Beijo de Sangue Cap.13

  Olá pessoal!!!


Como dá para ver pelo título, temos mais um salto, desta vez saltamos 3. O que será que temos hoje para ler!

Vamos aos avisos habituais que a NightShade deixou!


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Aviso 

O blog informa que a tradução deste livro é feita por fãs para fãs, não vamos publicar o livro na íntegra, só alguns capítulos com o objectivo de oferecer aos leitores algum acesso ao enredo desta obra para motivar à compra do livro físico ou e-book.

A tradução é feita somente em livros sem previsão de lançamento em Portugal, para preservar os direitos de autor e contratuais, no momento em que uma data seja estabelecida por qualquer editora portuguesa na publicação deste livro, os capítulos traduzidos serão imediatamente retirados do blog.

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Capítulo 13

A Catedral de St. Patrick em Caldwell era uma velha e imponente senhora, erguendo-se do chão como testemunha tanto da misericórdia de Deus, como na habilidade do homem em cimentar blocos de tijolos. Ao estacionar o seu novo Lexus, Butch pensou que era muito engraçado que, de todos os seus traços de humanidade que sobreviveram após ter transitado para vampiro, a fé ter sido a mais enraizada.

Era um melhor católico agora do que fora quando era Homo sapiens.

Baixando a pala do boné dos Red Sox, ele passou pela porta da frente que, sozinha, era maior do que a casa inteira onde tinha crescido, no sul de Boston.

A catedral estava sempre aberta, era como um Starbucks da espiritualidade, pronto para servir o que fosse necessário quando as almas se sentiam perdidas ou hesitantes.

Monsenhor, preciso de um galão de perdão, muito obrigado. E um queque que magicamente me possa dizer que merda é que está de errado com a minha vida.

O segurança que estava sentado numa cadeira no vestíbulo levantou a cabeça da sua revista Sports Illustrated e acenou para ele. O tipo já estava habituado a vê-lo entrar antes do amanhecer.

- Noite… - cumprimentou o segurança.

- Tudo bem?

- Sim. Você?

- Também.

Sempre a mesma conversa, e a troca de palavras já fazia parte do ritual.

Atravessando o tapete vermelho e grosso, Butch inspirou profundamente e captou a tranquilidade do cheiro familiar de incenso, das velas de cera de abelha, do cheiro a limão das superfícies de madeira e das flores verdadeiras. Ao empurrar as pesadas portas de madeira entalhada para entrar no santuário majestoso, não gostou de ficar com o boné, mas tinha que esconder o rosto.

Se a sua mãe soubesse disso, dar-lhe-ia uma travadinha - era só a demência dela tirar uma folga tempo o suficiente para perceber o que ele estava a fazer.

O facto de ela estar meio perdida fez com que o abandono do mundo humano tivesse sido mais fácil. E, de vez enquanto, ele e Marissa iam visitá-la, materializando-se no quarto do lar de idosos em Massachussetts porque sabiam que as lembranças não iriam durar.

Butch parou e respirou fundo, o sangue a pulsar, a pele a arrepiar. Ao virar, franziu a testa quando viu uma figura solitária num dos bancos de trás.

- Marissa?

Mesmo que a sua voz não tivesse sido alta o suficiente para ser ouvida, a sua companheira levantou a cabeça pois a sua presença foi notada.

Apressando-se no chão de pedra, entrou de lado na fila onde ela estava, tentando não tropeçar nas pontas dos genuflexórios.

- O que estás a fazer aqui? - Perguntou ele, captando o cheiro de lágrimas.

Os olhos dela estavam molhados quando ele se aproximou, e ela tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu ir muito longe.

- Eu estou bem, a sério, eu…

Ele sentou-se ao lado dela - colapsar seria uma descrição mais correcta -, e segurou nas suas mãos frias. Ela ainda estava com o seu casaco Burberry, e o cabelo estava emaranhado nas pontas, como se ela tivesse caminhado ao vento.

Butch abanou a cabeça, o coração a acelerar.

- Marissa, precisas de falar comigo. Estás a assustar o teu maldito marido.

- Desculpa.

Ela não disse mais nada, mas encostou-se a ele, permitindo que o corpo dele suportasse o seu peso, e só isso já era uma explicação: qualquer que fosse o problema,  não era por culpa dele.

Butch fechou os olhos e amparou-a, afagando-lhe as costas.

- O que está a acontecer?

A história foi contada aos poucos: uma jovem fêmea… na relva do Sítio Seguro… brutalizada… a operação de Havers… a morte inevitável… sem identificação, sem informação, sem família.

Deus, ele odiou que a sua shellan preciosa tivesse sido exposta a toda aquela situação horrível. Ah, e mais: aquele irmão dela que se fodesse, a sério.

- Agora não sei o que posso fazer por ela. - Marissa exalou um suspiro trémulo. - Eu só… sinto que não fiz o suficiente para salvá-la enquanto ela estava viva e agora faleceu… e eu sei que era apenas uma desconhecida, mas isso não interessa.

Butch permaneceu calado porque queria dar todas as oportunidades à sua companheira para continuar a falar. E, enquanto esperava, pensou que conhecia muito bem aquele maldito sentimento de responsabilidade, mesmo que fosse injusto. Quando trabalhou como detective de homicídios na Polícia de Caldwell, sentia exactamente a mesma coisa por cada uma das suas vítimas nos casos que tinha investigado. Era incrível como completos estranhos podiam tornar-se tão próximos.

- É tão injusto para ela. Tudo isto… - Marissa tirou um lenço de papel da sua mala e assoou o nariz. - Eu não te contei porque sabia que andavas ocupado…

- Errado… - ele interrompeu-a. - Nada é mais importante do que tu.

- Mesmo assim…

Ele virou o rosto dela na sua direcção.

- Nada.

Quando ela voltou a chorar, ele limpou-lhe as lágrimas das faces.

- Como podes duvidar disso?

- Não sei. Não estou a pensar correctamente. - Ela pressionou o lenço no nariz. - Eu vim para aqui porque… tu estás sempre aqui.

Okay, aquilo aqueceu o coração dele.

- E ajudou?

Ela sorriu levemente.

- Bem, acabámos juntos, não foi?

Acomodando-a ao seu lado, ele passou um braço em redor dela e ficou a olhar para as filas das bancadas de madeira encerada até ao magnífico altar com a sua cruz dourada e a imagem de Jesus de seis metros no crucifixo. Graças às luzes externas, os vitrais brilhavam nas grandes janelas arqueadas que se estendiam até aos contrafortes góticos bem acima no tecto. E as capelas que honravam os santos, brilhavam com as velas votivas acesas pelos visitantes da noite, as imagens de mármore a representarem a Virgem Maria, João Baptista e os arcanjos Gabriel e Miguel, oferecendo as suas graças para quem precisasse.

Não queria que a sua companheira sofresse, mas estava aliviado por ela tê-lo procurado… Como macho ligado, o seu primeiro instinto era sempre proteger a sua shellan, e quando ela o evitou, mesmo só durante um dia, foi como uma espécie de amputação para ele.

- Etambémnãoteconteiporcausadatuairmã.

- O quê? - Murmurou ele a beijar o alto da cabeça dela.

- A tua irmã…

Butch ficou tenso, não conseguiu evitar. Mas, para ser sincero, qualquer menção àquela parte do seu passado era o que bastava para que ele se sentisse como se tivesse sido electrocutado com uma bateria de um carro.

- Na boa - disse ele.

Marissa endireitou-se.

- Não queria incomodar-te. Quero dizer, tu nunca falas… do que aconteceu com ela.

Ele olhou para as mãos da sua fêmea. Estavam a mexer nervosamente no colo, a transformar aquele lenço de papel numa bola.

- Não tens de te preocupar comigo. - Ele acariciou os fios finos e macios do cabelo dela, afastando-os do seu rosto. - É a última coisa que precisas de fazer.

- Posso perguntar uma coisa?

- O que quiseres.

Quando ela não disse nada no imediato, ele foi até à linha de visão dela.

- O que é?

- Porque é que nunca falas da tua vida antes de me conheceres? Quero dizer, eu sei algumas coisas… Mas tu nunca falas sobre isso.

- O que queres dizer com isso?

Ela olhou para ele e encolheu os ombros.

- Não sei o que estou a dizer. Estou a falar sem pensar.

A mala dela emitiu um ping!, e ela colocou-a no colo. Enquanto pegava no telemóvel, ele observou-a de muito longe, mesmo estando sentada ao lado dele.

- É uma mensagem do Havers - disse ela. - Os restos mortais estão prontos para eu ir buscá-los.

Butch colocou-se de pé.

- Eu vou contigo.

Marissa olhou para ele.

- Tens a certeza de que tens tempo?

Ele só abanou a cabeça a desconsiderar a pergunta.

- Anda. Eu levo-te de carro até ao outro lado do rio. Ainda temos uma hora inteira de escuridão.

***

Embora Craeg estivesse relativamente confortável num poltrona com assento e braços acolchoados, tudo nele doía com tal intensidade que ele podia muito bem estar sentado em cima de uns atiçadores de lareira. Parte disso era culpa dele. Depois de ter sido transportado numa maca, deixando aquele caminho de terra para trás, recusara os analgésicos que lhe foram oferecidos após o exame médico. No entanto, aproveitou a comida, a casa de banho e as bebidas.

E foi só. Quando os seis foram levados para aquela aconchegante sala de descanso/refeitório, estilo dormitório universitário, com TV e kitchenette, tudo aquilo fez com que ele preferisse ficar à margem disso. Depois de saber os seus nomes, ele mantivera-se na periferia do grupo, a ouvir as suas histórias sem dar nenhum detalhe da sua.

Não que ele tivesse muito para partilhar. Era o único que restava da sua família e não estava disposto a revelar memórias pessoais sobre os ataques.

No que ele prestou atenção foi nas ausências daquele gajo, Peyton. O filho da mãe levantava-se do sofá para dar umas espreitadelas ao quarto com beliches a cada dez segundos.

Porque é que ele não ficava logo por lá?

Daquela vez, Peyton enfiou a cabeça pela porta, houve uma troca de palavras, depois entrou lá dentro e fechou a porta de vez. Quando o macho voltou a sair, passado algum tempo, foi ter com o tipo que se chamava Anslam e sussurrou qualquer coisa. O que quer que tivesse sido, Anslam concordou com um encolher de ombros e um aceno de cabeça.

Depois disso, Paradise saiu de lá. E, no instante em que passou pela ombreira da porta, todos olharam para ela, e a conversa alheia parou por completo.

Craeg desviou o olhar dela, pois ficou ressentido como o caralho pelo facto da sua pressão sanguínea ter subido e os seus batimentos cardíacos terem acelerado só de ver aquela fêmea.

Foda-se, nenhuma daquelas pessoas era da sua conta. Principalmente ela.

- Senhora e senhores - disse Peyton. - Eis a nossa Primus.

- Não me chames isso - disse ela entredentes antes que qualquer tipo de aplauso acontecesse. - Nunca.

- Porquê? - Desafiou Novo. - Tu venceste-nos. Duraste mais tempo. Devias estar super orgulhosa.

Okay, ali estava uma fêmea por quem se poderia interessar - não que quisesse envolver-se sexualmente com alguém naquele momento. Mesmo assim, Novo era o seu tipo de «miúda»: uma que sabia desenrascar-se num caminho com obstáculos e, evidentemente, era do tipo que batia primeiro e fazias perguntas depois do maxilar que partiu ter sido arranjado.

Novo também ficava bem atraente com aquela camisa branca folgada da Hanes e com aquelas calças de hospital pelas quais trocara as suas roupas sujas.

Também não foi o único a reparar nisso. Anslam, Axe e até o maldito Peyton ficavam a mirá-la intensamente, não que ela percebesse ou se importasse com isso.

A recepcionista, por sua vez, sem dúvida devia estar habituada que todos olhassem para ela. Loiras como ela nunca deixavam de chamar a atenção.

O que também as transformavam em alvos.

E, sim… foi nisso que ele pensou quando estivera diante da secretária dela e sugerira que ela se inscrevesse no programa. Claro, uma fêmea como ela era protegida pelos machos da família, mas nem sempre isso dava certo, não é verdade?

A sua própria irmã estaria viva hoje se isso fosse verdade.

- … connosco?

Craeg olhou para Novo.

- O quê?

- Vamos procurar alguém que nos possa dar mais comida. Acabámos com o que havia no frigorífico e nas prateleiras. Queres vir?

- Não.

- Então, trago-te aqueles Oreos com duplo recheio. Tu comeste-os todos.

- Não precisas de fazer isso.

- Eu sei - disse ela antes de se virar.

Cruzando os braços sobre o peito, ele fez um esgar quando afundou o rabo ainda mais na poltrona ao esticar as pernas. Fechou os olhos. Era disso que precisava. E, quando ouviu a porta fechar-se, suspirou.

- Não tens fome?

As suas pálpebras abriram-se e ele virou a cabeça. Paradise ainda estava ao pé da porta do quarto com beliches, e ao contrário dele, parecia relaxada, parada ali com os braços a rodear o corpo e as lapelas do robe apertadas junto ao pescoço.

- Não - respondeu ele com alguma rispidez.

Merda, não havia motivo para ser assim tão bruto.

- Quero dizer… não. - Maravilha, agora parecia um idiota.

- Como estão os teus pés?

- Muito bons. - Houve uma pausa como se ela esperasse que lhe perguntasse o mesmo. - Escuta, porque é que não vais com os outros…

- Não me podes expulsar daqui, sabias?

Craeg saltou da poltrona e diminuiu a distância entre eles. Invadindo o espaço dela, ele certificou-se de lhe dar tempo o suficiente para medir exactamente o seu tamanho.

- O que disseste? - Depois, ele sugeriu em voz baixa. - Estás de saída?

Os olhos azuis dela arregalaram-se.

- Estás a ameaçar-me?

- Apenas estou a sugerir o que poderá ser melhor para os dois.

- Porque é que tu não sais?

- Cheguei primeiro.

- Porque perdeste… ceeeerto? Perdeste para uma miúda… ceeeerto? - Provocou ela a cantarolar.

Craeg contraiu o maxilar.

- Não me provoques, okay? A minha noite foi tão longa como a tua.

- Tu é que te armaste em touro furioso. E eu até saía, até porque não gosto tanto de ti como pensava. Mas a verdade é que os meus pés estão a matar-me de tal maneira que não consigo andar e sou orgulhosa demais para pedir uma cadeira de rodas.

Idiota.

Estúpido.

Chapado.

Sim, foi assim que se sentiu quando desviou o olhar até aos pés dela e viu-os descalços e vulneráveis na sua condição deplorável: marcas profundas e vermelhas sobressaíam nas partes laterais e no peito dos pés, e o pé direito estava tão inchado que parecia não pertencer àquele tornozelo fino.

Ele fechou os olhos por uns instantes. Afasta-te. Volta para o teu lugar, meu… e senta-te, deixa-a ir a coxear até ao sofá e esticar-se… ou voltar para o quarto… ou criar asas e sair a voar para longe da tua desculpa como pessoa.

Em vez disso, ele viu-se a baixar até ao chão. Os dois joelhos a estalarem tão alto como se fossem dois galhos na sala silenciosa, e as coxas e as barrigas das pernas gritaram com a mudança de posição.

- Parecem bastante maus - comentou ele com suavidade.

Não teve intenção de esticar a mão e tocar na pele. Não teve mesmo. Mas, no entanto, a mão avançou e roçou ao de leve no peito do pé esquerdo dela, na única região que não estava vermelha.

Por cima dele, ele ouviu-a a suspirar com força e, por algum motivo, não confiou em si mesmo para olhar para ela.

- Magoei-te?

Ela demorou um pouco a responder, quase sem voz:

- Não.

Ele passou as pontas dos dedos médio e indicador com tanta leveza sobre o pé dela que mal conseguiu sentir o calor da pele.

O corpo de Craeg estremeceu, e a sua voz não estava firme quando disse:

- Odeio ver estas marcas em ti.

Ela devia ter outras noutros sítios. Contusões, arranhões, esfoladelas. Ele queria tocar em todas.

E noutras partes do corpo dela também.

Isto é mau, pensou ele. Meu Deus, isto é muito mau…

O seu desejo sexual esteve dormente durante muito tempo e a última coisa de que precisava era que ele despertasse, ainda mais naquelas circunstâncias. Ainda mais com uma fêmea como Paradise.

Não era preciso pertencer-se à aristocracia para se ser uma senhora, até as civis trabalhadoras podiam ter padrões e guardarem-se candidamente para uma união adequada.

E não oferecerem-se a um filho órfão de um trabalhador de construção de casas especializado em assentar soalhos.

Ah, e era óbvio que ela era virgem.

A maneira como ela se continha dizia-lhe isso. O modo como Peyton, que era um claro sedutor, respeitava o espaço dela também lhe dizia isso.

Mas ele soube, principalmente, devido àquele ar suspenso, aquele «não» sussurrado.

Aquilo era muuuito mau.


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O que estão a achar da história até agora?

Comentem!

Fiquem bem, 
Sunshine ;)

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