BLAY / QHUINN - Lover at Last - SPOILERS

Ora, ora. Cá estamos nós.
Blay / Qhuinn - coisa estranha de se falar... he he he
Percebi pelos comentários que este par está a causar algum furor.  Nem sei porquê...
Deve ser impressão minha.    Deve, deve... Qhuinn.... Ahhhhh.....
Não há motivo para a agitação.   Pois não... há motivoS... grandes... musculados...

E como amanhã acaba a História do Filho, resolvi, à laia de novela, apresentar qualquer coisita para entreter os espíritos ociosos.   Olha chamar "coisita" àqueles dois...

Espero que gostem!




SPOILERS ___ SPOILERS ___ SPOILERS
Lover at Last

[Blay e a mãe ao telefone]




 Blay segurou o aparelho junto ao ouvido, enquanto o som de chamada se fazia ouvir, e sentou-se na beira da cama. Isto era estranho. A estas horas da noite, os pais já deviam estar em casa. Estava quase a amanhecer…
- Estou sim? – Atendeu a mãe, finalmente.
Blay expirou longa e vagarosamente e endireitou-se contra a cabeceira da cama. Arranjou o robe por cima das pernas e clareou a garganta.
- Olá, sou eu.
A alegria que revestia a voz do outro lado provocava-lhe calor no peito.
- Blay! Como estás? Deixa-me avisar o teu pai para ele ir para a outra extensão…
- Não, espera. – Fechou os olhos. – Vamos… vamos só conversar. Tu e eu.
- Estás bem? – Ele ouviu o som de uma cadeira a arrastar pelo soalho e sabia exatamente onde ela estava: na mesa de carvalho da sua preciosa cozinha. – Que se passa? Não estás ferido, pois não?
Não por dentro.
- Estou… bem.
- O que se passa?
Blay esfregou a cara com a mão livre. Ele e os pais sempre foram muito próximos… geralmente não havia nada que não lhes pudesse contar, e o rompimento com Saxton era o tipo de assunto que costumava abordar com eles: estava chateado, confuso, desapontado, um pouco deprimido… o estado de espírito que costumava normalmente desabafar com a mãe pelo telefone.
No entanto, como ficou calado, lembrou-se que havia, de facto, um assunto que nunca tinha partilhado com eles. Um assunto importante…
- Blay? Estás-me a assustar.
- Estou bem.
- Não, não estás.
Pois não.
Ele acreditava que não tinha falado da sua orientação sexual porque a vida amorosa não era algo que a maioria das pessoas partilhava com os pais. E talvez porque havia uma parte de si, por muito ilógico que fosse, preocupada com o facto de ser olhado, ou não, de forma diferente.
É melhor tirar o talvez.
Ao fim e ao cabo, a política da glymera relativamente à homossexualidade era bem clara: desde que ninguém soubesse, se se acasalasse com alguém do sexo oposto como deve de ser, ninguém era banido por causa da perversão.
Claro, porque estar preso a alguém de quem não se gosta nem ama, e ser infiel e mentir era muito mais honroso do que admitir a verdade.
Mas Deus nos livre de ser macho e ter um namorado… como ele teve nos últimos doze meses.
- Eu… ah, eu acabei com uma pessoa.
E agora ouviam-se grilos do lado da mãe.
- A sério? – Disse ela passado algum tempo, como se estivesse surpreendida, mas a tentar não o demonstrar.
Se pensas que isto é surpreendente, adivinha o que vem a seguir, mãe, pensou ele.
Porque, caramba, ele ia…
Espera, será que ia fazer isto ao telefone? Não devia ser presencialmente? Como é que era o protocolo nestes casos?
- Sim, eu, ah… - engoliu em seco. – Na verdade, estive numa relação praticamente durante um ano.
- Oh… - a dor contida no tom de voz doeu-lhe. – Eu… Nós… o teu pai e eu nunca soubemos.
- Não sabia bem como vos havia de contar.
- Conhecemo-la? Ou a família dela?
Ele fechou os olhos, o peito comprimido.
– Ah… vocês conhecem a família. Sim.
- Bem, tenho muito pena que não tenha dado certo. Estás bem?... Como acabou?
- Para dizer a verdade, a relação morreu.
- Bem, as relações amorosas são muito complicadas. Ó, meu amor, meu querido coração... Apercebo-me de como estás triste. Não queres vir a casa e…
- Era o Saxton. O primo de Qhuinn.
Ouviu-se uma inspiração ruidosa do outro lado da linha.
Quando a mãe permaneceu em silêncio completo, o braço de Blay começou a tremer tanto que mal conseguia segurar o telefone.
- Eu… eu… ah… - a mãe engoliu em seco. – Eu não sabia. Que tu, ah…
Ele completou o que ela não conseguia: Eu não sabia que tu eras um desses.
Como se os homossexuais fossem a lepra da sociedade.
Diabo. Não devia ter dito nada. Não devia ter dito merda nenhuma. Foda-se, porque é que estragou a vida toda ao mesmo tempo? Porque é que o seu primeiro amante não acabou com ele… e só passados uns anos, uma década talvez, é que contava aos pais para eles acabarem com ele? Mas nãããããão, ele tinha que…
- É por causa disso que nunca nos disseste com quem andavas? – Perguntou ela. – porque…
- Talvez. Sim.
Ouviu-se uma fungadela. E depois uma respiração dolorosa.
O desapontamento dela chegava-lhe pela ligação e era difícil de suportar, a pressão no peito a aumentar, era–lhe quase impossível respirar.
- Como é que tu…
Ele apressou-se a interrompê-la, porque não iria aguentar ouvir-lhe a doce voz a dizê-lo.
- Mahmen, desculpa. Olha, não foi por querer, sabes? Não sei o que digo. Eu só…
- O que é que eu, ou nós fizemos para…
- Mahmen, para. Para.
Na pausa que se seguiu, pensou em citar Lady Gaga e reforçar a frase com uma série de não-é-culpa-tua, não-fizeste-nada-de-mal.
- Mahmen, eu só…
- Nesse instante, quebrou, a chorar o mais baixo que conseguia. Pensar que, do ponto de vista da mãe, ele desiludiu a família só por ser quem é… era uma falha da qual nunca haveria de recuperar. Ele só queria viver de forma honesta e assumida, sem ter de pedir desculpa. Como toda a gente. Amar e ser amado, ser quem é… mas a sociedade tinha padrões diferentes, e, como sempre temeu, os pais também…
Apercebia-se vagamente da mãe estar a falar e lutou para se recompor e colocar um ponto final na chamada…
- … para pensares que não nos podias contar? Seria isso que nos faria mudar o que sentimos por ti?
Blay pestanejou enquanto o cérebro traduzia o que tinha ouvido numa linguagem que fizesse sentido.
- Desculpa?… O quê?
- Porque é que tu… O que é que nós fizemos para pensares que fizesses o que fizesses ficarias… mal visto aos nossos olhos? – Pigarreou, como se se estivesse a recompor. – Eu amo-te. És o coração que bate fora do meu peito. Não quero saber com quem acasalas, ou se tem cabelo loiro, ou preto ou olhos azuis ou verdes, se é macho ou fêmea… desde que sejas feliz, é a única coisa que me preocupa. Eu quero para ti o que tu quiseres para ti próprio. Eu amo-te, Blaylock… Eu amo-te.
- Que… que dizes?
- Eu amo-te.
- Mahmen…” – a voz rouca, as lágrimas a regressarem.
- Só queria que não me tivesses dito isto pelo telefone. – Murmurou. – Queria abraçar-te agora.
Ele riu-se de modo desastrado.
- Eu não tinha intenção. Quer dizer, não planeei isto. Saiu-me.
- E eu lamento, – disse ela – que as coisas não tivessem funcionado com o Saxton. Ele é um cavalheiro muito agradável. Tens a certeza que acabou tudo?
Blay esfregou a cara, enquanto a realidade assentava, o amor que sempre sentiu que lhe tinham estava lá. Apesar da verdade. Ou talvez… por causa dela.
Era em momentos assim que se sentia o burro mais sortudo do mundo.
- Blay?
- Desculpa. Sim, desculpa. Acerca do Saxton… - ele recordou-se do que tinha andado a fazer no escritório ao fundo do centro de treinos quando estava sozinho [masturbou-se a pensar no Qhuinn]. – “Sim, Mahmen, acabou tudo. Tenho a certeza absoluta.
- Pronto. Agora tens que dar um tempo para te curares. E depois tens que te abrir para conheceres outra pessoa. Tu saberás quando. És um grande partido, sabes disso, não sabes?
E lá estava ela a dizer-lhe para conhecer outro tipo.
- Blay? Estás-me a ouvir? Eu não te quero a viver a vida sozinho.
Limpou a cara outra vez.
- És a melhor mãe do planeta, sabes, não sabes?
- Então, quando vens a casa para me ver? Quero cozinhar para ti.
Blay relaxou de encontro às almofadas, apesar de a cabeça ter começado a doer… provavelmente porque, apesar de estar sozinho, tentou aguentar-se durante a crise de choro. Muito provavelmente também por causa de odiar o estado de coisas entre ele e Qhuinn. E, de certa forma, ainda sentia falta do Saxton… era difícil dormir sozinho.
Mas isto era bom. Esta… honestidade significava muito para ele…
- Espera, espera. – Sentou-se direito. – Ouve, não quero que digas nada ao pai.
- Querida Virgem Escrivã, porquê?
- Não sei. Estou nervoso.
- Querido, ele não vai ser diferente de mim.
Sim, mas como filho único e último da linhagem… e mais aquela coisa de pai/filho…
- Por favor. Deixa-me ser eu a dizer-lho cara a cara. – Como se isso não lhe desse vontade de vomitar. – Eu devia tê-lo feito contigo. Vou a casa assim que sair do rotativo Não te quero deixar nesta posição de lhe esconder coisas…
- Não te preocupes com isso. A história é tua… tens o direito de a partilhar com quem e quando quiseres. No entanto, gostava que o fizesses brevemente. Em circunstâncias normais contamos tudo um ao outro.
- Prometo.
Houve uma pausa na conversa.
- Então, conta-me do trabalho… Como vai isso?
Ele abanou a cabeça.
- Mahmen, tu não queres saber nada acerca do meu trabalho.
- Claro que quero.
- Não quero que penses que o meu trabalho é perigoso.
- Blaylock, filho do meu amado hellren, que tipo de idiota julgas que eu sou?
Blay riu-se e depois ficou sério.
- O Qhuinn pilotou um avião esta noite.
- A sério? Não sabia que ele sabia pilotar.
E não era esse o tema da noite?
- E não sabe. - Blay encostou-se outra vez para trás e cruzou as pernas nos tornozelos.  Zsadist foi ferido e tínhamos que o retirar de um local remoto. Qhuinn decidiu… Quer dizer, tu sabes como ele é, tenta tudo.
- Muito aventureiro, um selvagenzinho. Mas que rapaz tão simpático. É uma pena o que a família lhe fez.
Blay brincou com o cinto do robe.
- Sempre gostaste muito dele, não é? É engraçado, acho que a maioria dos pais não o iria aprovar… por muitos motivos.
- Isso porque se deixam levar por aquele exterior de durão. Para mim, o que interessa é o interior. – Fez um ruído e ele conseguia imaginá-la a abanar a cabeça de tristeza. – Sabes, nunca irei esquecer a noite em que o trouxeste pela primeira vez. Era um projeto magrinho de vampiro em pré-transição, com aquela óbvia imperfeição que, de certeza, lhe trazia dissabores a cada instante. E mesmo assim, ele dirigiu-se logo a mim, esticou a mão e apresentou-se. Olhou-me mesmo nos olhos, não como um desafio, mas como se quisesse que eu olhasse bem para ele e o expulsasse logo ali se fosse preciso. – A mãe deixou sair uma pequena praga. – Eu ficava com ele nessa mesma noite, sabes? Num instante. A glymera que fosse com o diabo.
- Tu és mesmo realmente, verdadeiramente a melhor mãe do mundo.
Agora ela ria-se.
- E pensar que dizes isso sem eu te pôr comida à frente.
- Bem, lasanha fazia de ti a melhor mãe do universo.
- Vou pôr a massa na panela.
Enquanto fechava os olhos, o regresso daquela conversa fácil que era a imagem de marca da relação deles, pareceu-lhe super especial.
- Então, conta-me mais acerca da intrepidez do Qhuinn. Gosto de te ouvir falar dele, ficas sempre muito animado.


Eu gostei tanto desta mãe!
Com uma mãe assim, é claro que o Blay tinha que ser uma amor lindo.
É o único vampiro com uma vida decente e sem traumas.
É por isso que eu prefiro o Qhuinn.... Ahhhh....

2 comentários:

Alex Nason disse...

- Então, conta-me mais acerca da intrepidez do Qhuinn. Gosto de te ouvir falar dele, ficas sempre muito animado.

Então não fica?
Ela a gostar tanto do Qhuinn, o Blay tem mesmo que lhe dizer que ama aquele "senvagenzinho" :p

Beijinhos e mal posso esperar por ler o final amanha!

Anónimo disse...

Adorei! Ansiosa por este livro! :)

 

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