Olá pessoas!
Má quinta-feira para mim, boa quinta-feira para vocês.
Há dias que, sinceramente, não
nasceram para facilitar a vida a quem é mamífero-mãe-trabalhadora-escrava. A
cria pequena resolve que tudo se tem que pôr a pé duas horas antes do
despertador, a cria pequena acha que a mãe fofa não precisa de mais de três
horas de sono; a cria maior perde tudo e acredita que a morcega-mãe tem
obrigação de ser adivinha (bruxa!) com visão raio-x; o morcegão resolve ignorar
os guinchinhos de uma e os guinchões da outra, porque é macho, trabalha e tem
de dormir; o morcegão pai vê a morcega mãe como um super herói: não precisa de
dormir, tem mais energia que uma central nuclear, tem tantos braços como um polvo
e resistência à prova de bala, fogo,
terramoto e inundação!
Hoje faço anos de acasalamento.
Cheira-me que vai ser data de
desacasalamento.
Tive a ideia esplêndida de enfiar
os três - macho, machinho e macheco, com as respetivas provas de macheza bem
espremidas pelas minhas unhas – num caixote com furinhos e despachá-los pelos
correios.
Qual é o problema da ideia? Não
tenho tempo para arranjar caixote, nem de espremer os coisos, nem dos enfiar lá
dentro, nem de os levar aos correios, nem de preencher papéis para serem
recambiados!
E porquê? Porque o meu chefe
grande pôs-me a trabalhar, a chefe pequena Nasan quer que eu trabalhe e eu,
pobrezinha de mim, não sei fazer outra coisa para além de trabalhar… :D
Já chega de tolice. Vamos ao Anjo.
Dedico este bocadinho à Ana Martins que
tem o tremendo bom gosto de fazer concorrência a umas quantas que se vão
deliciando com o douradinho anjo Lassiter! :D
Bom fim de semana.
Boas leituras.
Beijos bons.
SPOILERS
PARA ALGUNS
Lover
Reborn
Lassiter veio sozinho,
provavelmente porque a Dr. Jane regressou ao Fosso. E o anjo estava
completamente nu… e muito bem. Nem buracos de bala, nem cicatrizes, nem nódoas
negras.
- Se continuas a olhar para mim
assim, é bem que me pagues o jantar a seguir.
Tohr olhou para o anjo.
- Em que caralho estavas tu a
pensar?
Lassiter apontou com o dedo.
- Tu, de entre todos, não
precisavas de me perguntar isso. Não acerca da noite passada.
Dizendo isto – e absolutamente
nada preocupado com a nudez – Lassiter foi-se a abanar até à sala de bilhar a
caminho do bar. As boas notícias é que por trás do coiso, o amigo e os dois
ajudantes não estavam à vista.
- Scotch? Gin? Bourbon? –
Perguntou o anjo. – Estou a ter um Orgasmo.
Tohr passou a mão pela cara.
- Importaste de não dizer essa
palavra quando estiveres nu?
Isso desencadeou uma série de –
Orgaaaaasmo, orgaaaasmo, orgaaaasmo – ao som da quinta sinfonia de Beethoven.
Felizmente, a treta frutada que o filho da puta pôs no copo parou com aquela
merda assim que a bebeu de golada.
- Ahhhhhhhh… - O anjo sorriu. –
Acho que vou beber outro. Queres um? Ou já bebeste demais esta tarde?
Uma fugaz recordação do seio de
No’One na sua mão fez-lhe saltar o pénis.
- Lassiter, eu sei o que tu fizeste.
- Lá fora? Pois é, eu e o sol
damo-nos bem. O melhor médico que existe – e não se paga. Woo-hoo.
Mais bebida. O que sugeria que
aquela atitude era um bocadinho forçada.
Tohr sentou-se num dos bancos.
- Porque diabo te puseste à minha
frente?
O anjo começou a preparar o
terceiro copo.
- Vou-te dizer o mesmo que disse à
Dr Jane – Não faço ideia do que estás a falar.
- Tinhas ferimentos de bala pelo
corpo todo.
- Tinha?
- Sim.
- Consegues prová-lo? – Lassiter
deu uma volta completa de braços no ar. – Consegues sequer provar que eu fui ao
menos ferido?
- Porque é que negas?
- Não é negação se eu não souber
que merda está tu a dizer.
Com um sorriso encantador, deitou
outro copo abaixo. E começou logo a preparar o quarto.
Tohr abanou a cabeça.
- Se te vais embebedar, porque é
que não o fazes como um homem a sério?
- Gosto do sabor a fruta.
- És o que bebes.
O anjo olha para o relógio.
- Merda. Perdi a Maury. Mas gravei a Ellen.
Lassiter foi até ao sofá de pele e
esticou-se – e Tohr deu-se por feliz pelo filho da mãe ter posto uma manta por
cima das vergonhas. Quando a televisão se acendeu e Ellen DeGeneres começou a
dançar entre filas de donas de casa, tornou-se evidente que aquela conversa não
estava na lista de tarefas do anjo.
- Só não percebo porque o fizeste,
- murmurou Tohr.
Era uma atitude tão diferente daquele
narcisismo constante.
Nesse instante, No ‘One apareceu à
porta. Estava com as suas vestes, capuz levantado, mas Tohr viu-a nua e o corpo
dele ganhou vida.
Saiu do banco e foi ter com a
fêmea, e podia ter jurado que Lassiter tinha murmurado,
- Foi por isso.
Aproximou-se da fêmea e perguntou:
- Ei, já comeste?
- Sim, - sussurrou. – Mas fiquei
preocupada quando não regressaste. Que aconteceu?
Olhou para trás, para Lassiter. O
anjo parecia ter desmaiado, a respiração tranquila, no peito, o comando seguro
por uma mão relaxada, a bebida no chão ao lado dele.
Mas Tohr não confiava na sua
aparência adormecida.
- Nada, - disse asperamente. – Não
foi… nada. Vamos subir e descansar.
Virada com um toque leve no ombro,
ela perguntou:
- Tens a certeza?
- Sim.
E iam mesmo descansar. Ele estava
subitamente exausto.
Lançou um último olhar por cima do
ombro enquanto saia. Lassiter estava exatamente no mesmo sítio… mas havia um
pequeno traço de sorriso no rosto.
Como se tudo tivesse valido a
pena, desde que Tohr e No’One estivessem juntos.
[Tohr acorda de um pesadelo em que
vê Wellsie]
- Lassiter – onde caralho andas?
O anjo apareceu finalmente à beira
do Jacuzzi, uma caixa de bolachas com pepitas de chocolate numa mão e uma caixa
comprida de leite na outra.
- Queres? – Perguntou a passear-se
com a bomba calórica. – Saíram do frigorífico agora. Frio é muito melhor.
Tohr olhou para o tipo.
- Tu disseste-me que eu era o
problema. – Tudo o que obteve foi mastigar e ele teve vontade de lhe enfiar o
pacote todo pela boca. De uma vez só. – Ela ainda lá está. Já quase desapareceu.
Lassiter arrumou o estraga apetite
para o jantar, como se tivesse perdido a vontade de comer. E quando se limitou
a abanar a cabeça, Tohr teve um instante de pânico.
- Se tu me enganaste, anjo, eu
mato-te.
O outro macho revirou os olhos.
- Já estou morto, idiota. E
deixa-me lembrar-te que não estou só a tentar libertar a tua shellan – o meu destino depende do dela,
lembras-te? Se tu falhares, eu falho, por isso não estou interessado em dar-te
cabo da vida.
- Então, porque é que ela continua
naquele sítio horrível?
Lassiter levantou as mãos.
- Olha, amigo, vai ser preciso
mais do que uns quantos orgasmos. Já devias saber.
- Cristo, não consigo fazer muito
mais do que já tenho feito…
- A sério? – Os olhos de Lassiter
estreitaram-se. – Tens a certeza?
Quando os olhos de ambos se
encontraram, Tohr desviou os seus – e reavaliou a questão da privacidade que
pensava ter com No’One.
Que se fodesse; tinham tido
centenas de orgasmos juntos, por isso…
- Sabes tão bem como eu o muito
que ainda não fizeste, - disse o anjo suavemente. – Sangue, suor e lágrimas é o
que é necessário.
Baixando a cabeça, Tohr esfregou
as têmporas, com a sensação de que iria gritar.
Merda do caralho…
- Vais sair esta noite, não vais?
– Murmurou o anjo. – Quando regressares, procura-me.
- Tu vais comigo de qualquer
forma.
- Não sabes o que dizes.
Encontramo-nos depois da Última Refeição.
- O que é que me vais fazer?
- Disseste que precisavas de
ajuda… Bem, eu vou-ta dar.
[John cruza-se com Tohr]
- John, - Chamou. – Ouve…
O rapaz não olhou para ele. Ficou
ali à porta, cabeça baixa, sobrancelhas descidas e morto por ir embora.
- Entra por um minuto. E fecha a
porta.
John levou o seu tempo, mal fechou
a porta, cruzou os braços.
Merda. Começar por onde?
- Acho que sabes o que se está a
passar. Com a No’One.
Não é nada comigo, foi a resposta dada por gestos.
- Tretas. – Pelo menos isso fez
com que houvesse contacto visual – o que foi mau porque adiou a revelação. Como
é que poderia explicar o que estava a acontecer? – É uma situação complicada.
Mas ninguém está a tirar o lugar da Wellsie, - Merda, aquele nome. – Quer
dizer…
Ama-la?
- No’One? Não, não amo.
Então que diabo andas a fazer? Não, não respondas. John começou a
andar às voltas, mãos nos quadris, as armas a lançar pequenas faíscas de luz. Eu consigo adivinhar.
Tristemente, Tohr considerou a
raiva algo de honroso. Um filho a proteger a memória da mãe.
Deus, doía.
- Eu tenho de avançar, - sussurrou
roucamente Tohr. – Não tenho escolha.
O caralho que não tens. Mas como tu disseste, são coisas tuas. Tenho de
ir. Adeus…
- Se pensas que eu, por um segundo
sequer, me estou a divertir, estás muito enganado.
Eu ouvi os ruídos. Eu sei exatamente o divertimento que estás a ter.
Ao sair, a porta fechou-se com
ruído.
Fantástico. A noite estava cada
vez melhor e alguém iria perder uma perna. Ou a cabeça.
[Na Última Refeição]
Fantástico.
Pegou no guardanapo e sacudiu-o
para o abrir da forma elaborada e…
Estavam todos a olhar para ele e
No’One. A Irmandade. As shellans. Até
o doggen que nem começara a servir.
- Que foi? – Perguntou baixo, ao
colocar o guardanapo no colo.
Eeeeeeeee foi quando se apercebeu
que estava sem camisa. E que No’One não levantara o capuz.
Era difícil de saber quem atraía
mais atenções. Ela, provavelmente, já que a maioria não a tinham ainda visto de
cara descoberta…
Antes que desse por isso, o lábio
superior arreganhou-se e as presas alongaram-se, fitou um por um os machos,
silvou-lhes de forma grave e terrível. Apesar de estarem todos felizes e
acasalados. E serem seus irmãos. E de ele não ter direito de ser tão
territorial.
Ergueram-se muitas sobrancelhas.
Muitos pediram mais um copo do que estavam a beber. Alguém começou a assobiar.
Assim que No’One pôs o capuz,
arrebentaram conversas esquisitas acerca do tempo e do desporto.
[Fim da Última Refeição]
- Temos um encontro, lembras-te?
Olhando para a direita, abanou a
cabeça a Lassiter.
- Não me apetece.
- É fodido. Vamos – tenho tudo
preparado.
- Olha, sem ofensa, mas agora não
sou uma boa companhia…
- E quando é que és?
- Não me apetece mesmo…
- Blá, blá, blá. Cala a puta da
boca e dá corda aos sapatos.
O anjo agarrou-o e puxou-o. Tohr
desistiu de lutar e deixou-se arrastar escadas acima e pelo corredor das
estátuas até ao outro lado. Passaram pelo quarto dele, pelo quarto dos rapazes,
pelo de Z, Bella e Nalla. Pelos do pessoal. Até à sala de cinema.
Tohr estacou.
- Se é mais uma maratona de Beaches, dou-te tantas nesse rabo que
não te voltas a sentar.
- Ohh, olha para ti! A tentar ser
engraçado.
- A sério, se tens alguma
compaixão dentro de ti, vais-me deixar ir para a cama….
- Temos M&M de amendoim.
- Não gosto.
- Chocolate com uvas passas.
- Feh.
- Sam Adams.
Tohr semicerrou os olhos.
- Frescas?
- Geladas.
Tohr cruzou os braços e jurou não
fazer beicinho como um miúdo de cinco anos.
- Eu quero Milk Duds.
- Eu tenho. E pipocas.
(…)
Sentaram-se lado a lado e puseram
os pés nos apoios.
- Diz-me que isto não é um filme
porno dos anos cinquenta, - resmungou Tohr.
- Não. Pipocas? – Perguntou o anjo
enquanto carregava no comando e lhe oferecia o balde. – Manteiga extra,
daquelas boas de plástico. Não é da merda do costume.
- Estou bem.
No ecrã, via-se a introdução de um
estúdio de cinema e os créditos iniciais. Depois viu-se dois idosos sentados no
sofá. A falar.
Tohr deu um golo na cerveja.
- Que merda é esta?
- When Harry met Sally.
Tohr baixa o gargalo da boca.
- O quê?
- Cala-te. Depois disto, vamos ver
um episódio do Moonlighting. Depois No Affair to Remember – o antigo, não
aquela estupidez com o Warren Beatty. Depois The Princess Bride…
Tohr desligou o aparelho e
endireitou-se na cadeira.
- Sim, sim. Diverte-te…
Lassiter carregou na pausa e pousou
com força uma mão no ombro dele.
- Senta-te, caralho. Vê e aprende.
- O quê? Que odeio isso? E que tal
deixarmos isso claro e deixares-me ir embora?
- Tu vais precisar disto.
- Para a minha carreira paralela
de larilas?
- Porque tens de te recordar do
que é ser romântico.
Tohr abanou a cabeça.
- Não. Nope. Nem pensar.
Ao saltar para a conversa do só
por cima do meu cadáver, Lassiter abanou a cabeça.
- Tens que te lembrar que é
possível, amigo.
- O caralho que tenho…
- Estás parado, Tohr. E apesar de
teres tempo para andar por aí a peidar-te, a Wellsie não se pode dar a esse
luxo.
Tohr calou-se. Sentou-se. Começou
a arrancar o rótulo da cerveja.
- Não consigo, pá. Não posso fazer
de conta que sinto… isso.
- Como se não pudesses ter sexo
com a No’One? Exatamente durante quanto tempo pensas continuar como estás?
- Até tu desapareceres. Até
Wellsie ficar livre e tu ires embora.
- E isso ajuda-te em quê? Gostaste
do sonho com que acordaste hoje?
- Os filmes não vão ajudar, - disse ele passado uns momentos.
- Então que vais tu fazer? Bater
uma até No’One regressar do trabalho? Depois bater outra à beira dela? Ah,
espera, deixa-me adivinhar – andar de um lado para o outro. Porque é uma coisa
que tu nunca fizeste. – Lassiter atira-lhe o balde à cara. – Que caralho te
custa ficares aqui comigo? Cala-te e come a tua parte das pipocas, burro.
(…)
- Ainda não acabamos.
- Continua a passar-me a cerveja.
- Pede e ser-te-á concedido.
O anjo passou-lhe uma fresquinha e
desapareceu na sala de controlo para mudar os DVD. Quando regressou e se voltou
a sentar, o ecrã iluminou-se com…
Tohr saltou da cadeira.
- Que diabo!
O enorme corpo de Lassiter interpôs-se
entre o projetor e o ecrã, um par de mamas gigantescas a abanar cobriam-lhe a
cara e o peito.
- Adventures in MILFy Way. Um verdadeiro clássico.
- É porno.
- Dah…
- Muito bem, não vou ficar aqui
sentado a ver isto contigo.
O anjo, ainda de pé, encolheu os ombros.
- Só queria ter a certeza que tu
sabias o que andas a perder.
Gemidos saíam do sistema de som e
aquelas mamas… aquelas mamas estuporadas pareciam bater na boca do Lassiter.
Tohr tapou os olhos do horror.
- Não! Nem pensar!
Lassiter parou o filme, os sons
desapareceram. E uma verificação rápida indicava que, misericordiosamente, não
estava em pausa.
- Estou a ver se chego a ti. –
Lassiter sentou-se e abriu uma cerveja, parecia cansado. – Meu, esta merda de
ser anjo… é tão difícil influenciar seja o que for. Nunca tive problemas com o
livre arbítrio, mas, foda-se, quem me dera magicar-te até te pôr em ordem. –
Tohr estremeceu e o anjo murmurou: - Não faz mal. Havemos de lá chegar seja lá de
que maneira for.
- Para dizer a verdade, estou a
estremecer por te estar a imaginar num harém vestido de cor-de-rosa.
- Ei, tenho um rabo altamente, só
para que saibas.
Beberam cerveja até o logotipo da
Sony surgir em pontos aleatórios do ecrã.
- Nunca te apaixonaste? –
Perguntou Tohr.
- Uma vez. Nunca mais.
Sem comentários…
Não.
Com comentários: eu gooooooosto do anjo!
Quando crescer quero ser como ele! Douradinha e tudo.