.»

Craeg aproximou-se dela lentamente, como se lhe desse uma oportunidade de mudar de ideias. Mas então a palma da mão dele estava contra a dela. E depois ele estava sentado na cama ao lado dela. E depois estava a inclinar-se e a pressionar um beijo na boca dela.

Excepto quando ele se afastou e ficou sério.

- Eu vou vinhgar o meu pai. Sei que não concordas com isso, mas não posso mudar. Sinto muito.

Ela fechou os olhos quando a dor a atingiu no peito.

- Por favor... não. E não estou a dizer isto para proteger um primo meu distante. Já houve mortes demais. Estou a tentar proteger outro ser vivo.

- Um cobarde que matou o meu pai.

- Talvez haja outra forma de fazer justiça. - Ela apertou-lhe a mão. - Só... vamos trabalhar nisso, está bem? Talvez haja outra maneira. Promete? Por mim. Faz isto por mim.

Passou muito, muito tempo até ele responder. Mas quando finalmente o fez, parecia um juramento.

- Está bem. Odeio fazer isto... mas está bem.

Sentando-se, ela envolveu-o com os braços e sentiu-o a abraçá-la também.

- Eu amo-te.

- Oh, Deus, Paradise... eu também te amo.

Ficaram assim durante muito tempo, abraçados, a dizer pequenas coisas, a tocarem-se, a sentirem-se, a beijarem-se.

E depois bateram à porta.

Oh pá, Craeg saiu tão depressa da cama que praticamente entrou na parede que estava mais longe.

Ela riu-se um pouco.

- Sim?

- É o Butch - veio a voz profunda. - Vou-me embora agora. Craeg, tens de vir comigo.

- Está bem - disse Craeg, dirigindo-se para a porta.

- Quando é que te vou ver? - Perguntou Paradise. - A aula de amanhã à noite também foi cancelada?

Ele pôs a mão na maçaneta e olhou para ela com olhos intensos.

- Atende o telefone às sete da manhã e falamos sobre isso.

Com um piscar de olho sensual, ele saiu e fechou os painéis sem fazer barulho.

Quando Paradise se deixou cair de novo contra as almofadas, estava a sorrir tanto que lhe doíam as bochechas.

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Fiquem bem,

Sunshine ;)



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