Beijo de Sangue Cap.5

  Olá pessoal!

Gostaram da revisão do primeiro capítulo, hoje vamos saltar 3 e passar para o quarto. Sim, mesmo que quisesse pôr os outros, para além das questões de direitos de autor, eu não tenho acesso a eles! :P


Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!


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Aviso 

O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.

A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.

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Capítulo 5

Aquilo era… um cocktail?

Enquanto Paradise entrava no ginásio, que parecia ser tão grande como um campo de futebol profissional, surpreendeu-se ao ver vários doggen de uniforme com luvas brancas a segurarem bandejas de prata repletas com hors-d’oeuvres. Um bar estava montado sobre uma mesa com uma toalha de damasco e havia música clássica a criar o ambiente.

Eram as sonatas de Mozart tocadas por violinos. As que o seu pai ouvia ao pé da lareira após a Última Refeição.

À sua esquerda havia um balcão para se inscreverem, e quando todos se juntaram, os sessenta candidatos formaram uma fila diante de uma doggen com um sorriso de felicidade estampado no rosto, com um portátil à sua frente. Não querendo dar a entender ser alguém com tratamento especial, Paradise entrou na fila e esperou pacientemente pela sua vez, informando o seu nome, confirmando a sua morada, tirando uma fotografia e seguindo para outro lado onde entregou o casaco e a mochila.

- Gostaria de um hors-d’oeuvre? - Ofereceu-lhe um doggen.

- Ah, não… obrigada, mas agradeço a gentileza.

O doggen fez uma vénia até à cintura e abordou o macho que estivera atrás dela na fila. Olhando por cima do ombro, cumprimentou com a cabeça o colega candidato, reconhecendo-o dos festivais que a glymera organizara antes dos ataques. Como todos os membros da aristocracia, eram primos afastados, apesar de não ter convivido com ele nem com os seus familiares.

Ele chamava-se Anslam, se bem se lembrava.

Depois de retribuir o aceno, ele enfiou um hors-d’oeuvre na boca.

Rodando sobre os calcanhares, Paradise deu uma olhadela aos equipamentos de ginástica espalhados pelo espaço aberto. Barras paralelas, barras simples, colchões para amortecer as quedas, um cavalo com arções, uma prensa de pernas, ah, que bom e também tinham uma máquina de remo. Pelo menos não iria falhar num dos equipamentos.

Ela reparou em muitos candidatos a esquivarem-se dos doggen como se estivessem envergonhados, como se nunca tivessem visto criados antes. Peyton atacava os aperitivos com fervor… O que não era uma surpresa. E Axe, o aspirante a assassino em série, estava na periferia de tudo aquilo, com os braços cruzados ao peito, os seus olhos a inspeccionarem o cenário, como se talvez estivesse a escolher as suas vítimas.

Perguntou-se o que significariam todas aquelas tatuagens… e os piercings? Tanto faz. E admiravelmente… parecia haver apenas outra fêmea. Considerando a expressão forte como aço do rosto dela, provavelmente seria mais adequada ao programa do que a grande maioria dos machos que ali se encontravam.

Esfregando as palmas húmidas nas coxas, Paradise livrou-se de uma sensação de decepção: aquele macho, Craeg, que fora até à Casa de Audiências pedir uma candidatura, não estava no grupo.

Mas, vá lá, se calhar era uma coisa boa. Ele tinha-se tornado numa distracção absoluta no momento em que se aproximara da sua secretária; e ela ia precisar de toda a sua concentração para conseguir passar naquilo. Desde que aquela noite se tornasse em algo muito mais do que apenas hors-d’oeuvres.

Onde estavam os Irmãos?, perguntou-se. Um movimento chamou a atenção dela pelo canto do olho. Um dos machos saltara no cavalo com arções e girava lentamente a parte inferior do corpo em círculos enquanto os braços impressionantes mantinham o seu peso suspenso. O som das mãos dele a baterem no couro formaram um ritmo que acelerou rapidamente ao mesmo tempo que a sua velocidade aumentava.

- Nada mal… - murmurou ela, enquanto o tronco incrivelmente forte dele lançava as suas pernas para fora e aos círculos com uma velocidade estonteante.

Ele não perdeu o seu ritmo. Nem uma única vez. E quanto mais ele girava, mais convencida ela ficava de que devia ter passado oito anos no ginásio e não só oito semanas. E se os restantes candidatos fossem como ele, ela estaria tramada.

Mas, vendo bem as coisas, ela não parecia ser a única a ficar intimidada. A turma inteira parara de vaguear para estarem a olhar para ele, hipnotizados pela excelência da actuação solitária naquele ginásio enorme.

Ta-pum.

O som de uma porta a fechar-se fez com que ela olhasse sobre o ombro… e arquejou antes que se pudesse conter.

Lá estava ele, aquele por quem ela esperava, aquele em que tinha esperanças de voltar a ver.

Paradise alisou o seu rabo de cavalo, como se tivesse um receptor ligado ao estrogénio, que a fez sentir-se de novo com dezasseis anos, enquanto o macho se aproximava do balcão para se inscrever.

Mais alto. Ele era muito mais alto do que ela se lembrava. Mais largo também… os seus ombros ameaçavam romper com o tecido do seu casaco de fato-de-treino. Estava com outras calças de ganga, mas tal como as anteriores, também estavam gastas. Calçava um par de sapatilhas Nike desgastados e sujos. Cabelo preto lindo.

Devia tê-lo cortado recentemente, pois estava praticamente rapado dos lados e ela conseguia ver o couro cabeludo à volta das orelhas e da nuca, e na parte de cima estava curto o suficiente para ficar espetado. O seu rosto… Bem, não era de parar o trânsito, o nariz era um pouco grande, o queixo era um pouco bicudo, os olhos eram um pouco fundos. Mas, para ela, ele era o Clark Gable, o Marlon Brando, o The Rock, o Channing Tatum.

Era como se estivesse embriagada sem ter bebido, e imaginou um químico qualquer dentro dela que o transformou em algo muito mais do que ele era. Respirando fundo, tentou captar o seu aroma… E sentiu-se uma perseguidora. Bem, porque talvez fosse uma.

Depois de tirarem a foto dele, ele virou-se para a restante turma, os olhos a percorrerem o grupo, sem mostrar qualquer reacção. Ao longe, ela percebeu que a doggen que tratou das inscrições, já tinha arrumado os seus pertences e estava a sair juntamente com todos os outros criados, que provavelmente, foram apenas reabastecer-

se com mais aperitivos.

Mas será que ela se importava com isso? Olha para mim, pensou ela a olhar na direcção do macho. Olha para mim… E foi isso que ele fez.

Os olhos dele passaram por ela, mas de seguida, desviou-os para outro lado e assim ficaram. Quando um raio de electricidade atravessou o corpo inteiro de Paradise, ela…

De repente, o ginásio ficou escuro.

E a escuridão… era sinistra.


***


Na clínica subterrânea de Havers, se Marissa não se tivesse apoiado no vidro, teria caído.


Ainda por cima, quando viu o irmão a puxar o lençol branco para tapar a expressão congelada da fêmea.

Querida Virgem Escrivã, não estava preparada para o silêncio da morte. Como… quando Havers anunciou a hora do óbito, tudo e todos pararam, os alarmes silenciaram-se, os esforços cessaram e a vida acabara. Também não estava preparada quando se retiraram os equipamentos que tentaram manter a fêmea viva: um a um, os tubos no

peito, nos braços, no abdómen foram removidos, assim como os eléctrodos do monitor cardíaco. A última coisa que tiraram foram as meias de compressão à volta das canelas finas.

Marissa acompanhava perplexa a movimentação das mãos gentis das enfermeiras.

Foram cuidadosas com a paciente na morte tal como tinham sido quando ela estava viva.

Quando a equipa se preparava para se ir embora, ela sentiu vontade de agradecer às fêmeas de trajes brancos e sapatos levemente ruidosos. Dar-lhes a mão. Abraçá-las. Em vez disso, ficou onde estava, paralisada pela sensação de que a morte ocorrida não deveria ter sido testemunhada por ela. Era a família que deveria estar ali, pensou assustada. Deus, onde estaria a família dela?

- Lamento - disse Havers.

Marissa estava prestes a perguntar porque é que ele se estava a desculpar quando percebeu que o irmão se dirigia à paciente morta: ele estava debruçado sobre a cama, uma das mãos sobre o ombro inerte debaixo do lençol, as sobrancelhas franzidas por detrás dos óculos com armação de tartaruga.

Quando ele se endireitou e recuou, ele subiu os óculos e parecia que estava a limpar os olhos, no entanto, quando se virou para ela, pareceu estar completamente recuperado. 

- Cuidarei para que os restos mortais dela sejam tratados adequadamente.

- E isso significa…

- Ela será cremada de acordo com um ritual adequado.

Marissa concordou com um aceno de cabeça.

- Quero ficar com as cinzas dela.

Enquanto Havers assentia e ambos combinavam que ela iria buscar as cinzas na noite seguinte, Marissa estava bem ciente de que o seu tempo se estava a acabar. Se não se afastasse do irmão, daquele quarto, daquele corpo, da clínica… acabaria por desmoronar diante dele.

E isso, simplesmente, não era uma opção.

- Se me deres licença - ela interrompeu-o. - Tenho de ir para cuidar de alguns assuntos no Sítio Seguro.

- Sim, claro.

Marissa olhou para a fêmea, reparando sem pensar nas manchas vermelhas que apareciam no lençol, provavelmente devido à remoção dos tubos.

- Marissa, eu…

- O que foi? - Disse ela com voz cansada.

No silêncio tenso que se seguiu, ela pensou no tempo em que estivera furiosa com ele, odiando-o, embora, naquele instante, não conseguisse reunir nenhuma dessas emoções. Apenas ficou ali parada de frente para o seu irmão, esperando por uma postura que não era nem de força nem de fraqueza.

A porta abriu-se e a cortina foi afastada. Uma enfermeira, que não estivera envolvida na tentativa de reanimação da paciente morta, espreitou pela cortina aberta.

- Doutor, estaremos prontos dentro de quatro minutos.

Havers assentiu.


- Obrigado. - Quando a enfermeira se afastou, ele disse: - Podes dar-me licença? Eu preciso…

- Cuida dos teus pacientes. Podes ir. É o que tu fazes de melhor, e és muito bom nisso.

Marissa saiu do quarto, e depois de um momento de hesitação em relação a que direcção tomar, lembrou-se de ir para a esquerda. Era mais fácil recuperar a sua compostura do lado de fora, disfarçando o melhor que podia enquanto passava pela recepção, com todos os olhares fixos nela com a sua partida, como se a notícia se tivesse espalhado pelos funcionários. Estranho não ter reconhecido nenhum rosto. Isso fez com que percebesse mais uma vez quantos haviam sido mortos nos ataques, e quanto tempo se passara desde que chegara ao ambiente de trabalho do irmão.

E os dois, apesar dos laços sanguíneos, serem absolutamente estranhos. Entrando no elevador para ir para a superfície, ela subiu até estar de novo no recinto parecido com uma cela e seguiu caminho em direcção à floresta.

Ao contrário da noite anterior, a lua brilhava com força, iluminando as árvores… e a ausência de qualquer estrada. Mas ela sabia que haviam entradas múltiplas para o complexo subterrâneo, algumas eram para as entregas, outras para os pacientes que conseguissem desmaterializar-se, e outra ainda para as ambulâncias.

Tudo feito na perfeição e com lógica, sem dúvida, segundo as directrizes e influência do irmão.

Porque é que Wrath não lhe dissera que estava a ajudar Havers com tudo aquilo?

Pensando bem, não tinha nada a ver com isso, pois não?

Será que Butch sabe?, perguntou-se.

Lamento.

Enquanto ouvia a voz do irmão na sua cabeça, a sua raiva multiplicou-se dez vezes, ao ponto de ter de acalmar aquele ardor no seu peito com a mão.

- Águas passadas não movem moinhos - disse para si mesma. - Está na hora de voltar.

No entanto, ela parecia estar a ter dificuldade em ir-se embora. Na verdade, a ideia de regressar ao Sítio Seguro fez com que quisesse ir na direcção oposta. Não podia contar às suas funcionárias o que se tinha passado. A morte da fêmea era como uma negação de tudo o que tentavam fazer debaixo daquele tecto: intervir, proteger, educar, fortalecer. Não. Não seria capaz de ir para lá agora. A questão era que… não fazia ideia para onde ir.

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Digam-me de vossa justiça! Já agora aviso que esta publicação foi agendada, e que verei as respostas assim que possível!


Fiquem bem,

Sunshine ;)


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