Olá pessoal!!!
Hoje temos o Capítulo 6 para vocês!
Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!
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Aviso
O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.
A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.
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Capítulo 6
Na escuridão tão densa como um túmulo, Paradise só conseguia ouvir o próprio coração a bater com força. Semicerrando os olhos tentou ajustar a visão, mas não havia fonte de luz em lado nenhum: nenhum brilho à volta das portas, nenhum sinal luminoso a indicar a saída, nenhuma luz de emergência. O vazio era absolutamente aterrorizante que parecia desafiar as leis da gravidade, a sensação de que talvez estivesse a flutuar no ar apesar de ter o seu peso sobre os pés a confundi-la e a enjoá-la.
A música clássica também tinha parado de tocar.
Mas o ambiente estava longe de ser silencioso. Forçando os ouvidos a não dar prioridade às suas batidas cardíacas, conseguiu ouvir murmúrios, respirações, imprecações. Alguns candidatos deviam estar a movimentar-se, pois ouvia o som do farfalhar das roupas, o chiar dos sapatos, o som de fundo de vozes mais proeminentes.
Eles não nos podem magoar, pensou ela. Nem pensar a Irmandade ir magoá-los de verdade. Okay, ela tinha assinado um termo de autorização e de isenção de culpa na parte de trás da inscrição, não que tivesse dado muita atenção às letras pequeninas, mas mesmo assim, assassinato era assassinato.
Não assinou um documento a abrir mão ao direito de permanecer viva.
Aquilo só podia ser a Irmandade a fazer uma entrada em grande. A qualquer momento… sim, exactamente, eles iriam surgir debaixo de um holofote qualquer, com as suas silhuetas destacadas como os super-heróis envoltos numa neblina, com o seu incrível armamento nos corpos enormes.
Sim…
A qualquer momento…
Enquanto a escuridão durava, o seu medo deu-se a conhecer de novo, e era difícil não ceder e começar a correr. Mas para onde é que ia? Tinha uma ligeira noção de onde estavam as portas, o bar e o balcão das inscrições. Também lembrava-se de onde estava aquele macho, Craeg… espera, ele estava a movimentar-se.
Por alguma razão, ela conseguia sentir o medo de todos os outros, como se o medo fosse um farol…
Uma brisa atravessou o seu corpo, sobressaltando-a. Mas era só uma corrente de ar.
Bem, isso excluía uma falha de energia, pois o sistema de ventilação estava a funcionar.
Okay, isto era ridículo.
E, evidentemente, ela não era a única a sentir-se frustrada. Outros praguejavam mais, movimentavam-se mais, batiam com os pés no chão, impacientes.
- Prepara-te.
Paradise gritou na escuridão, mas acalmou-se quando reconheceu a voz de Craeg, o seu odor, a sua presença.
- Que disseste? - Ela sussurrou.
- Prepara-te. É aqui que o teste vai começar. Eles abriram uma saída, a questão é como é que nos farão ir até lá.
Ela desejou parecer tão esperta e calma como ele.
- Porque é que não usamos as portas por onde entrámos?
- Não é uma boa ideia.
Bem, nesse mesmo instante, houve uma movimentação coordenada na direcção pela qual entraram, como se se tivesse formado um grupo, que tinham concordado com alguma estratégia, e colocassem esse plano em acção.
E foi nesse momento que ela ouviu os primeiros gritos da noite.
Estridentes, claramente dolorosos e não de surpresa, os sons horríveis eram acompanhados com um zumbido que ela não conseguiu identificar.
Às cegas, literalmente, ela estendeu a mão e agarrou-se a Craeg… Só que, em vez de agarrar o braço, apalpou os seus abdominais musculados e duros.
- Oh, Deus… desculpa, eu…
- As portas estão electrificadas - disse ele, sem dar importância à gaffe dela, ou ao seu pedido de desculpas. - Pode-se concluir que nada aqui é seguro. Bebeste o que eles serviram ou comeste alguma coisa daquelas bandejas?
- Não, eu…
Do lado esquerdo, ouviram o som inconfundível de alguém a vomitar no meio daquele caos. E dois segundos depois, como um passarinho a responder ao chilrear da sua espécie, outra pessoa começou a vomitar.
- Eles não podem fazer-nos ficar maldispostos - disse ela de repente. - Espera, isto é… isto é uma escola! Eles não podem…
- Isto é sobrevivência - disse o macho muito sério. - Não te deixes enganar. Não confies em ninguém, ainda mais se for um suposto professor. E não tenhas esperanças de conseguir passar, não por seres fêmea, mas porque os Irmãos vão estabelecer um padrão tão alto que somente dez de nós é que vão ter hipótese de permanecer de pé até a noite acabar. E isso é com sorte.
- Não estás a falar a sério.
- Presta atenção - disse ele. - Ouves isto?
- Os vómitos? - O estômago dela revirou com empatia. - Difícil não ouvir.
Difícil suportar o cheiro também.
- Não, o tique-taque.
- O que… - E foi então que ela também ouviu… um som de fundo, o equivalente sonoro a alguém a movimentar-se atrás de uma cortina, o seu tique-taque num ritmo. - O que é?
- Não temos muito tempo. O intervalo entre os sons está a ficar cada vez mais reduzido. Boa sorte.
- Onde vais? - O que ela queria dizer era: «não me deixes aqui». - Onde…
- Vou seguir o ar fresco. É para lá que todos devem ir. Não toques nos equipamentos de ginásio. E, como já disse, boa sorte.
- Espera!
Mas ele já se tinha afastado, um fantasma a desaparecer na escuridão.
De repente, Paradise sentiu-se completamente em pânico, o seu corpo a tremer descontroladamente, as mãos e os pés a ficarem entorpecidos, suor frio a formar-se em cada poro da sua pele.
O meu pai tinha razão, pensou. Não consigo fazer isto. No que estava a pensar…
E foi quando tudo começou.
Por cima e por todo o lado, explosões deram-se a conhecer, e era como se o ginásio estivesse preparado para se detonar. Os sons eram tão altos que os seus ouvidos ficaram doridos, e não era apenas o barulho, os flashes de luzes eram tão brilhantes que ela passou de uma versão de cegueira para outra.
Gritando no meio da confusão, ela levou as mãos aos ouvidos e baixou-se à procura de cobertura.
À sua frente, ela viu pessoas no chão, algumas agachadas defensivamente tal como ela, outras vomitavam, e junto às portas, pessoas contorciam-se e agarravam-se com força num abraço, como se a dor fosse demasiado grande para conseguirem permanecer de pé.
Só havia uma pessoa de pé e a movimentar-se.
Craeg.
Nas luzes intermitentes, ela acompanhou o seu avanço para o canto oposto. Sim, parecia existir uma abertura, uma porta que oferecia nada mais… além de mais escuridão. Mas devia ser melhor do que levar com uma explosão.
Deu vários passos em frente, mas percebeu logo que isso não ia resultar, ela tinha era que correr. Precisava de correr. E não havia nada a detê-la, e ela também não queria ser atingida pelos destroços que pudessem cair.
Não toques nos equipamentos.
Tendo em conta o que aconteceu com aqueles que tentaram usar as portas metálicas? Provavelmente ele tinha razão.
Foi com um grande alívio que conseguiu correr para a frente, no entanto teve de diminuir a velocidade, pois a sua visão não conseguia acompanhá-la; ela tinha que esperar pelas luzes. Era a única forma de continuar com segurança.
Foi uma caminhada atribulada, tropeçou, escorregou e quase caiu a abrir caminho no meio do barulho e das luzes que atordoavam, com a ameaça contra a sua vida e o terror a acompanhá-la.
Tinha chegado ao labirinto dos equipamentos quando viu a primeira pessoa caída no chão. Era um macho que gemia e apertava a barriga. O seu instinto foi de tentar ajudá-lo, mas deteve-se.
Isto é sobrevivência.
Um zumbido passou pela sua orelha. Uma bala? Eles estavam a disparar contra eles?
Lançando-se, foi a deslizar pelo chão escorregadio de barriga, e depois foi andando para a frente agachada no meio da tremenda confusão.
Estava a ir bem até que chegou ao macho seguinte que estava deitado e a contorcer-se, os braços agarrados ao abdómen.
Era Peyton.
Continua, disse a si mesma. Salva-te.
Enquanto outra explosão se ouviu, bem ao pé da sua cabeça, ela atirou-se ao chão e gritou:
- Merda!
***
Enquanto Craeg, filho de Brahl, o Jovem, avançava pelo ginásio, surpreendeu-se com o facto de se sentir muito incomodado por ter deixado aquela fêmea para trás. Não a conhecia nem lhe devia nada. Ela era Paradise, a recepcionista da Casa de Audiências do Rei, aquela que lhe entregara a candidatura impressa há várias semanas.
Que ele tinha precisado por não ter acesso à Internet, um computador e uma impressora, por ser pobre demais.
Naquela sala, ela tinha sido deslumbrante demais para que ele a conseguisse olhar nos olhos, mas quando ficou a saber que ela também ia participar no programa, a única coisa que lhe passou pela cabeça era o que os humanos lhe poderiam fazer se a apanhassem. Ou os minguantes. Ou o tipo errado de vampiro.
Alguém tão linda como ela não estava segura neste mundo.
No entanto, ela pareceu-lhe um pouco ingénua quanto à severidade das provas que os candidatos teriam de enfrentar. Os Irmãos haviam planeado e orquestrado cada nuance de tudo o que se estava a passar. Nada fora deixado ao acaso, e nada acontecia a favor dos candidatos. Dizer-lhe o que ela já deveria saber pareceu-lhe ser a única forma de a ajudar, e não podia desperdiçar nem mais um instante a perguntar-se o que poderia ter acontecido com ela.
Ele precisava era concentrar-se nos flashes das luzes.
No início pareciam aleatórios, quando na verdade existia neles um padrão subtil, tal como os tique-taques antes do espectáculo de barulhos e luzes ter começado, os intervalos estavam a ficar cada vez mais pequenos, portanto, o seu tempo estava a acabar.
Não fazia a mínima ideia de qual seria a segunda fase, mas sabia muito bem que era melhor estar preparado para ela.
Pelo menos nenhum deles iria morrer.
Apesar da atmosfera perigosa, ele tinha a sensação de que a Irmandade não iria magoar nenhum deles intencionalmente. As «explosões» eram apenas barulho e luzes: não havia destroços, nenhuma estrutura estava a colapsar, não se sentia o cheiro a fumo. O mesmo em relação à má disposição de alguns candidatos, era algo que não devia ser fatal. O pessoal caído no chão não estavam a viver momentos felizes, mas no meio das luzes intermitentes, ele notou que os primeiros que caíram estavam agora a levantarem-se e a ficar de pé.
Aquilo era um teste, um teste bastante elaborado e só Deus sabia quanto tempo duraria, e pelo andar da carruagem, a proporção de sucesso entre os candidatos devia ser ainda mais baixa do que aquela que dissera a Paradise.
Craeg parou e olhou para trás por um segundo. Não conseguiu evitar.
No entanto, não tinha como saber como ela estava no meio daquele caos todo. As luzes não duravam muito tempo e havia muita gente por ali.
Segue só em frente, disse a si mesmo.
Já fizeste isso antes, faz outra vez.
Seguindo em frente, abriu caminho por entre os equipamentos de ginásio. Não era boa ideia proteger-se atrás deles. De vez enquanto, ele via pelo canto do olho uma pobre alma a tentar isso, só para ser electrocutada, os corpos a contorcerem-se em ângulos anormais sob a luz estroboscópica ao serem lançados para trás e caírem.
Desejou que ela lhe tivesse dado ouvidos.
Baixando a cabeça e movimentando-se com rapidez, chegou então à porta de entrada do lado oposto. O cheiro a ar fresco foi inebriante, uma lufada que renovou as forças do seu corpo. Mas ele não era capaz de ver o que havia do outro lado, e ficou danado por não ter seguido o seu instinto de trazer uma lanterna consigo.
Okay, certo… ele nunca ia imaginar que as coisas pudessem ficar assim tão intensas.
- É por ali que temos de ir.
Ao ouvir aquela voz grave, ele olhou para trás, e ficou surpreendido ao ver uma fêmea ao pé dele. Não era a típica loira adorável, longe disso. Aquela parecia sugerir que o termo «sexo frágil» era um grande equívoco descritivo. Ela era quase tão alta como ele, musculada debaixo das suas roupas de treino e, pela forma como o olhava directo nos olhos, ele percebeu que ela era tão inteligente quanto forte.
- Craeg - presentou-se, oferecendo a mão.
- Novo.
Como esperado, o aperto de mão foi breve e forte.
- Agora temos isto - disse ela apontando para o vazio com a cabeça. - Porque diabo não trouxe uma lanterna?
- Estava a pensar na mesma coisa…
- Por qui! - Exclamou alguém. - É por aqui!
No meio da luz forte, Craeg viu um grupo de três machos a passarem pela entrada, a serem liderados por um grandalhão que trazia uma expressão de triunfo antecipado no rosto, que Craeg tinha a certeza que não duraria muito tempo.
Craeg abanou a cabeça e recuou um passo. Qualquer que fosse a maneira de entrar ali, não seria assim a passo de corrida. Pelo que sabia…
Um… Dois… Três… O trio passou por ele e pela fêmea que estava ao seu lado.
De repente, a porta fechou-se com um baque forte. De seguida… gritos do outro lado.
Craeg olhou em redor. Talvez houvesse outra saía aberta? Ou talvez devia pensar de forma mais ampla? Podia ser possível haver outra resposta…
Naquele instante, viu um par de cordas penduradas no tecto, uns nove metros mais à frente. Podia jurar que não estavam ali antes…. Mas como ter a certeza disso?
- Aquela é a próxima opção - comentou ele.
- Bora lá!
Os dois afastaram-se, correndo e contornando os equipamentos, indo na direcção das cordas antes que mais alguém o fizesse. Não havia forma de saber para onde elas os levariam, não dava para ver tão alto, mas o intermitente das luzes era cada vez mais intenso e não havia outra opção.
- Pedra, papel e tesoura para ver quem vai escolher primeiro - disse ela, mostrando o punho.
Ele fez o mesmo.
- Um, dois, três. - Craeg escolheu pedra; ela, papel. - Tu escolhes.
- Okay.
Craeg segurou a da esquerda e puxou com tanta força que as suas palmas arderam. Parecia ser forte o suficiente. Mas e se estivesse errado? A queda seria longa, e não havia colchões por baixo.
Ele e a fêmea avançaram, lado a lado, segurando, puxando, usando os pés para prender a ponta solta que deixavam para trás ao subirem. E ela era quase tão rápida como ele, não que perdesse muito tempo a seguir o seu progresso. Subir, subir, subir… Até que os altifalantes dos quais saíam os barulhos das explosões estavam mesmo por cima das suas cabeças e mais à frente, os holofotes de luz que geravam os flashes brilhantes cegavam com mais intensidade.
- E agora? - Gritou ele quando estavam a menos de dois metros do tecto.
- Os andaimes - ela gritou de volta, largando uma mão na corda e apontando.
Parecia estar ali um tipo de ponte, suspensa por cabos de metal. Olhando para baixo, rezou mais uma vez para que a plataforma fosse forte o suficiente para suportar peso.
- Eu vou primeiro.
- Pedra, papel, tesoura - gritou ela. - Um, dois, três.
Ele escolheu tesoura; ela, papel.
- Vou primeiro - ele anunciou.
Só que a tal ponte ainda estava um pouco longe, mesmo quando se chegaram ao pé dela. Segurando-se à corda, usou a parte inferior do corpo para criar balanço… que passou a balanço completo, estilo Tarzan. Era preciso cronometrar aquilo de forma correcta, ele teria que largar as mãos pelo menos, um metro e meio em pleno ar, sem rede de protecção por baixo. E quem sabia o que podiam encontrar quando aterrassem?
Mais metal electrificado?
Craeg deu outro impulso, ergueu os joelhos e afastou-se da ponte, de seguida, quando o movimento o levou para a frente de novo, ele arqueou as costas e estendeu as pernas para a frente.
E, no momento certo, soltou a corda, largando a segurança que ela oferecia.
Pelo menos, ele desejou que fosse o momento certo.
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Digam-me de vossa justiça! Já agora aviso que esta publicação foi agendada, e que verei as respostas assim que possível!
Fiquem bem,
Sunshine ;)