DE VOLTA AO LASSITER




E a terça-feira chegou!
Olá, gente boa!

Hoje trago-vos uma coisa que eu gostei taaaaanto de ler e de reler e de traduzir! :D
E amanhã ainda vai ser melhor…. Tem Qhuinn amanhã… Ahhhhh!...

Por falar em Qhuinn, eu esqueci-me de me gabar por ter ganho o concurso cultural que oferecia uma massagem do lindo, maravilhoso e orgasmático guerreiro dos olhos bicolores!... Ganhei! Ganhei! Ganhei!

No entanto, não me parece que as coisas estejam a correr tão bem como desejava…
Não quero saber! Ganhei! Ganhei! Ganhei!
E eu sou um espetáculo! E sou um morcego vencedor! E eu fui a escolhida! E o Qhuinn gostou! E eu ganhei! E deram-me os parabéns! 

Vou sugerir que, para a próxima, o vampiro seja amarrado, embrulhado e entregue ao domicílio, porque deixá-los por aí muito vivos e aos saltos pode trazer muita chatice… Ui, ui. E eu que o diga…Vou ter tantas chatices à conta de me armar em esperta e participar no que não devo... Ai, que dor de costas!...

Agora que penso nisso… Não havia de haver um livro de reclamações algures por este blogue? Uma caixinha onde nos pudéssemos queixar da miséria que passamos por ausência de visitas noturnas? Pronto, se calhar era melhor uma espécie de muro das lamentações virtual - Havia de lá passar os meus dias a abanar com a cabeça e a enfiar papelinhos entre as frinchas… e a rezar… e a chorar… e a aparvalhar…

É melhor não.
Miséria a mais.



Vamo-nos deixar de coisas e passar às leituras.
Espero que gostem muito.

Beijos bons.

Ganhei! Ganhei! Ganhei!



SPOILERS PARA ALGUNS
Lover Reborn



[Tohr está do Outro Lado, na Biblioteca, com No’One. Descobre que Lassiter não mentiu acerca de Wellsie, sente-se mal e é amparado por No’One]


Instantaneamente, a visão de No’One na piscina, a sua forma nua, brilhante e molhada explodiu-lhe no cérebro como uma mina terrestre, a detonação tão potente que arrasou com tudo o que o movia.
Aconteceu tudo tão depressa: o contacto, a memória… e a ereção.
Por baixo da braguilha das calças de cabedal, o pénis erguia-se a todo o comprimento. Sem pedir permissão.
- Deixa-me ajudar-te a ir para a cadeira, - ouviu-a dizer a uma grande distância.
- Não me toques. – Afastou-a. Saiu a cambalear. – Não te aproximes. Estou… descontrolado…
Pelas prateleiras aos tropeções, não conseguia respirar, não conseguia… suportar…
Assim que saiu da Biblioteca, saiu do Santuário a correr, devolvendo o seu corpo infiel ao quarto da mansão.
Ainda estava ereto quando lá chegou.
Dah.
A olhar para baixo para o botão das calças, tentou encontrar outra explicação. Se calhar era um coágulo. Um coágulo no pénis… ou, se calhar… merda…
Não podia estar a sentir-se atraído por outra fêmea.
Ele era um macho acasalado, foda-se.
- Lassiter, - olhou em volta. – Lassiter!
Onde caralho andava o anjo?
- Lassiter! – Gritou.
Como não houve resposta, nenhum estouro pela porta, ficou ali sozinho… com a sua ereção.
A raiva fez a mão direita fechar-se num punho.
Com um golpe terrível, esmurrou-se onde devia, deu um soco nos tomates.
- Foda-se!
Foi como se uma bola demolidora lhe tivesse acertado e o arranha-céus que era ele tivesse desabado, a dor a dominá-lo tão depressa que até comeu a carpete.
Enquanto vomitava e se tentava pôr de joelhos, e pensava se não teria infligido a si próprio sérios danos internos, uma voz seca chegou-lhe filtrada pelos ai-ai-ai.
- Foda-se, isso deve doer. – O rosto do anjo a entrar-lhe no campo da visão das lágrimas. – Se virmos pelo lado positivo, és capaz de conseguir cantar a parte do Alvin num CD de Natal.
- O que… – Era difícil falar. Também era complicado respirar. E de cada vez que tossia, pensava se as bolas não lhe sairiam pela garganta. – Diz-me… o In Between…
- Queres esperar até conseguires respirar?
Tohr agarrou o anjo pelo braço.
- Diz-me, filho da puta.

É uma verdade universal entre os machos que sempre que viam um a levar nos guizos, experimentavam uma espécie de dor fantasma nas joias de família.
Ao agachar-se ao lado do Irmão retorcido, estava a sentir-se também um bocado nauseado e ainda demorou um pedaço a verificar o material entre as pernas – só para assegurar aos rapazinhos do andar de baixo que, por muito iconoclasta que fosse, havia coisas que eram sagradas.
- Diz-me!
Era impressionante que o tipo conseguisse juntar forças para gritar. E, pois, não havia a opção de se-calhar-mais-tarde-quando-melhorares com um filho da mãe que conseguia esmurrar-se daquela maneira.
Também não havia motivos para estar com merdas. Claro.
- O In Between não é a jurisdição da Virgem Escrivã nem do Ómega. É território do Criador – e antes que perguntes, estou a falar do criador de todas as coisas. Da tua Virgem Escrivã, do Ómega, de tudo. Há várias formas de se ir lá parar, mas essencialmente, é porque alguém não quer sair de lá, ou porque alguém não nos deixa sair de lá.
Quando Tohr emudeceu, Lassiter reconheceu os sinais de cérebro queimado e teve pena do desgraçado.
Colocou uma mão no ombro do Irmão e disse gentilmente:
- Respira comigo. Anda lá, respiramos os dois. Vamos só respirar…
Ficaram assim imenso tempo, Tohr curvado sobre os joelhos, Lassiter a sentir-se uma tábua.
Na sua longa vida, viu sofrimento sob todas as formas. Doença. Desmembramento. Tristeza em escalas épicas.
Ao olhar para a sua mão estendida, apercebeu-se que tinha ficado imune a tudo isso. Endurecido por exposição prolongada e por experiência pessoal. Separado de qualquer tipo de piedade.
Caramba, ele era o anjo errado para o trabalho.
Diabo de situação em que estavam os dois enfiados.
Os olhos de Tohr levantaram-se, estavam tão dilatados que, se Lassiter não soubesse que eram azuis, diria que eram pretos.
- O que é que eu posso fazer?... – Gemeu o Irmão.
Ó, diabo, ele não conseguia aguentar.
Subitamente, levanta-se e vai até à janela. No exterior, a paisagem estava discretamente iluminada,  os jardins longe de estarem resplandecentes, ainda no seu estado inicial. A primavera era uma fria e cruel incubadora, o calor do verão ainda distante.
Estava a uma vida inteira distância.
- Ajuda-me a ajudá-la, - pede Tohr com dificuldade. – Foi o que me disseste.
No silêncio que se seguiu, ele nada tinha. Nem voz. Nem sequer ideias. E isto apesar do facto de que, se não arranjasse uma merda qualquer, ele ia direitinho de volta ao inferno sob medida, sem hipótese de fuga. E a Wellsie e o filho ficariam presos no deles. E Tohr preso no dele.
Tinha sido tão arrogante.
Nunca lhe passou pela cabeça que isto não funcionasse. Quando foram ter com ele, ele estava irreverente, confiante, pronto para o desfecho – que se resumia à liberdade dele próprio.
Nunca lhe ocorreu ter de lutar. O conceito de derrota nunca esteve nas suas previsões.
E nunca esperou dar a mínima para o que acontecesse a Wellsie ou a Tohr.
- Disseste que estavas aqui para me ajudar, ajudá-la a ela. – Sem resposta, a voz de Tohr baixou. – Lassiter, estou de joelhos.
- Isso é porque tens os tomates no diafragma.
- Tu disseste…
- Tu não acreditas em mim, lembras-te?
- Eu vi. Nos livros do Outro Lado. Ela não está no Fade.
Lassiter fitou os jardins do exterior e maravilhou-se por estarem tão próximos da vida – apesar de parecerem mortos e decrépitos, estavam prestes a explodir e a louvar a primavera.
- Ela não está no Fade!
Algo o agarrou, girando-o e atirando-o de traseiro contra a parede com tal força que se estivesse de asas, elas teriam sido arrancadas.
- Ela não está lá!
A cara de Tohr estava retorcida numa imitação do seu rosto, e quando uma mão se agarrou ao pescoço, Lassiter teve um instante de clarividência. O Irmão podia matá-lo ali mesmo. Se calhar foi assim que acabou outra vez no In Between. Um par de tiros na cabeça, ou o pescoço partido e puf! Falhaste! Olá nada infinito.
Engraçado, nunca ponderou voltar para lá. Provavelmente devia.
- Acho bem que abras a puta da boca, anjo, - rosnou Tohr.
Lassiter observou novamente aquele rosto, avaliou o poder daquele corpo, mediu a temperatura da raiva.
- Ama-la demasiado.
- É a minha shellan
- Foi. Rai’s te parta, foi.
Fez-se um segundo de silêncio. Seguiu-se um estampido, um espetáculo de luzes e muita dor. Também lhe falharam os joelhos – não que o admitisse.
O desgraçado tinha-o esmurrado.
Lassiter afastou o tipo, cuspiu sangue na carpete e considerou responder-lhe. Que se fodesse a luta. Se o Criador o viesse reclamar, então a morte tinha que o apanhar; Tohr não havia de o mandar para lá por correio aéreo.
Hora de desaparecer da merda do quarto.
A caminho da porta, pragas murmuradas foram facilmente ignoradas. Especialmente porque estava a pensar se um dos olhos não estaria pendurado pelo nervo ótico.
- Lassiter. Foda-se, Lassiter – desculpa.
O anjo virou-se.
- Queres saber qual é o problema? – Apontou diretamente para o tipo. – Tu és o problema. Tenho pena que tenhas perdido a tua fêmea. Tenho pena que continues com tendências suicidas. Tenho pena que não tenhas um propósito para sair da cama – ou para te enfiares nela. Tenho pena que tenhas hemorroides, dores de dentes e ouvido de mergulhador. Tu estás vivo. Ela não está. E ao prenderes-te ao passado estás a pôr os dois num In Between.
A apanhar o ritmo, foi até ao desgraçado.
- Queres desenhos? Eu faço-tos. Ela está a desaparecer – não está a ir para o Fade. E tu és o causador disso. Isto – fez sinal para o corpo magro e para o pé enfaixado e mão ligada – é o motivo de ela estar lá. E quanto mais te prenderes a ela e à tua vida passada e a tudo o que perdeste, menos hipóteses tens de a tirar de lá. Tu é que mandas, não é ela, nem eu – e que tal, para a próxima, voltares a esmurrar-te a ti próprio, estúpido?
Tohr levou uma mão a tremer à cara, como se quisesse apaga-la. Depois, agarrou a frente da t-shirt mesmo por cima do coração.
- Eu não consigo parar… só porque o corpo dela parou.
- Mas tu estás a agir como se tivesse acontecido ontem, e não me parece que isto vá mudar. – Lassiter foi até à cama onde o vestido de acasalamento estava deitado. Agarrando na seda, arrastou-o pela saia e abanou-o. – Isto não é ela. A tua fúria não é ela. Os teus sonhos, a merda da tua dor… nada disso é ela. Ela morreu.
- Eu sei, - atirou Tohr. – Pensas que eu não sei?
Lassiter atirou o vestido, a seda a cair como uma chuva de sangue.
- Então diz.
Silêncio.
- Diz, Tohr. Quero ouvir.
- Ela está…
- Diz.
- Ela está…
Como não houve resposta, abanou a cabeça e atirou o vestido para a cama. A murmurar entredentes, foi até à porta outra vez.
- Isto não vai a lado nenhum. Infelizmente, o mesmo acontecerá com ela.



Foi lindo, não foi?
Deu para rir, chorar, tudo.
É uma das minhas cenas preferidas.

E eu gosto do Lassiter. Gosto, gosto.

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